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11.5.22

MEDO DE AMAR - PARTE VIII



Laura ficou na porta vendo o carro afastar-se, perguntando-se mentalmente porque tinha acedido ao convite que Fernando fizera a si próprio. Fechou a porta agradecendo a Deus que os pais iam chegar daqui a pouco e passar com ela a semana. Assim não teria de voltar a aceitar a visita diária do jovem.

 Não sabia o que se passava com ela, mas não se sentia bem na sua presença, ficava sempre inquieta, como se de algum modo a presença dele a incomodasse. E não devia ser assim, Fernando era o melhor amigo de Gonçalo, quase um irmão e durante toda a sua infância e adolescência, os três estavam sempre juntos, ora na casa deles ora na do Fernando, pois eram vizinhos e os seus respetivos pais amigos de longa data. Mas depois ela foi para a Universidade, conhecera Quim e afastara-se não só do vizinho, mas até da própria família. 

Foi como se os dois tivessem criado um mundo mágico, onde só existiam eles. Mais tarde após o casamento, com a ida para Lisboa essa separação foi ainda mais real.

 Apesar de Fernando continuar a ser um grande amigo de Gonçalo, Laura só o via ocasionalmente quando ia visitar o irmão, já que Fernando foi um grande apoio para Gonçalo após o grave acidente de mota, que quase lhe roubara a vida e o obrigara a longos meses de internamento hospitalar. 

Depois que o irmão recuperou, nunca mais o viu, até à morte repentina do marido.

Aí quando ela julgou endoidecer de dor, Fernando por vontade própria, ou a pedido de Gonçalo, esteve sempre lá, tentando apoiá-la com todo o seu conhecimento e amizade.

Esse apoio manteve-se na altura do parto e nos primeiros meses de vida do Miguel.

Mas um dia ela agradecera-lhe todo o apoio recebido até aí, disse-lhe que estava bem melhor e que desejava ficar sozinha com os filhos. Depois disso Fernando afastara-se e só voltaram a ver-se depois que o irmão encontrara Helena e a filha e começara a preparar o casamento.

Laura, não se lembrava bem de quando descobrira que Fernando tinha por ela um sentimento que nada tinha a ver com a amizade. Não que até à véspera, ele tivesse dito alguma coisa, mas se há coisa que não escapa a uma mulher é o desejo refletido no olhar masculino.

 A princípio ficou sem saber como proceder, o coração ainda cheio da imagem de Quim e da dor da sua ausência. Aceitara a companhia e ajuda de Fernando, como aceitara do irmão, ou dos pais. Nunca lhe passara pela cabeça que o amigo de infância pudesse ter por ela outro afeto que não fora uma amizade profunda de quem foi criado junto, quase como uma irmã.

 Tinha receio de magoá-lo, mas não podia fingir que desconhecia o que acabara de descobrir.  Por isso lhe pedira que não voltasse e ele afastara-se sem sequer tentar contestá-la. 

Talvez por perceber que não tinha qualquer hipótese de que ela viesse a corresponder ao seu sentimento.


10 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Ver um amigo e não mais que isso é o início de tantos romances.

Tintinaine disse...

A cabeça das mulheres é muito complicada!
Eu sinto-me bem na minha pele!
Boa quarta-feira!!!

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história e desejar um ótimo dia!
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais um excelente capitulo.
Gostei.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

chica disse...

Ela está bem confusa,mas vamos ver como acaba... beijos, tudo de bom,chica

Maria João Brito de Sousa disse...

Sempre a acompanhá-la, amiga!


Saúde, Paz e um forte abraço!

Paula Saraiva disse...

Gostei muito deste capítulo.

Beijinhos

noname disse...

Esquiva, a miúda. Vamos ver até quando :)


Boa tarde, Elvira

Cidália Ferreira disse...

Ora muito bem. Mais um maravilhoso capitulo!
-
Soltam-se os versos nas asas do destino

Beijos, e uma excelente tarde!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Gostei imenso deste capítulo que me ajudou a melhor entender a história e as personagens.
Beijinhos e saúde.
Ailime