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22.11.22

POESIA ÀS TERÇAS - ADÉLIA PRADO - AVÓS


 Avós

Minha mão tem manchas,
pintas marrons como ovinhos de codorna.
Crianças acham engraçado
e exibem as suas com alegria,
na certeza – que também já tive –
de que seguirão imunes.
Aproveito e para meu descanso
armo com elas um pequeno circo.
Não temos proteção para o que foi vivido,
insônias, esperas de trem, de notícias,
pessoas que se atrasaram sem aviso,
desgosto pela comida esfriando na mesa posta.
Contra todo artifício, nosso olhar nos revela.
Não perturbe inocentes, pois não há perdas
e, tal qual o novo,
o velho também é mistério.”

Adélia Prado

9 comentários:

Fatyly disse...

Maravilhoso e já li muita coisa desta poetisa.
Beijos e um bom dia

Tintinaine disse...

As minhas também já têm muitas pintas!
Bom dia com chuva! Por aqui tem chovido q.b.

teresadias disse...

Linda, ternurenta partilha.
Beijo.

Maria João Brito de Sousa disse...

Belíssimo poema de Adélia Prado, Elvira!

Obrigada pela partilha e um forte abraço!

Beatriz Pin disse...

Muito boa isa reflesião que nos deija o texto. A gente nova, e nos , cando iso fomos, pensamos que nunca imos ser como as persoas velhas coas que convivimos e melhor que não se pense. Ha que vivir a vida como se apresenta em cada fase e deijar que cada quen a viva da melhor maneira. Un abraço, Elvira

- R y k @ r d o - disse...

Poema deslumbrante que muito me fascinou ler
.
Cumprimentos poéticos.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Cidália Ferreira disse...

Que poema tão bonito :)
Obrigada pela partilha :)
.
A luz, a minha ingénua escuridão...
.
Beijo boa noite.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Um poema magnífico.
Em criança não pensamos que um dia também seremos velhos e teremos as mãos com pintas.
Beijinhos e saúde.
Ailime

Rogério G.V. Pereira disse...

Belo poema
e
defendo uma tese
para um neto
não hà figura mais atrativa
do que a de um velho