Foto do google
Janeiro de 57, trás o chamamento de um dos cunhados do Manuel para a tropa. O outro arranjara trabalho numa vacaria, na quinta do Himalaia e só vinha dormir a casa. A filha mais velha do Manuel, está agora na 4ª classe e a escola na Telha só vai até à 3ª classe. Logo a miúda foi para a escola feminina nº 5 no Barreiro. Muito mais longe de casa, vai pela caldeira do Alemão, até à Verderena, e depois daí, é que é mais perigoso, pois é a estrada principal, e os pais temem que a miúda não tenha o cuidado suficiente para não ser apanhada por algum carro.
A miúda do meio continua na Telha. E o rapazinho acompanha o pai ou a mãe no trabalho, entretendo-se por ali a brincar.
Nesse início de ano, o Luís foi para a tropa para a Trafaria. Uns meses antes fora às sortes, e como ficara aprovado, Manuel achou que era altura de o levar à "desobriga"
Caramba o rapaz não havia de ir para a tropa antes de ser homem. Então um dia levou-o a Lisboa, a uma casa que conhecera bem dos seus tempos de solteiro, e entregou-o aos cuidados de uma experiente "menina"
A "dama do pente verde" escolhida pelo jovem, quando a dona da casa, posta ao corrente do que o Manuel pretendia, fez vir à sua presença, algumas mulheres.
Entretanto na Seca, falava-se dum novo navio bacalhoeiro, que estava a ser construído em Aveiro, nos estaleiros de S. Jacinto e que dizia-se era maior e ia trazer muito mais bacalhau, e por consequência muito mais trabalho para aqueles que dependiam dele para a sua sobrevivência.
O tempo não pára, aos dias sucedem-se as semanas e a estas os meses. A vida no velho barracão continuava com grandes dificuldades, especialmente durante o Verão, quando Manuel é o único a ganhar para os cinco. Ás vezes o cunhado quer contribuir com alguma coisa, mas ele não aceita, afinal ele também não ganha muito, e tem que se bastar a si próprio. A vida no país está cada vez mais conturbada, no final de Julho os salineiros entram em greve, e no início de Agosto é publicado um despacho, decretando que a Siderurgia Nacional se instalaria no Seixal. Isto dá início à maior crise política da margem sul, pois a população de Alcochete, tinha grandes esperanças de que a Siderurgia fosse para lá. Sonhava-se com isso, para tirar o conselho da miséria em que vivia, confinado apenas ao trabalho de quase escravidão das salinas. Além do mais, as Salinas ficavam paradas todo o Inverno, e os homens não tinham onde ganhar o pão de cada dia.
Vários políticos demitiram-se em bloco, entre eles o presidente da Câmara.
Na Seca da Azinheira, dizia-se que a instalação da Siderurgia, do outro lado do rio, ia empurrar este para o lado de cá. Manuel ficou apreensivo. O barracão ficava a uns escassos dez metros da água quando eram as marés vivas, ou quando havia grandes tempestades. Certo que ele estava assente em pilares de cimento com um metro de altura.
As águas nunca iriam entrar em casa. Mas e o quintal em frente, que tanto lhe custara a romper por entre chorões e silvas? E os animais em capoeiras junto à casa e assentes no chão? Como iam sobreviver?
A somar a tudo isto, a greve dos salineiros, ameaçava deixar a seca paralisada, pois sem sal não se podia fazer a cura do bacalhau, e então toda aquela gente que contava com a safra para ter trabalho, não iria ser chamada, e ficavam sem meios de sustento.
O tempo não pára, aos dias sucedem-se as semanas e a estas os meses. A vida no velho barracão continuava com grandes dificuldades, especialmente durante o Verão, quando Manuel é o único a ganhar para os cinco. Ás vezes o cunhado quer contribuir com alguma coisa, mas ele não aceita, afinal ele também não ganha muito, e tem que se bastar a si próprio. A vida no país está cada vez mais conturbada, no final de Julho os salineiros entram em greve, e no início de Agosto é publicado um despacho, decretando que a Siderurgia Nacional se instalaria no Seixal. Isto dá início à maior crise política da margem sul, pois a população de Alcochete, tinha grandes esperanças de que a Siderurgia fosse para lá. Sonhava-se com isso, para tirar o conselho da miséria em que vivia, confinado apenas ao trabalho de quase escravidão das salinas. Além do mais, as Salinas ficavam paradas todo o Inverno, e os homens não tinham onde ganhar o pão de cada dia.
Vários políticos demitiram-se em bloco, entre eles o presidente da Câmara.
Na Seca da Azinheira, dizia-se que a instalação da Siderurgia, do outro lado do rio, ia empurrar este para o lado de cá. Manuel ficou apreensivo. O barracão ficava a uns escassos dez metros da água quando eram as marés vivas, ou quando havia grandes tempestades. Certo que ele estava assente em pilares de cimento com um metro de altura.
As águas nunca iriam entrar em casa. Mas e o quintal em frente, que tanto lhe custara a romper por entre chorões e silvas? E os animais em capoeiras junto à casa e assentes no chão? Como iam sobreviver?
A somar a tudo isto, a greve dos salineiros, ameaçava deixar a seca paralisada, pois sem sal não se podia fazer a cura do bacalhau, e então toda aquela gente que contava com a safra para ter trabalho, não iria ser chamada, e ficavam sem meios de sustento.
15 comentários:
Mais problemas virão pela frente, pelo jeito! Vale te acompanhar! bjs, chica
Como era difícil a vida do Manuel e familia, e de todos os outros que tiravam o sustento dali. Eram problemas que iam e vinham! Vou aguardar!
Abraços e uma boa noite!
Mariangela
Seguindo atentamente cada capítulo.
Desejo que a amiga se encontre bem.
Um bom fim de semana.
Bjs.
Irene Alves
Uma história de vida, que acompanho; com algum atraso, mas com prazer.
Bom fim de semana, Elvira.
Um abraço.
Lindo final de semana!!! Beijos
Um beijinho muito grande e um excelente domingo minha querida!
beijinho
www.blogasbolinhasamarelas.blogspot.pt
A passar para acompanhar a historia e desejar um bom fim de semana!
Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
Sempre por aqui:)
Beijinhos
elisaumarapariganormal.blogspot.pt
Como era nesse tempo, ainda continua a ser. Nunca ninguém está contente? Uns queriam a Siderurgia Nacional, em Alcochete, outros no Barreiro. Ganhou o Barreiro. Todavia, Alcochete, também deve ter beneficiado um pouquinho, visto que essas duas localidades, não são assim tão distantes uma da outra?
Tenha uma boa noite, amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Olá amiga Elvira, obrigada pelo seu carinho lá no meu canto. Andei aqui a pôr a leitura em dia, pois senão perdia o fio à meada. Vidas duras desses tempos, em que tudo era escasso. Lembro-me de a minha avó contar tantas coisas, que me davam que pensar. Venha lá mais um capítulo que a curiosidade é grande. Boa semana e beijos com carinho
Fez-me recordar Coimbra e os magalas que vinham do quartel, cheios de fitas ao peito para simbolizar que tinham ficado aprovados na inspecção militar, e iam dali para a Rua Direita para passarem a ser mesmo homens.
Boa semana
Inquietação atrás de inquietação, e realmente sem sal não poderia salgar-se o bacalhau.
xx
Quantas preocupações, ressaltando-se a falta de sal.
Beijo*
Vida! Quanto mais difícil, mais valorizada. Continuo lendo e gostando.
Abraços,
Furtado.
OI ELVIRA!
LENDO!
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
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