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5.10.17

A RODA DO DESTINO - PARTE XV



Pouco passava das onze horas, quando Salvador entrou na loja do irmão.  Celeste, a empregada mais antiga, e que o conhecia bem, largou a arrumação da prateleira, e dirigiu-lhe um sorriso cheio de simpatia
- Bom dia Celeste. O meu irmão está?
- Bom dia. No escritório.
- Obrigado. Conheço o caminho, - disse dirigindo-se para as traseiras onde o irmão tinha o escritório.
Bateu na porta com os nós dos dedos e entrou. O irmão levantou os olhos do computador, e ao vê-lo levantou-se.
- Ora viva, quem se digna visitar os pobres. É o teu dia de caridade hoje? - Perguntou com um sorriso alegre ao mesmo tempo que recebia o abraço de Salvador, a quem não via há quase um mês. Senta-te. E conta-me o que te traz por cá.
-Tens algum tempo livre? Preciso falar contigo, sobre um assunto sério que me tem trazido ocupado desde o início do mês.
- Assustas-me. É alguma coisa com o pai? Está doente?
- Não. Não tem nada a ver com o pai, mas com uma amiga minha.
- E o que tem essa tua amiga? Estás apaixonado por ela?
- Não. Ou pelo menos julgo que não. É outra coisa. Vou mostrar-te uma foto dela.
Estendeu-lhe o telemóvel, e esperou a reação do irmão.
A curiosidade com que Raul, olhou para a foto, logo foi substituída pela surpresa para acabar se tornando em fúria. Largou o telemóvel e cerrou os punhos enquanto semicerrava os olhos e o seu rosto empalidecia. Salvador que o observava, não pode deixar de pensar: “ O meu irmão é demasiado expressivo. Na minha profissão seria um desastre”. 
- Que raio de brincadeira é esta, Salvador? Quando é que estiveste com a minha mulher?
- Não é a tua mulher, - a sua voz calma contrastava com a ira de Raul. Por favor acalma-te. Essa é a minha amiga, e a fotografia foi tirada ontem à noite quando fomos jantar. Trata-se de Anete Sampaio, nascida em Leiria, a 16 de Maio, há vinte e oito anos atrás. Confesso que quando a encontrei e falei com ela a primeira vez, pensei que se tratava de Ana Clara, e fiquei furioso, quando ela me perguntou se era uma tática de engate, e me disse que não me conhecia de lado nenhum. Pensei que estava a brincar comigo, e tive que ver os seus documentos para acreditar que não era a tua mulher. 
Raúl deixou-se cair na cadeira, pegou no telemóvel e voltou a observar a foto, incrédulo.
Salvador continuou:
-Esse é o assunto que me trouxe aqui. Estou convencido, de que a minha amiga e a tua mulher, são gémeas. Além da semelhança física, vi um dos irmãos da Anete e não são nada parecidos. Quando lhe chamei a atenção para o facto, disse que ela é a única morena na família. Queria que me ajudasses a desvendar este mistério. Sabemos que a tua mulher foi adotada. Anete não, ou se o foi desconhece o facto. Ela sabe que tenho uma cunhada muito parecida com ela, devido à forma que nos conhecemos. Mas a tua mulher, não sabe que existe uma cópia dela na cidade.
- E o que é que eu posso fazer? Contar-lhe?
- Não. Na verdade o que eu pretendia, era que sondasses os teus sogros. Vocês dão-se bem. Podias saber se no orfanato lhes falaram de que Ana Clara tivesse tido uma irmã gémea. Só devemos dizer alguma coisa às duas, quando tivermos uma certeza absoluta. O ideal seria um exame de ADN, mas se tu podias com facilidade conseguir, alguns fios de cabelo na escova da Ana Clara, eu não poderia fazer o mesmo com Anete.
-Vou falar com eles o mais breve possível. Depois telefono-te.
Salvador despediu-se e abandonou o escritório, deixando o irmão ainda incrédulo.

17 comentários:

chica disse...

Puxa, imagino o susto do irmã ...A coisa está se aproximando de ser descoberto o mistério das gêmeas... Lindo! bjs,chica

noname disse...

Isto tá bom dimaisssss eheheheh

Cantinho da Gaiata disse...

Estou adorando, coitado do irmão apanhou um susto....😁
Bjs

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Joaquim Rosario disse...

bom dia
A dona Elvira tem uma capacidade extraordinária de contar as historias , para entusiasmar os leitores fora de serie.
até amanhã e um bom feriado que eu vou comer uma sopa de nabos a Gondomar, terra onde é muito tradicional nesta época do ano.
JAFR

Tintinaine disse...

Gostei do episódio e também do comentário do Roaquim. Era capaz de também gostar da sopa de nabos de Gondomar!

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar e aproveito para desejar um bom Feriado.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Edum@nes disse...

Mais um capitulo e, o mistério continua por desvendar. A fotografia de Anete, gerou alguma confusão, até o Salvador explicar ao seu irmão, de que não era de sua mulher, mas sim duma sua amiga. Agora só falta saber se elas são irmãs gémeas. Quanto ao amor, esse já se começa a notar entre ambos!

Tenha um bom dia amiga Elvira, um abraço, e bom feriado.

Teresa Brum disse...

Hum!
Quanto mistério, gosto muito disso.
A curiosidade só aumenta.
Tenha um bom dia Elvira querida!

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Uauuuuu que história maravilhosa, sempre com gostinho de quero mais!!!
Abraços!

aluap disse...

Curiosa por saber a razão porque foram separadas e se a Anete também foi adoptada. Se não o foi...Mistério...!
Bom feriado Elvira.

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Estive a ler os últimos episódios, incluindo este, e acho a história emocionante.
Vou continuar a seguir com entusiasmo.
Beijinhos e óptimo feriado.
Ailime

BIBLIOTECA MADRE ÓDILA MAROJA disse...

Um magnífico conto que ficamos imaginando o final. Imagina o susto! Parabéns amiga. Tenha uma tarde feliz. Abraços

Berço do Mundo disse...

Isto está a ficar cada vez mais interessante

redonda disse...

Acho que o irmão devia contar já à mulher

Rosemildo Sales Furtado disse...

Bastante interessante o rumo que a história/estória está tomando. Continuo acompanhando e aguardando os acontecimentos.

Abraços,

Furtado

Smareis disse...

Daqui a pouco o mistério vai ser desvendado. Gostando bastante.
Bjs!