Gabriel chegou nessa noite, e foi direto para casa dela. Estava cheio de saudades. Fizera todos os possíveis para a esquecer, durante aqueles dias, procurara divertir-se com outras mulheres, mas nenhuma conseguiu romper a armadura com que aquele novo sentimento o revestira. Tinha que reconhecer que estava irremediavelmente apaixonado pela sua secretária. Uma mulher admirável, com uma alma grandiosa, que por lealdade ao amor filial era capaz de tudo, até de se arriscar a ser presa. E ele queria essa capacidade de amar e de se dar, para ele. Mais do que querer. Necessitava-o com toda a sua alma. Resistira. Claro que resistira, nunca pensara em casamento, nunca sentira aquela necessidade de ter, e de se dar a uma determinada pessoa. Nos seus relacionamentos anteriores, nunca esteve nada em jogo, que não fosse o sexo, quanto mais prazeroso melhor. Com ela foi diferente desde o primeiro momento, e não porque não lhe despertasse a libido. Durante aqueles meses, tomara mais duches gelados do que em toda a sua vida. Mas sempre soube, que no dia em que se deitasse com ela, não se contentaria com menos do que o resto da sua vida. E era disso que ele tinha medo. Disso que fugira. Aqueles dias de ausência, acabaram com toda a sua resistência. Estava ansioso por chegar, por apertá-las nos braços e beijá-la até se cansar. Até se cansar? Tinha a certeza de que nunca se cansaria. Apanhou um táxi no aeroporto, e deu a morada dela. Ansioso por a ver, tocou a campainha, uma, duas, três vezes.
Sandra franqueou-lhe a passagem, surpresa com a mala que carregava. Ele entrou, largou a mala, e pegando-lhe num braço puxou-a para si, baixou a cabeça e beijou-a. Um leve toque na boca, como que um roçar de ave, que a fez suspirar e entreabrir os lábios, e logo ele a invadiu num beijo urgente e desesperado, que os deixou sem fôlego. Sandra apertava o seu corpo contra o dele, numa entrega que o enlouquecia. Finalmente afastou-a um pouco, sem deixar de a fitar, nem de a abraçar.
- Amo-te Sandra. Sabes isso, não sabes? – perguntou a voz enrouquecida pela paixão.
Ela confirmou com um gesto mudo, tentando esconder o rosto no peito masculino.
Gabriel levantou-lhe o queixo e perguntou preocupado com a sombra de tristeza, no rosto dela.
Gabriel levantou-lhe o queixo e perguntou preocupado com a sombra de tristeza, no rosto dela.
-Também me amas, mas…?
-Não pode haver futuro para nós, enquanto o nome de meu pai, não for reabilitado. Não quero que os meus filhos saibam que o avô esteve preso, acusado de ter roubado a empresa do pai.
- Sandra, eu acredito na inocência dele. Mas não sei se conseguiremos prová-lo ao fim destes anos todos. Por favor, não condenes tu também o nosso amor.
- Talvez não seja tão difícil assim. O inspetor Pedro procurou-me hoje. Acredita que descobriu quem fez o desfalque, e pediu para arranjar um advogado e o por em contacto com ele.