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12.12.19

CONTOS DE NATAL - LUZES DE ESPERANÇA

                                                                                                  

                                                           


                                                            No pico do inverno finalmente aprendi
                                                           que havia em mim um invencível verão.

                                                                                              Albert Camus



 Foi-me diagnosticado um cancro em Outubro de 2004, o que implicava que os tratamentos iriam prolongar-se durante o mês de Dezembro.

Quimioterapia no Natal era algo de que eu não estava à espera. E assim rezava todos os dias para que o Natal não fosse arruinado nem pela minha doença nem pelos tratamentos.


Com duas crianças pequenas, e uma enorme necessidade de esperança, eu queria desesperadamente manter viva a magia natalícia. Mas o tratamento foi muito agressivo porque eu tinha apenas trinta e quatro anos de idade e o cancro estava numa fase inicial. A quimioterapia não me fez cair o cabelo, mas fiquei muito magra e a radioterapia retirou-me toda a energia. A perda de peso e a exaustão deixaram-me muito fraca e mal conseguia andar pela casa. Nos outros anos, nesta altura, já teria levado a árvore de Natal para casa mas agora mal conseguia carregar os ornamentos, e tive que encarregar a minha mãe e os meus filhos da decoração.

As luzes de Natal exteriores iam até aos meus vizinhos e o meu marido perguntou-me se queria sair e vê-las.” Não, a não ser que as consiga ver todas!” — respondi. Desejava tanto sair com a minha família para os tradicionais passeios natalícios noturnos, mas como iria conseguir se nem sequer era capaz de ir buscar o correio? Gostaria de dar umas voltas de carro na vizinhança, mas como poderia conduzir se isso me provocava enjoos? Só a simples ideia de me sentar em frente da casa, a observar os fios de luzes a piscarem ao longo da rua, me deixava deveras deprimida!

“Eu sei como poderás vê-las todas”, disse o meu marido Jeff, e correu para o telefone para falar aos pais. ”Mãe, Pai…ainda têm a cadeira de rodas do avô?”

Noite após noite, Jeff carregava-me na cadeira de rodas, cobria-me com grossos cobertores e levava-me para fora de casa pela porta da frente. A nossa filha de dois anos, embrulhada na sua pequena casaca cor-de-rosa, aconchegava-se debaixo dos cobertores comigo, e o seu calor acalmava os meus ossos que tremiam. O nosso filho, de quatro anos e muito maior do que a irmã, caminhava ao nosso lado e dava-me a mão, ou ajudava o pai a empurrar a cadeira. E assim, embrulhada no amor do meu marido e dos dois filhos, eu passeava pelas redondezas…

As luzes de Natal eram as mais bonitas de sempre! Coloridas, brancas, cintilantes e brilhantes, tremeluziam de promessas e alegria…. esperança e cura. O meu espírito elevava-se bem mais alto do que eu imaginava ser alguma vez possível! Por causa das luzes e por causa do amor que me permitia vê-las a todas.

A quimio curou o meu cancro, e não acabou com o meu Natal.

Kat Heckenbach

19 comentários:

Clara disse...


É tão bom acreditar...
E quando há mensagens de testemunhos como este, fica mais fácil acreditar que é possível ! O importante é que não deixe de haver Natal dentro do coração de cada um de nós.

Um beijinho Elvira... e bem haja!
🎄

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de quinzena antalina querida amgia Elvira!
Testemunhos de câncer estão em todos lugares e dá uma força pessoal ver que tem pessoas que lutam para viverem até nas últimas consequências e saem vitoriosas.
Gostei muito pois nada pode acabar com nosso Natal, o do Memnino Deus em nós.
Muito bom!
Tenha dias felizes e abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Pedro Coimbra disse...

O meu melhor amigo, padrinho da minha filha Mariana, passou por essa experiência horrível este ano.
Com grande força de vontade, coragem, a ajuda de família e amigos, está a vencer mais essa batalha.
E as luzes do Natal vão brilhar intensamente para ele.
Abraço

Tintinaine disse...

Hoje foi um conto bem triste, eu não o teria escolhido!

Fatyly disse...

Um testemunho exemplar mas ao ler foi um murro no estômago.

Beijos e um bom dia

Os olhares da Gracinha! disse...

Muito bom quando se consegue superar... Bj

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Uma historia com um final feliz.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

João Santana Pinto disse...

A vida tem facetas muito duras... Um texto que reflete amor, que reflete uma luta desesperada e um pouco em silencio, no silêncio da dor, do desespero e da esperança por voltar a ter forças, por voltar a estar bem...

Abraço

Isa Sá disse...

Que a esperança nunca nos falte....

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

esteban lob disse...

Es, Elvira, cuando los sueños son más poderosos que todo.

Abrazo.

Fá menor disse...

O Amor faz tão bem à vida!

Belíssimos contos de Natal, amiga Elvira!
Gosto muito de passar por cá de vez em quando e ir lendo!

Votos de um Natal repleto de Amor!
Beijinhos.

Larissa Santos disse...

Um conto triste, no entanto com um final feliz :)) Obrigada

Hoje : Tempo incerto numa acalmia que dói

Bjos
Votos de uma óptima Quinta - Feira

Meu Velho Baú disse...

Com a sua dose de tristeza ...mas muito real . um conto encantador que a magia do Amor presenteou.
Beijinhos

Majo Dutra disse...

Muito belo e comovente.
Gostei de ler...
Abraço
~~~

Edum@nes disse...

Passei por aqui e gostei de ler esse comovente conto bem contado. O cancro foi curado e o Natal festejado, com saúde, amor e carinho!

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.





Cidália Ferreira disse...

Uau.. Emocionante conto! Amei!
-
--> Não desapareces do meu sentimento
Beijo e uma boa noite!

Kique disse...

Um final feliz nesta historia
Bjs
Kique

Hoje em Caminhos Percorridos - Vou ter Gêmeos

Rosemildo Sales Furtado disse...

O Jeff mostrou que há sempre um jeito de encontrar a felicidade. O amor é lindo!

Abraços,

Furtado

Gaja Maria disse...

Que história comovente, tomara que todas acabassem assim.
ABraço Elvira