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13.12.17

UMA PRENDA PARA O MENINO JESUS


Lea já está cansada de ser sempre a mais pequena. O seu irmão, Natan, que já é grande, esse tem direito a fazer muitas coisas na hospedaria de Belém. Mas sempre que ela quer ser útil, respondem-lhe:
— Deixa lá, Lea, ainda és muito pequenina para fazeres isso!
Empoleirada nos seus quatro anos, Lea observa os peregrinos. São muitos, nestes últimos tempos, em Belém. O imperador decidiu mandar recensear toda a população e as pessoas vêm inscrever-se em longas listas. Na hospedaria, a mãe cozinha sem cessar enquanto o pai serve os clientes. Todas as manhãs, Natan vai ao mercado comprar legumes, regatear e discutir os preços mas, como sempre, ninguém presta atenção a Lea, a mais pequena.
Numa bela manhã, Lea não aguenta mais. Pega na sua manta preferida, a grande e vermelha, que a agasalha e a reconforta de tudo, e vai procurar a mãe.
— Eu também gostava de ajudar! Natan pode fazer tudo, mas eu… eu não sirvo para nada! Dizem sempre que sou muito pequena!
— Ó minha querida, tu és muito importante para todos nós! – diz  a mãe surpreendida, pegando nela ao colo. — O que é que faríamos sem ti? Ainda és muito pequenina para cozinhar ou ir buscar água, mas se queres mesmo ajudar-nos, passo a chamar por ti quando vir que podes fazer alguma coisa.
— Está bem! – diz Lea, radiante. — Entretanto vou brincar.
Lá fora, Lea brinca durante muito tempo com o cordeirinho e com a sua boneca Ana e depois vai brincar com o irmão. Até que chegou um grupo de visitantes. Nessa altura, Natan teve de ir para casa ajudar os pais. Nessa noite, há muita gente na hospedaria. As pessoas entram e saem sem parar, numa barulheira infernal. O ruído é tanto, que Lea mal ouve a mãe chamá-la do fundo do pátio:
— Lea! Lea! Podes vir ajudar-me, por favor?
A menina atravessa a cozinha a correr e aparece de imediato à entrada. Ali, junto da mãe, encontra um homem e uma senhora ainda jovem, sentada em cima de um burro.
— O que posso fazer? – pergunta Lea, esbaforida.
— Podes acompanhar estes senhores ao estábulo? – pergunta-lhe a mãe. — A hospedaria está cheia, não tenho nem mais uma cama livre para esta noite! Mas toma cautela para o burro não escorregar nas pedras.
Lea desce com cuidado a encosta. Feliz por ir à frente, guia-os devagar, muito devagarinho, até ao fundo da vereda. Lea nunca imaginou que o estábulo pudesse agradar à jovem mulher! Sem se lamentar, ela ajoelha-se e agradece a Deus a calma e a palha fresquinha que ali acabam de encontrar.
Enternecida, Lea observa-a a acariciar por muito tempo o seu cordeirinho.
De repente, o irmão surge à porta.
— Despacha-te, Lea, são horas de ires dormir!
— Boa noite… – murmura-lhe uma voz suave. Lea repara como a jovem mulher parece cansada. Para ela termina ali um longo dia.
De regresso à hospedaria, Lea vai deitar-se. Aconchegada no calor da cama, reza as suas orações embrulhada na manta. Os pais vêm depois dar-lhe um beijo e logo de seguida Lea voa para o país dos sonhos. Estava a dormir profundamente quando, de repente… em plena noite, quando tudo está calmo e silencioso, algo a faz despertar.
— É estranho – diz Lea para consigo. — Há uma luz a brilhar no estábulo. Porque será? Precisarão os peregrinos de alguma coisa? Tenho de ir ver…
De imediato, embrulha-se na manta ainda quente e desce a vereda.
Devagarinho, Lea abre a porta do estábulo, e nunca há-de esquecer o que vê ali. Deitada na palha, a jovem mulher tem nos braços um recém-nascido, e o seu rosto brilha de alegria.
Lea não hesita um segundo…
Tira a manta das costas, dobra-a com cuidado, uma vez, duas vezes, depois pousa-a na manjedoura.
— Tome… é para o bebé – diz ela.
A jovem mãe vem deitar o seu menino em cima da linda manta vermelha. O coração de Lea bate com força. Está tão feliz!
No limiar da porta, os pastores esperam. Contam que lhes apareceram anjos, a anunciar que um novo rei ia nascer aquela noite, num estábulo. Uma estrela conduziu-os até ali. Lea escuta, maravilhada. De repente, também os pais e o irmão se aproximam.
Quando a mãe vê a manta vermelha, aperta Lea contra si. Sente orgulho na sua menina. E compreende então que se podem fazer coisas verdadeiramente importantes, mesmo aos quatro anos de idade.
Tina Jähnert ; Alesssandra Roberti (ill.)
La venue du petit Jésus
Zurich, Éditions Nord.Sud, 2004
(Tradução e adaptação)

14 comentários:

Larissa Santos disse...

Boa tarde Elvira. Que ternura de texto. Adorei ;)

Hoje:-Carta de amor...

Bjos
Dia Feliz

Os olhares da Gracinha! disse...

Gostei de conhecer!!!
bj

Edum@nes disse...

Mais uma bonita história contada sobre o nascimento de Jesus. Muitas outras mais haverão ainda por contar?
Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Tintinaine disse...

Há gente com jeito para escrever estas coisas! Muito bonito!

Joaquim Rosario disse...

boas
bem já li muitas historias de Natal e com certeza vou ler muitas mais ainda , mas esta acho que nunca mais a vou esquecer.
um bem haja a quem a inventou !!!
JAFR

Graça Sampaio disse...

Linda versão, Elvira!

Beijinhos

Majo Dutra disse...

Um texto muito bom, interessante e criativo.
Boas férias e ótimo Natal, Amiga.
Grande abraço.
~~~~~~~~~~

Zé Povinho disse...

Feliz Natal com muita saúde, onde quer que esteja. Continuarei a ler aquilo que por aqui nos vai oferecendo com todo o seu talento.
Abraço do Zé

Lua Singular disse...

Oi Elvira,
Linda história do menino Deus.
Sempre há a participação de crianças que são anjinhos de Deus
Amei.
Beijos
Lua Singular

Janita disse...

Uma ternura este texto. Bem-aventurados os de coração puro, que são felizes por partilhar o que têm, fazendo felizes os demais.

Feliz Natal, Elvira.

Um abraço.

Pedro Coimbra disse...

Um texto que é enternecedor, belo, simples mas lindo.
Abraço

Gaja Maria disse...

Mais uma linda história. Boa noite Elvira

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Elvira!
Cada dia uma história interessante e cheia de beleza que a Data Especial nos pede.
Seja muito feliz e abençoada!
Bjm de paz e bem

Ailime disse...

Uma história linda e comovente.
Beijinhos,
Ailime