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9.8.19

LONGA TRAVESSIA - PARTE XX




- Já. Escolhi o Raul. Parece-me ter mais capacidade de encaixe com as novas técnicas e outras inovações que espero introduzir. 
E de repente como que numa súplica:
- Passa o Natal comigo!
Estremeceu. Aquele homem desconcertava-a. O que é que pretendia dela? Levá-la à loucura? Fazer com que esquecesse os oito anos de sofrimento e abandono?
- Não posso.
-Porquê? Vais passar com a tua família?
 -Vou. – Mentiu, pois na verdade ia passar o Natal, em casa de Luísa.
- E não posso ir contigo? Gostava de conhecê-los.
- Não achas que é muito tarde para isso? Teria ficado muito feliz se há oito anos, tivesses aceitado o meu convite. Em vez disso, abandonaste-me de forma cobarde, enquanto eu ansiava pelo fim das festas para voltar para ti.
- Tens razão. Fui um canalha. Deixa-me provar-te que estou arrependido. Dá-me uma oportunidade de te demonstrar o meu arrependimento.
Sentia que lhe faltavam as forças, mas não podia ceder. Foram muitas noites sem dormir, muitas lágrimas derramadas. Anos e anos de sofrimento, incapaz de pensar num novo amor, o peito corroído pela rejeição.
- Por favor! Voltamos ao trabalho ou amanhã dou inicio às minhas férias, - ameaçou.
- Voltemos então ao trabalho,- suspirou ele.
Mas ambos sabiam que os seus pensamentos andavam distantes do trabalho.
 Não o viu nos dois dias seguintes. Devia estar absorvido pela resolução dos múltiplos problemas que iam surgindo, e na verdade, resolvida a questão de escolha do novo chefe, e até que a "Tudilar" começasse a laborar em pleno, ela não podia ajudar em muito.
Finalmente na quinta-feira no fim da manhã, tudo ficou pronto. Ele cumprimentou cada um deles. Depois acrescentou, que após o almoço poderiam partir e voltar a dois de Janeiro para um ano de trabalho intenso. E acabou desejando um Feliz Natal a todos.



4.6.18

CASAMENTO DE CONVENIÊNCIA - PARTE XVIII







 Os noivos, tinham decidido de comum acordo não fazerem viagem de lua-de-mel, uma vez que naquela fase de tratamento da mãe, Joana não se queria ausentar, apesar da ajuda da vizinha e da ama que Pedro contratara para o menino.
Assim, o noivo, reservara a suite de um hotel na cidade, onde passariam dois dias antes de iniciarem a vida em comum.
E agora ali estava ela, Joana Teixeira Mesquita, sentada na casa de banho, da suite, depois de ter mudado de roupa, escovado os dentes e os cabelos, as mãos trementes no regaço, sem coragem para ir até ao leito, sabendo que tinha de o partilhar com o marido.
- Posso entrar, - perguntou Pedro depois de bater levemente na porta.
Sem responder, ela abriu a porta e aproveitou para se esgueirar para o quarto, enquanto ele entrava na casa de banho para se trocar.
Quando regressou, verificou que a jovem se encontrava deitada e coberta até ao pescoço. Sentou-se a seu lado na cama, e procurando-lhe a mão, perguntou:
- Que se passa, Joana? Calculo que todas as noivas estejam nervosas na noite do seu casamento, especialmente se nunca fizeram amor antes, como foi o nosso caso. Mas durante toda a festa te senti, tensa, nervosa, e tu mesma confessaste que pensaste desistir. Não me vais dizer que és virgem, ou vais?
- Não.
- Então relaxa e vive o momento, - disse levantando-se e dando a volta à cama, deitou-se a seu lado, abraçando-a.
A sua boca, procurou a boca feminina, e com ternura, brincou com os seus lábios até que ela os abriu. Intensificou o beijo, as mãos acariciando-lhe o corpo. Depois os seus lábios percorreram-lhe o rosto, a língua acariciou o lóbulo da orelha, a suave curva do pescoço, enquanto as mãos experientes iam despindo a delicada camisa de seda. A boca masculina dirigiu-se depois para os seios, que o deslizar da camisa expusera, a língua acariciando a auréola, os dentes mordiscando de leve o mamilo, para depois voltar à boca, e ao rosto e sentir na língua o gosto das  lágrimas silenciosas da jovem. Gelou. Aquelas lágrimas eram uma clara rejeição.
Estava excitadíssimo, a sua ereção era prova disso. Afinal era a sua noite de núpcias, e apesar de aquele ser um casamento diferente, ficara bem claro que o sexo faria parte dele. Naquele momento, o seu corpo reagia como o de qualquer homem jovem e saudável, que tem a seu lado, uma mulher linda. A coisa que mais desejava era fazê-la sua. Porém aquelas lágrimas silenciosas, tiveram mais poder que o mais poderoso desejo que ele pudesse sentir.  Apertou os punhos e tentou acalmar-se. O seu casamento tinha que dar certo, o seu sonho de família não podia morrer ali. Deitou-se de costas e puxou a esposa para junto de si fazendo com que apoiasse a cabeça no seu peito, enquanto pensava: 
“Deveria haver um manual que ensinasse um homem como proceder numa situação destas. “ 
Deixou passar uns minutos, antes de quebrar o silêncio.
- Não chores, não é o fim do mundo, nem a nossa vida se acaba hoje. Decerto compreenderás que te desejo e que estava ansioso, por te ter nos meus braços, mas quero que quando esse momento chegar, estejas bem,para que possas sentir  tudo o que de bom, o sexo te pode proporcionar.
Contrariamente ao que esperava as suas palavras em vez de a acalmarem, pareciam ter piorado a situação.

7.6.17

JOGO PERIGOSO - PARTE XXI







Daniela só foi trabalhar de tarde. Tinha conseguido minimizar o efeito das horas de choro, mas o seu semblante tinha perdido a alegria. Surpreendeu-se por vê-lo sentado na secretária, em frente do computador.
- Boa-tarde
Não obteve resposta. Sentou-se à secretária, abriu o computador, e então ele falou.
 -Já comprei as novas máquinas. A primeira será instalada para a semana. Vou investir um bom capital na fábrica e assumir a gerência. Quero que me ponhas a par de tudo e informes o pessoal que a partir de agora se devem dirigir exclusivamente a mim para todos os assuntos. Volto a propor-te a venda da tua parte na empresa, o que nos livra a ambos de presenças indesejáveis.
“Chegou a hora da vingança” pensou ela com amargura. Tinha que ser. Tinha que a ferir no que ela mais amava, naquilo por que lutou toda a vida. O seu instinto sempre lhe dissera que não devia misturar sentimentos com a relação laboral.
Desde início sempre soube que ele era demasiado forte como inimigo. Sentiu que as lágrimas lhe vinham aos olhos, mordeu os lábios até sentir o sabor a sangue na boca, mas respondeu com voz  firme.
- Não vendo.
- É pena. Porque não vou ter piedade.
-Agradeço o aviso. Vou convocar uma reunião para dentro de meia hora. Parece-te bem?
- Sim.
-Vou dizer à Madalena que passa a ser tua secretária. Ela pode passar para aqui e eu vou ocupar o gabinete dela.
- Não.
O coração dela encheu-se de ternura ao compreender que ele queria vingar-se dela, mas não queria humilhá-la perante as empregadas. O que mostrava que apesar de se sentir  tremendamente ferido, ainda sentia por ela um sentimento de respeito e talvez carinho. Sorriu com tristeza. Se ela tivesse coragem para lhe abrir o coração. Para se expor à rejeição dele. Mas não, não. Isso era impensável. Carregou no intercomunicador.
- Madalena, convoca uma reunião com todo o pessoal, para daqui a meia hora na sala do refeitório. Obrigada.
Desligou o aparelho e voltando-se para ele perguntou:
- E a tua empresa? Quem a vai dirigir?
- A Rita, dá perfeitamente conta do recado. E se houver alguma dúvida, sabe que para ela, estou sempre contatável.
À sim, a Rita – murmurou ela. Quem diabo era aquela Rita em quem ele confiava tanto? - Interrogou-se sentindo uma pontada no peito.

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´Pelos vossos comentários, parece que a maioria dos leitores se esqueceu que Daniela já foi casada, dos quatro anos de sofrimento, e  da rejeição do ex-marido pelo facto de ser estéril.