-O que queres dizer com isso? Estiveste casada mais de três anos. Esqueces que me apresentaste o teu ex-marido? Não me digas que ele é homossexual.
-Nada disso. Afonso e eu crescemos como irmãos. Os nossos pais
pensavam que se éramos felizes juntos, o ideal era casarmos. E a nós não nos
pareceu mal. Na noite de núpcias, não conseguimos tocar-nos. Era como
se fossemos irmãos. Não deu. Nessa mesma noite, combinámos o divórcio. Que só
aconteceu três anos depois, por causa da morte do pai dele e da doença da mãe.
Quer dizer que tu nunca…
- Nunca.
- Meu Deus! Salvador sabe?
- Não. Tirando eu e o Afonso, só o contei à minha mãe já depois do
divórcio, e agora a ti. Não é nada fácil falar nisto. Sinto-me tão parva!
- Eu diria antes frustrada, Anete. Mas ainda estás a tempo de
seres, feliz. E tenho a certeza que o serás com o meu cunhado. Sinceramente,
penso que lhe deves contar, o que me disseste. Deves compreender que fará
muita diferença, e será muito mais fácil, ele entender essa tua timidez.
- Não sei, - calou-se com a entrada dos dois irmãos na sala.
- Podemos ir, Anete?
-Sim, - disse levantando-se
- Pode saber-se para onde vão? -Perguntou Ana Clara.
- Vamos lanchar a Sintra, - respondeu Salvador. - Anete não conhece
a zona.
-Porque não voltam cá logo? Podiam jantar connosco, - insistiu.
- Obrigado, mas tenho outros planos, - respondeu Salvador.
Vestiram os agasalhos e despediram-se.
Na rua o sol brilhava, mas não aquecia. Entraram no carro e seguiram em direção a Sintra.
-Ana Clara conseguiu acalmar os teus receios? – Perguntou ele.
- Não. Mas foi uma boa conversa. E dissipou-me algumas dúvidas.
-Ainda bem. Vamos parar aqui, e passear a pé pela zona histórica. Aperta o casaco, o tempo por aqui
nesta época do ano costuma ser bastante frio, No próximo verão, viremos para
uma visita aos monumentos, poderemos ir até à Praia das Maçãs, ao cabo da Roca, que como sabes é o lugar mais ocidental de Portugal, o sítio onde acabava o mundo como se acreditou até ao século XIV. Ir até às Azenhas do mar, à Praia da Ursa. Esta zona é muito bonita, mas são necessários alguns dias para vermos toda esta riqueza paisagística. E de verão, com dias grandes. Hoje, vamos mesmo, só dar um pequeno passeio,pelo centro da vila e lanchar.
-Tens razão, tudo isto é lindo.
- É. Há por aqui muita história.Vários escritores aqui buscaram inspiração para as suas obras. Eça de Queirós e Ramalho Ortigão escreveram em conjunto "O mistério da estrada de Sintra" A vila exerceu um grande fascínio sobre os artistas durante a época do romantismo. Escritores e poetas, não só nacionais mas também estrangeiros, pintores e músicos viveram aqui, por períodos mais ou menos longos. Glauber Rocha um cineasta brasileiro também aqui viveu e morreu.
- Não fazia ideia. Conhecia os monumentos, de nome, falámos neles quando estudávamos, sabia da paixão de Ferreira de Castro, por Sintra, até nos foi dito que havia aqui um museu, com as obras que ele doou ao concelho, mas não imaginava que pudesse influenciar tantos artistas.
Vamos entrar? – Perguntou Salvador ao chegar à porta da Piriquita. Tens problemas com doces?
- Não fazia ideia. Conhecia os monumentos, de nome, falámos neles quando estudávamos, sabia da paixão de Ferreira de Castro, por Sintra, até nos foi dito que havia aqui um museu, com as obras que ele doou ao concelho, mas não imaginava que pudesse influenciar tantos artistas.
Vamos entrar? – Perguntou Salvador ao chegar à porta da Piriquita. Tens problemas com doces?
- Não. Porquê?
-Porque vir a Sintra e não comer os travesseiros, é o mesmo que ir
a Belém e não experimentar os pastéis, ou como diziam os nossos avós, ir a Roma
e não ver o Papa. É um bolo, feito de massa folhada e recheado de creme de amêndoa.
Pediram dois travesseiros e dois cafés.
- Hum…é muito bom – disse a jovem saboreando o doce.
- Queres que peça, outro?
- Não. Nunca como muito a esta hora, senão depois não janto.
- Então, se não te apetece mais nada, é melhor irmos andando. Vamos descer até Cascais. Com
sorte assistimos juntos ao pôr-do-sol.
Gente voltei a ficar sem Internet, desde as 17 horas de Sábado até às 8 de hoje.
Gente voltei a ficar sem Internet, desde as 17 horas de Sábado até às 8 de hoje.
15 comentários:
Está andando bem...Gostei do passeio ,lugares e babei por esse travesseiro...Hmmm... bjs praianos,chica
Bom dia
mais um pouco da historia e uma boa lição de Portugal , até a nível gastronómico .
JAFR
Quanto à internet, o meu filho é vendedor desses serviços, se não fosse tão longe mandava-o aí e tenho a certeza que lhe resolvia o problema.
Quanto a Sintra, conheço mal. Fui lá meia dúzia de vezes, mas quase sempre a vê-la deslizar da janela do meu carro. Dormi lá uma vez e rapei frio como se estivesse na Sibéria. Fui a Colares à procura de vinho bom e levei um barrete.
Os travesseiros nunca provei, pois sou mais de broa e presunto.
Gostava de saber que planos tem o Salvador para esta noite!
A minha amiga tem uma Internete que só lhe sabe pegar partidas.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Caramba! Essa sua internet tá qui tá :-)
Já o romance, esse, segue construindo-se ao sabor do tempo.
Beijo
... E salvo qualquer surpresa de última hora, parece que será só esperar que tudo se esclareça entre a Anete e o Salvador e que juntem os "trapinhos" :))
Abraço, Elvira.
Boa tarde Elvira,
Atrasei-me na leitura, mas estive agora a pô-la em dia!
Estou a gostar imenso, mas o que aprecio mais é sua enorme criatividade!
Gostei de escolha para o passeio, mesmo aqui ao lado e o café na Periquita e os travesseiros que tanto aprecio também;))!!
Beijinhos e óptima semana.
Ailime
Elvira
todos os dias venho aqui para acompanhar o conto.
gosto de ler os detalhes e gosto da trama.
beijinhos
:)
A Elvira é muito mázinha, então vem aqui mostrar-nos esse rico travesseiro, sabendo que muitos só o podem comer com a testa?!
Adoro os travesseiros da Piriquita e da Casa do Preto também.
Abraço, boa semana.
Uau esse travesseiro deve ser uma delícia, chega deu água na boca!!!! Quanta revelação nesse capítulo!!
Adorei o passeio!
Beijinhos no coração.
Para além de terem ido a Sintra, à praia das Maçãs, terem comido travesseiros. Nada mais há de novo a assinalar.
Tenha uma boa noite amiga Elvira.
Não conheço muito bem Sintra, mas essa casa a Piriquita é paragem obrigatória, uma delícia esses travesseiros.
Vamos saboreando o travesseiro e lendo o próximo post.
Bj e ate já.
Que lindo passeio. Um cenário bonito ajuda sempre o namoro.
Curioso para saber o que acontecerá depois do por do sol.
Abraços,
Furtado
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