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23.5.22

MEDO DE AMAR - PARTE XII

 


Rolou na enorme cama de casal. Quim fora um homem muito apaixonado e talvez porque durante dez anos experimentara as delícias do amor, para ser sincera consigo própria sentia a falta de um companheiro.

Afinal tinha trinta e três anos, era uma mulher jovem e saudável, o seu corpo sentia a falta das carícias de umas mãos e uma boca apaixonada.

Sabia que Fernando a desejava, tinha-o lido nos seus olhos há quase dois anos e por isso mesmo o afastara. Quim tinha falecido há meio ano, ela sentira-se ofendida, como se estivesse a atraiçoar a memória do marido.

Agora Gonçalo tinha-lhe pedido para ele levar as meninas à escola e isso obrigava-a a uma convivência que a estava a desorientar.

Depois havia aquela proposta de emprego temporário. E ela ficara desgostosa ao não conseguir vaga para lecionar naquele ano letivo. Não que ela precisasse de emprego para viver, felizmente a sua situação económica, não era problema. A casa estava paga, e tinham recebido uma herança razoável quando a tia-madrinha de Quim morrera, além das próprias economias do casal. Podia continuar em casa, mas agora que o filho ia entrar na creche a solidão ia ser ainda maior.

Pensando nisso, aquele emprego podia ser uma boa ideia. O pior é que desde que voltara a ver Fernando, todos os dias, e especialmente depois das conversas trocadas, ela sentia-se cada vez mais inquieta na presença dele e receava que essa inquietação aumentasse com a convivência diária no consultório.

Todavia sabia que o psiquiatra tinha fama de ser um dos melhores profissionais da cidade, logo ele não iria misturar os seus possíveis desejos com o trabalho.

 Devia ou não aceitar a proposta de Fernando?  Bom o melhor seria aproveitar os dias que os pais estavam lá em casa, para ir até à clínica, falar com a sua assistente, saber em que consistia exatamente o seu trabalho, ver se o horário era compatível com ir buscar o filho à creche, enfim pesar todos os prós e os contras e só então tomar uma decisão.

Por fim, cansada, acabou por adormecer.

Apesar de ter adormecido tarde acordou um pouco antes do relógio despertar. Saltou da cama, abriu a persiana e olhou a rua, que não obstante a hora matutinal. já fervilhava de gente que passava apressada, decerto rumo aos seus empregos.

Retirou da comoda um conjunto de roupa interior e do armário, umas calças de ganga e uma T-shirt azul, que levou para a casa de banho, onde procedeu à higiene pessoal vestindo-se em seguida.

Antigamente quando o irmão vinha buscar a sobrinha para a levar à escola, sempre a encontrava de pijama e robe, mas agora parecia-lhe que receber assim o amigo, não seria próprio e daria ideia de uma intimidade que a afligia.

Foi para a cozinha e deu início ao novo dia preparando o pequeno almoço para a filha e sobrinha.

 

11 comentários:

Ailime disse...

Bom dia Elvira
Belíssimo capítulo em que os sentimentos de Laura parecem querer esboçar algo sobre Fernando.
Beijinhos e uma boa semana com saude.
Ailime

Tintinaine disse...

A trama está montada, os dias sucedem-se e não tarda temos os amantes na cama que é, ao fim e ao cabo, onde tudo acaba!
Bom dia e boa semana!

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Pedro Coimbra disse...

Ele mexe com ela.
E é assim que muitas vezes os grandes romances têm início.
Boa semana

- R y k @ r d o - disse...

Capítulo que gostei de ler.
.
Cumprimentos poéticos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

noname disse...

A mocinha está a acordar da sonolência da solidão :)

Bom dia, Elvira

Maria João Brito de Sousa disse...

Tudo prossegue lentamente, como deve ser, porque há que dar tempo ao tempo.

Uma excelente semana e um abraço, minha amiga!

José Luís Outono disse...

Mais uma boa leitura, bem conveniente, para este estado de isolamento, sinónimo de boa continuidade.
Boa semana!

Teresa Isabel Silva disse...

Confesso que não tenho acompanhado esta história, mas quando tiver um tempinho livre vou vir aqui para ler tudo como deve ser!

Bjxxx
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Cidália Ferreira disse...

Gostei bastante!

-
Coisas de uma Vida.

Beijos, e uma excelente semana.

Beatriz Pin disse...

Fermoso poema de Diva Cunha, poeta brasileira. Tomo nota para ler mais dela. Não sei ónde posso procurar seus livros.
Obrigada pela partilha, Elvira.
Um abraço