Laura conversou com a mãe, que se mostrou radiante por ela ter aceitado a proposta de Fernando e afirmou cuidar do neto, enquanto ela estivesse ausente.
Assim,
pouco depois das nove ela chegava à clínica do psiquiatra e apresentava-se à
sua assistente, que não se mostrou surpreendida pois um telefonema do chefe
logo de manhã, tinha-a avisado.
Diana
era uma jovem morena de estatura mediana, de olhos castanhos e sorriso fácil. O
cabelo curto, era igualmente castanho, embora mais claro que os seus olhos. O
seu enorme ventre, mostrava que devia estar muito perto do final da gravidez e
fazia com que a jovem parecesse mais baixa do que realmente era.
Quando
sorria, duas covinhas apareciam no seu rosto que parecia iluminar-se.
Laura
gostou imediatamente dela.
-
Já era tempo de que o doutor se decidisse a arranjar alguém para me substituir
– disse. Mais um pouco e eu entraria de baixa e ele ver-se-ia na contingência
de ter que ser ele a explicar o serviço. Podes ir buscar uma cadeira à sala de
espera, para te sentares aqui ao pé de mim?
-
Claro.
Laura
fez o indicado e logo que se sentou, disse:
-Não
pareces surpreendida por não vir de nenhuma agência temporária.
-Não.
O doutor detestava ter de o fazer. Ele gosta de trabalhar com alguém conhecido,
sente-se melhor. E eu sabia que ele te queria aqui, desde que o teu irmão lhe
contou que querias regressar ao trabalho, mas não tinhas conseguido vaga numa
escola aqui na cidade.
-Conheces
o meu irmão?
- Como não? Os dois são tão amigos que quando comecei a trabalhar aqui, e o doutor Gonçalo passava quase sempre aqui no fim das consultas, pensei que eram irmãos. Foi há anos, o chefe já tinha a clínica e alguns clientes, embora na altura ainda fizesse serviço no Hospital de S. José. O teu irmão tinha acabado o curso e estava a estagiar no hospital de Santa Maria. Segundo me disse deveria ter acabado o Curso mais cedo, mas um grave acidente de moto, interrompeu-lhe os estudos.
Quando acabou o estágio, o teu
irmão foi para um hospital no Porto, o chefe decidiu encerrar a clínica e foi para
Londres, onde esteve dois anos, num hospital. Ele era na altura um homem muito
amargo, eu só o sentia mais alegre, quando o teu irmão o visitava. Bom, vamos
então começar?
-
Claro, foi para isso que vim, - disse Laura embora tivesse gostado que Diana
lhe continuasse a falar de Fernando. Na verdade, ela perdera todo o contacto
com ele quando casara e viera viver para Lisboa. Na altura, ele já tinha
terminado o curso, e embora já estivesse em Lisboa, ela tinha-lhe perdido o rasto.
- Aqui atrás de mim, está o ficheiro onde se guardam todas as fichas dos clientes por ordem alfabética. O chefe não usa estas fichas, ele escreve tudo no computador. Depois que as consultas acabam, tens que transcrever tudo para as fichas do doente. Isto porque pode haver uma falha do sistema, e sem uma ficha atualizada em papel, ele não teria acesso aos dados do doente.
É a velha
história, os computadores são rápidos e eficientes, mas quando o sistema falha
o que salva qualquer negócio, são os registos em papel. Quando fazes a
inscrição, se for a primeira vez, abres esta gaveta, tiras uma ficha destas e
preenches com o nome e idade do doente. Se já é doente é só procurares no
ficheiro.
-
Não parece difícil.
-Nada.
Tenho a certeza que é bem mais difícil preparar uma aula nova todos os dias.
8 comentários:
Será que há para aí segredos nas fichas???
Bfds
E assim chegamos a sexta-feira, dia de desejar BOM FIM DE SEMANA e esperar até segunda pelo próximo capítulo!
Cá estou, tal como ontem estive... a teclar em branco, que ontem nem uma letrinha ficou gravada. O Google-blogger não estava bem disposto...
Forte abraço, Elvira!
Excelente e belo capitulo.
Gostei.
Um abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
E as coisas, parece-me, estão a caminhar bem. A cminhar bem, espero que também estejam todos aí em casa e que tenham um bom fim de semana, com saúde. Beijinhos
Emilia
Adorei o capitulo! :)
.
Coisas de uma Vida - 9 ANOS DE BLOGUE
Beijo, e um bom fim de semana.
Boa noite Elvira,
Um capítulo muito bom, em que se pode notar a sua grande inspiração e o seu jeito para a narrativa.
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime
Amiga adorei a história. Beijinhos com carinho
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