Perdera o apetite, e em consequência, alguns quilos. Sentia-se cansado, nervoso, e uma estranha opressão instalara-se-lhe no peito. A princípio nem ligara, porém os sintomas foram-se tornando mais insistentes, e a mãe começou a insistir com ele para que fosse ao médico. Um antepassado seu tinha morrido nos anos quarenta de tuberculose, e a mãe estava muito preocupada. Por isso Pedro decidiu que ia ao médico, mais para descansar a sua velha mãe do que por vontade própria.
Naquele tempo não existiam os modernos meios de diagnóstico, nem especialistas de tudo e mais alguma coisa como hoje. Pelo menos na sua terra. Mas havia um médico que possuía um aparelho de radioscopia, no qual diziam que as pessoas se encostavam e o médico via logo o coração e pulmões. De modo que resolveu marcar consulta para esse dia, e por isso saiu mais cedo do escritório.
Chegou ao consultório faltavam quinze minutos para as cinco. A consulta estava marcada para as cinco.
Sentou-se na sala de espera e olhou em volta. Era uma sala simples, toda pintada de branco, com cadeiras a toda a volta, de madeira clara. Pinho, talvez. Numa das paredes o juramento de Hipócrates, numa imitação de papiro emoldurada. Na outra um quadro com uma floresta em tons dourados e vários pássaros esquisitos espreitando entre as folhagens.
Sentadas, sete pessoas aguardavam a sua vez. Uma mulher de meia-idade, de luto pesado, ostentava no dedo anelar duas alianças. Uma viúva – pensou Pedro. Depois três homens. Um deles com um grande bigode de longas guias retorcidas. Vestia bem e devia ter um grande orgulho no seu bigode. Ridículo,- pensou antes de afastar o olhar para o seguinte.
Este era um homem baixinho, de olhos pequenos e vivos. Vestia mal e tinha mãos grosseiras. Trabalhador de uma qualquer das quintas que existiam na zona, - deduziu. O outro era segurança da C.U.F., dizia-o a farda que vestia. Teria saído do trabalho, direto para o consultório. A seguir uma mulher ainda jovem grávida.
Ostentava uma enorme barriga, que a julgar pelo tamanho estaria muito perto dos nove meses.
De cabeça encostada à parede, tinha os olhos fechados e uma cor macilenta. As pernas esticadas estavam anormalmente inchadas. Coitada, deve ser um sacrifício caminhar, - pensou.
A seu lado uma mulher mais velha, vestida de preto, passava-lhe de vez em quando um lenço pelo rosto. Apesar de não encontrar entre as duas grande semelhança, Pedro pensou que devia ser a mãe da jovem ou talvez, quem sabe, a sogra.
E finalmente a seu lado um jovem, talvez um pouco mais novo que ele. Era alto, magro, de grandes olhos escuros, rodeados por profundas olheiras violáceas. As suas mãos de dedos longos, não paravam quietas.
17 comentários:
Sei que o li, mas não me lembro do título. Também não arrisco em dizer um à toa!
Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.
Não li este conto, de certeza! Se li, não me lembro de nada!.:)
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Beijos e uma boa noite.
Tenho dúvidas se li...bjs, tudo de bom,chica
um TEXTO elegante, arejado e pleno de ritmo.
escreve muito bem! gostei de verdade...
muito obrigado pela sua visita ao relógio de pêndulo
abraço
Li e lembro-me da história, que não posso contar para não me adiantar a quem aidna não leu. Mais uma história muito bonita :)
Abraço Elvira
Desculpa,
não guardo memória
do que não leio
Agora que li
guardaria memória
se tivesse lido
Já li este texto, com certeza. Mas isso é tudo de que consigo lembrar-me.
Boa noite Elvira,
Ainda não li este texto, sou das novatas, mas seguirei com o maior prazer.
Um beijinho,
Ailime
Esse Pedro perdeu quilos, outros Pedro perdem memória :))
Bfds
Bom dia
Também não sou dos mais velhos , e não me recordo de ter lido este capitulo .
Venha daí o conto .
JAFR
Não será o "Amanhecer Tardio"? Antes de começar a comentar li o blogue quase todo...e fiquei na dúvida.
Beijocas e um bom dia
Ainda não conheço este conto. Para mim, será uma primeira leitura.
Outro abraço
Não conheço este conto ainda mas espero vir a conhecer.
Bom fim de semana minha querida Elvira!
Infelizmente não me lembra, aproveito para desejar um bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Já li e reli esta página e, com muita pena minha, lá vou reprovar neste teste...É que não consigo lembrar-me do conto nem do nome.
Talvez mais à frente, quem sabe se se me faz luz neste cérebro a ficar cansado? Para agora, nada, rien...
Beijinhos, Elvira.
Não me lembro, mas algo me diz que é um dos seus melhores!
Abr/tudo de bom.
Aguardo com expectativa que digas o título:)))
Abraços
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