De novo apaixonada
Por esta altura, Elisa não andava bem. Toda a sua vida, fora uma mulher forte e saudável, e o seu único receio, era de que a loucura de sua mãe, fosse hereditária. Embora nunca contasse a ninguém, esse era um medo que carregava no peito e que vinha sorrateiro atormentá-la nas noites de insónia, como se fora um fantasma.
Mas ultimamente não se sentia bem Começou por uma vaga sensação de desequilíbrio, formigueiro e perda de sensibilidade nas mãos e pés. "coluna" pensou, e tratou de esquecer. Mas aquela vaga sensação de mal-estar, não a deixava esquecer. Começou a emagrecer, mas pensou que até era bom para ela. "Menos peso menos problemas de coluna". Notou que tinha mais fome e sobretudo muita sede. Mas apesar de comer cada vez mais, continuava a emagrecer.
Naquele dia, estava no ateliê trabalhando num vestido de noiva, com uma das empregadas e sentia-se estranhamente cansada e a vista enevoada, fazia com que tivesse dificuldade em ver, os delicados pontos do vestido. De repente sentiu um calor que lhe percorria o corpo, uma sensação de opressão no peito e só teve tempo de dizer à empregada, que não se sentia bem antes de ficar inconsciente.
Chamada uma ambulância, foi levada para o hospital onde ficou internada.
Esteve internada mais de quinze dias. Os médicos descobriram uma diabetes não controlada, com complicações renais, e também uma história de hipertensão arterial.
Maria teve conhecimento de que a mãe estava no hospital, e esquecendo as mágoas, correu a visitá-la.
Quando Elisa teve alta, nem parecia a mesma mulher. Estava muito magra e encontrava-se muito fraca. Porém estava feliz, por a filha a ir visitar, quase todos os dias.
Passou algum tempo, Elisa melhorou substancialmente, aprendeu a viver com a doença, e voltou à sua vida normal, de excelente modista, embora tivesse agora mais dificuldade, em executar certos trabalhos mais minuciosos, por causa dos olhos, mas esses deixava para as suas empregadas fazerem.
Simultaneamente com as melhoras, voltou também a prepotência em relação à filha. Queria que viesse viver consigo. Maria resistiu. Ela não queria a mãe a tomar conta da sua vida, a fazê-la viver a vida com que ela sonhara e que nunca tivera.
Foi nessa altura, que Maria conheceu o homem que viria a ser, o grande amor da sua vida. Artur era um jovem simpático, que foi trabalhar para a empresa, onde ela já trabalhava. Recém-chegado de Moçambique, onde nascera, tinha uma simpatia que cativava.
E se ela se apaixonou pelo rapaz, este também não ficou indiferente à jovem e em breve eram namorados.
Quando a jovem, apresentou à mãe o namorado, esta não foi simpática. E logo que ficou sozinha com a filha, disse-lhe que ela continuava sem juízo, que o rapaz era um "retornado" que não tinha raízes, e um sem número de outras coisas, que a filha já nem memorizou, tal a ira que a mãe lhe provocou.
Cedo porém, Elisa deu-se conta, que não ia conseguir separar a filha do namorado. Então resolveu mudar o jogo. Mostrando uma simpatia que não sentia, convidou a futura comadre para um lanche, com o pretexto de que era para se conhecerem melhor.
Durante o lanche, foi dizendo que a filha "nunca poderia ser mãe, que o homem que se casasse com ela, teria que prescindir do sonho de vir a ser pai, mas que tirando isso, era uma excelente menina."
Elisa sabia que todas as mulheres sonham, com o dia em que serão avós. A mãe de Artur, se encarregaria de convencer o filho, a não continuar aquela relação.
Enganou-se.
Maria e Artur casaram em Julho de mil novecentos e oitenta, num lindo dia de Verão.
continua
continua
15 comentários:
A trama, embora aparentemente ficcional, parece acarretar algo de experiência própria. Se assim for, ainda bem que se soltam os diabos, guardar amarguras nunca é boa solução. Se não for, um olé à Elvira, que tão bem sabe exprimir sentimentos e emoções.
Um abraço :)
Cada vez gosto mais da Maria!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Um retornado sem juízo,
surgia na mente de Eliza
mais ainda sem abrigo
dizia ela, mas não sabia!
Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Puuuuuuxa! Essa mãe sempre a incomodar e querer atrapalhar! Vamos seguindo! bjs, chica
Isto faz jus ao ditado que diz:
- O fruto proibido é o mais apetecido.
A mãe da Maria esqueceu-se disso.
Fogo essa mãe, sempre no caminho da rapariga para lhe atormentar a vida.
Abraço e bom Domingo.
rs, quando eu estava lendo lá em cima, na hora veio à minha cabeça a diabete!
Mas Elvira, você está narrando coisas muito reais, nada de ficção! Amiga, existe gente assim, a doença da mãe que ainda não descobri, preciso de mais uns capítulos. Está beirando a esquizofrenia, rss. Estou vendo as maldadezinhas dela, tudo bem arquitetado!
Mas vamos adiante!
beijo.
A passar para acompanhar a história.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Bom dia, Elvira
Uma mãe a querer controlar a vida da filha.
Isso não vai dar bom resultado, além
de criar conflitos entre mãe e filha.
Boa continuação.
Bj
Olinda
Tenho pena de não poder acompanhar passo a passo as suas postagens... :(
Mas é-me impossível vir todos os dias...
Vou-me consolando com o que posso :))) e de vez em quando leio mais do que um capítulo.
RE - É claro que não me aborreço absolutamente nada que a amiga publique o poema. Pelo contrário, acho que merece que se lhe dê a maior visibilidade possível.
Boas Festas!
Votos de um Domingo feliz
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Veremos o que vem na vida da Maria daqui pra frente...
Bom Domingo... Beijos
Bom dia. Vamos a ver a sorte que lhe dita para o final. Continuarei...
Bjos
Bom Domingo
bom dia
estou com dificuldade de imaginar o fim desta historia !
JAFR
isto de mãe se meter em amores dos filhos !!!... bj
Um belo dia essa D. Elisa vai mudar.
Abraços,
Furtado
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