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20.4.21

POESIA ÀS TERÇAS - LIBERDADE





LIBERDADE


Ontem

Olhavas e fingias que não vias.

Os órfãos e viúvas de guerras inglórias

O desespero dos emigrantes clandestinos

As terras abandonadas ao sabor da fome

A força-sacrifício dos ideais feitos homens

Encerrados e torturados nas prisões do meu país.


Acordaste numa manhã de Abril

E ficaste arrepiado…


Porque nas nossas mãos 

O sangue era cravo rubro.

Nas nossas gargantas

O medo era um hino à Liberdade.

Os nossos braços,

Enlaçavam-se na esperança do momento.

Acordaste... 

E como quem muda de camisa

Puseste-te ao nosso lado.


Era o tempo

De fingires ser democrata.


Os anos passaram

Com a liberdade por companheira

Entre avanços e recuos, 

Fomos fazendo a nossa história

E tu

Como joio insidioso abafando o trigo

Ias minando a caminhada.

Encerrando escolas

Fechando fábricas

Cortando subsídios

Empurrando-nos para a emigração

Aprisionando os nossos sonhos

O desespero e desencanto

Fomentando a descrença

Entre o Povo



Agora largaste a máscara

E ameaças voltar.

Mas hoje

O povo conhece o sabor 

Da Liberdade.

Distingue-lhe o sal das lágrimas, 

O odor do sangue derramado

Daqueles que por ela

Deram a vida.


E não se deixa enganar! 


Elvira Carvalho

19 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Felizmente há muita gente que sempre viveu em liberdade, o mais precioso de todos os bens

Isa Sá disse...

Uma mensagem para refletir!

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

Tintinaine disse...

Veia poética com inspiração de esquerda! Gostei!

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Poema de alma portuguesa !!

JR

Fatyly disse...

Tiro-te o meu chapéu!!

Beijos e um bom dia com saúde

brancas nuvens negras disse...

Uma poesia de intervenção que saúdo.
Um abraço.

Maria João Brito de Sousa disse...

Belíssimo poema, Elvira! Belíssimo!

Um grande abraço, minha amiga!

chica disse...

Linda e reflexiva poesia,Elvira! Ótimo dia! bjs, chica

ematejoca disse...

Uma mensagem poética e política de grande peso — acompanhada por um cravo vermelho que ainda não murchou.

Anete disse...


Com um poema forte, rasgante e bonito expressas os teus sentimentos, Elvira!
Bjs e boa terça-feira...

Janita disse...

...não obstante haver cravos e gritos de
liberdade,
continuamos açaimados, presos na luta inglória
de um fogo que já pouco
arde.

Uma belíssima mensagem que homenageia uma data histórica para Portugal.
Parabéns, Elvira.

Um abraço

Cidália Ferreira disse...

Palavras para quê? Um poema oportuno e belo demais! 🌹🌹
-
Escondi os olhos em pranto...
-
Beijo e uma excelente tarde!

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Elvira

Um poema muito de intervenção, um grito poético.

Gostei!

Boa semana!

Beijinhos

:)

" R y k @ r d o " disse...

Poema a aflorar o sistema politico que muito gostei de ler. Quem sempre viveu em liberdade NUNCA pode sentir as "dores" de quem viveu o fascismo/ditadura. Felizes dos que vivem libertos das amarras da politica fascista. Gostei muito do poema. Muito mesmo.
.
Cumprimentos poéticos
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Duarte disse...

Bonito canto à liberdade num acordar que nos encheu de ilusões. Uma pena que não se tenha concretizado na sua plenitude.
As tuas metáforas estão cheias da riqueza dum sentir profundo, patriótico, ainda que molhado de lágrimas.Algum dia, isso espero, serão de gozo.
Abraço de vida para TODA a FAMÍLIA, nosso..

Rogério G.V. Pereira disse...

Elvira, chiça!
Ganda malha!
Vamos a isto!
Mudar o Mundo
não custa muito
e o tempo que leva
a mudar o Mundo
pode-se encurtar
e muito

Bora lá
poeta de cravo erguido!

Os olhares da Gracinha! disse...

Gosto muito e aplaudo!!!
Bj

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Que grande Poema!
Uma viagem no tempo desde a Revolução que está soberba!
Parabéns por tão sublime inspiração.
Beijinhos e saúde.
Ailime

São disse...

Esperemos que não.

Ainda hoje recebi por mensagem privada um recado de um simpatizante (talvez militante ) do Chega cuja frase de abertura (a única que li, por impossibilidade de não o fazer ) era "Deixe de enxofrar os portugueses " e é um velho, porque já o vira na resposta sem educação que me deu no mural de Moita Flores.

Isto só prova que se estas criaturas alguma vez tiverem Poder , a ditadura e os seus horrores estarão de regresso.

Tudo de bom, abraços