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6.12.22

POESIA ÀS TERÇAS - JORGE DE SENA - NATAL DE QUÊ ? DE QUEM?


 

 Natal de quê? De quem?



Natal de quê? De quem?

Daqueles que o não têm?

Dos que não são cristãos?

Ou de quem traz às costas

as cinzas de milhões?

Natal de paz agora

nesta terra de sangue?

Natal de liberdade

num mundo de oprimidos?

Natal de uma Justiça

roubada sempre a todos?

Natal de ser-se igual

em ser-se concebido,

em de um ventre nascer-se,

em por de amor sofrer-se,

em de morte morrer-se,

e de ser-se esquecido?

Natal de caridade,

quando a fome ainda mata?

Natal de qual esperança

num mundo todo bombas?

Natal de honesta fé,

com gente que é traição,

vil ódio, mesquinhez,

e até Natal de amor?

Natal de quê? De quem?

Daqueles que o não têm,

ou dos que olhando ao longe

sonham de humana vida

um mundo que não há?

Ou dos que se torturam

e torturados são

na crença de que os homens

devem estender-se a mão?



Jorge de Sena
(Poema “Natal de 1971”, in "De palavra em punho")
 
 

11 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Bom dia de paz, querida amiga Elvira!
Realmente todos questionamentos são pertinentes numa sociedade mercenária.
Gostei da sua escolha que possibilita reflexivos pensamentos no Advento.
Tenha dias novos abençoados!
Beijinhos com carinho fraterno

Pedro Coimbra disse...

E ainda assim é Natal e é festejado e vivido.

chica disse...

Lindo poema e questionamentos bem pertinentes!
Ótimo dia! beijos, tudo de bom,chica

ematejoca disse...

JORGE DE SENA poeta e intelectual português que muitíssimo admiro.
Num Natal longínquo, publiquei este poema no „ematejoca azul“.

- R y k @ r d o - disse...

É uma boa pergunta
.
Uma semana feliz … Cumprimentos poéticos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Maria Dolores Garrido disse...

Boa tarde, Elvira
O Natal traz cada vez mais interrogações. Soubéssemos e pudéssemos nós encontrar mais respostas.
Um abraço

Maria João Brito de Sousa disse...

Belíssimo, este poema do Jorge de Sena!

Saúde e um forte abraço, Elvira.

Caderrno de San disse...

O que mais dizer se o Jorge de Sena esbanjou sua perplexidade faz tantos anos e nada mudou.
Um abraço, Elvira!

Teresa Isabel Silva disse...

Muito bonito!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

Cidália Ferreira disse...

Um poema muito interessante!!
.
Gosto da minha solidão ...
.
Beijo
Votos de uma boa noite

Ana Freire disse...

O Natal... dos que não têm Natal... aqui brilhantemente delineado e apontado!
Gostei imenso do poema, que ainda não conhecia!
Um beijinho! Continuação de um bom fim de semana!
Ana