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24.9.21

SINFONIA DA MEMÓRIA - PARTE XXIII







- Nenhuma – disse Helena, para quem aquela aventura vinha dar um ar de graça à sua vida tão rotineira.

- Muito bem. Tenho aqui a indicação da sua morada. Mas por todas as razões expostas, não aconselho o seu regresso. Teria que destacar um polícia para o proteger, o que poria de sobreaviso, quem quer que queira acabar consigo. Pela sua segurança, pela investigação, pelos cuidados médicos que decerto continuará a precisar, é aconselhável que continue com a doutora. Entretanto – acrescentou – vamos prosseguir as investigações, agora seguindo as pistas que a direção de orquestra nos forneceu. Segundo eles, o senhor é solteiro, vivia sozinho, e os seus pais já faleceram. Mas não sabem se tem familiares vivos. Não se lembra se tem irmãos, tios, sobrinhos? Alguém que tenha, consigo algum laço familiar, ainda que afastado?

- Não inspetor. A única coisa que recordei, que nem foi bem recordar, foi que quando a doutora Helena, disse que tinha de me arranjar um nome, imediatamente me veio à memória o nome de Fernando. Mas nem sequer sabia se era realmente o meu. Depois um dia tive um sonho que me deixou desconcertado. 

Contou ao inspetor o sonho, tal como antes o contara a Helena.

- Deveria falar com um psiquiatra. Pode ser que a sua memória vá aparecendo assim. Por agora está tudo dito. Entro em contato logo que tenha mais notícias. E já sabe, qualquer lembrança que tenha deve comunicar-me imediatamente. Por mais insignificante que pareça. Espero que a resolução deste caso seja a seu contento.

Levantou-se e estendeu-lhes a mão dando a conversa por terminada.
Saíram. A caminho do carro, ela perguntou:

-Que se passa? Porque estás com esse ar tão macambúzio? Não é bom saberes quem és?
- Saber o meu nome, não é saber quem sou, doutora. Não percebeste que o inspetor suspeita de mim? Não percebes que posso ser um facínora?
- Tenho a certeza de que não o és, Fernando. Quando te olho, há desespero, e ansiedade no teu olhar. Maldade não. E eu acredito no que leio nos teus olhos.
- Deus te oiça, doutora, Deus te oiça.



10 comentários:

noname disse...

Mas que raio: Um gémeo, um familiar à espera de ser herdeiro?

Mistério....

Boa noite, Elvira :)

Pedro Coimbra disse...

A intuição feminina não costuma falhar...
Bfds

Tintinaine disse...

Não tarda, o Fernando vai recuperar a memória e o romance dá um salto em frente.
Bom fim de semana! Ainda pelos Algarves?

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Mais um excelente capitulo.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Janita disse...

Confiança. Esse bem inestimável. Quem o inspirar tem a maior riqueza que existe nas relações humanas. Há que ter muito cuidado, pois uma vez quebrada, ficará perdida para sempre.

A Helena confia em Fernamdo e, eu, confio na Helena.
Do resto já não confio em mais nada...sei lá no que isto vai dar?!

Tudo de bom, Elvira, para si e para os seus.

Cidália Ferreira disse...

Muito bom.. Vamos continuando!:))
-
Beijos. Bom fim de semana!

lourdes disse...

Ai que mistério, caraças! O que se passará com o Fernando?
Quando ele recuperar a memória é que o romance vai acontecer (digo eu).
Bjs.

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
O suspense continua.
Belo capítulo.
Beijinhos e saúde.
Ailime

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Quanto desespero e ansiedade passa na cabeça do Fernando!!!
Abraços fraternos!

teresadias disse...

Situação aflitiva.
E eu, cada dia mais curiosa...
Bjs.