Três anos depois o casal está estabelecido em Aveiro. Quim tinha ajudado os pais, e sogros, na recuperação das velhas casas de família, para lhes dar uma vida de maior conforto, mas a aldeia era demasiado pequena para os seus sonhos. Ele queria montar um bom restaurante, numa cidade, mas ao mesmo tempo, queria uma zona relativamente perto da aldeia, de modo a que os pais e sogros, pudessem ter uma certa relação de proximidade com os netos.
Dentro desses parâmetros surgiram dois nomes. Aveiro e Viseu. Estudadas as características das duas cidades, o casal optou por Aveiro, pois tinha, segundo a sua lógica, mais condições para atrair o turismo, pela beleza dos seus canais. E passados três anos, o Restaurante Típico da Beira, é o melhor restaurante da cidade e o mais procurado por turistas e residentes.
Catarina tem sete anos e já está na escola, Maria tem três anos e é o encanto da irmã, pais e avós.
Mas naquele dia o casal está na aldeia. E é Setembro de novo. O último da década de setenta.
Sofia, está em casa da mãe, no seu antigo quarto de solteira, às voltas com um vestido de noiva. As crianças, lindas nos seus elegantes vestidos de damas, entram e saem sem se calarem, excitadas pela novidade, e seguidas pela velha Idalina, que zela para que não mexam em nada que as possa sujar. Sofia acaba de se vestir de noiva, como há dez anos atrás. E como nessa altura as primas, Celeste e Maria João, ambas já casadas, ajudam-na a preparar-se. A mãe entra no quarto para as apressar e está radiante. Não só porque a sua menina vai receber o sacramento do casamento, (e para as suas convicções religiosas, deixará de viver em pecado,) como porque agora ela sabe que não tem com que se preocupar. A filha é uma mulher feliz. E se alguma dúvida pudesse ter, bastava-lhe ver os dois juntos. Como se olham, como estão pendentes um do outro, como se entendem com um único olhar. A ideia do casamento religioso, foi de Quim. Ele queria vê-la vestida de noiva, queria viver a emoção de a esperar junto ao altar.
Ela aceitara. E no fundo, também está muito feliz, apesar de pensar que a cerimonia, não vai aumentar nem diminuir o amor que os une. Mas também ela sente a emoção de se vestir de noiva para ele.
O desejo de se ver refletida nos seus olhos na hora do juramento sagrado. De sentir o calor da sua mão, na troca das alianças. Pequenas coisas que fazem a felicidade de uma mulher, e que ela ainda não vivera.
E depois, ele não lhe tinha dito uma vez, que o juramento perante Deus, era para aqueles que sentiam um grande amor?
Elvira Carvalho
17 comentários:
E tudo fica bem quando acaba bem.
Gostei muito de reler este romance.
Boa semana, com saúde!
Bjs.
Que lindo final, Amiga Elvira! Eu ainda estava com receio que eles não tivessem sucesso cá em Portgal, dada as circunstâncias da época, mas ainda bem que tudo deu certo e que constituiram uma familia feliz. Este teu conto leva-nos a confirmar que nem tudo é mau neste nosso mundo; felizmente, no meio das desgraças há pessoas muito boas e que, devido à ética e dignidade com que vivem, nos levam a continuar a acreditar no ser humano. As televisões, jornais, revistas, etc, etc, só nos dão a conhecer o que de pior acontece no mundo e isso acaba por nos levar a pensar que tudo é mau. Não, não é bem assim! Boa noite, querida Amiga e SAÚDE para todos aí em casa. Beijinhos e....venha lá outra história, nem que seja repetida
Emilia
Tem a certeza que não é a história dos meus tios??
Ele, infelizmente, já partiu.
Boa semana
A passar por cá para acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
'Tudo está bem quando acaba bem' e é verdade.
E pergunto, Elvira: a história é verdadeira? O restaurante existe?
Se me lembro da Crónica Feminina! Tinha uma tia que a recebia (já não sei se era semanal). Quando chegava, eu e a minha irmã pedíamos logo para ver a 'Crónica', como dizíamos.
Um beijinho, Elvira e boa semana.
Mais uma história acabada e arrumada na prateleira das nossas memórias. Qualquer dia temos que fazer uma limpeza, como se faz no disco do computador, para lá caberem as novas.
Bom dia e boa semana!
Bom dia Elvira,
Parabéns por mais uma bela história, que não podia ter terminado de outra forma.
Gostei imenso do desfecho final.
Beijinhos e saúde e que venha a próxima.
Ailime
Bom dia
Recordei com alegria o fim da história .
A maior parte das mulheres nessa altura sonhavam com um casamento de grinalda e de vestido branco com a intenção que iam ser felizes, embora este caso seja um pouco diferente pois eles já eram felizes antes do casamento pela igreja .
JR
Mais um conto que termina muito bem!! Amei :))
~
Silêncios que vagueiam na minha fantasia ...
~
Beijo e uma excelente semana.
Mais uma bela história chegou ao fim.
O que nos espera a seguir?
Beijinhos, Elvira
Nunca li, como a maioria das mulheres que nasceram na década de 50, a Crónica Feminina. As únicas revistas que havia lá por casa eram as revistas literárias, com as quais o meu avó colaborava ou colaborara em tempos, e o Paris Match, que a minha avó encomendava, já não me recordo onde...
Mas este seu Casamento por Procuração acabou em beleza, com um casal que descobriu o amor de uma forma bem peculiar :)
Se os seus olhos lho permitirem, ficamos todos a aguardar a próxima história, Elvira! :)
Forte abraço!!!
Uma historia muito boa e um traje de noiva daquiles anos fai que historia trnha boa dose de romantismo.
Ha coisas que ajudam a ser mais felizes.
Abraço e boa semana, Elvira.
Elvira, parabéns pela bela história, rica de pormenores da época e muito bem escrita.
Gostei muito!!!
Beijo, boa semana.
Nada como acabar bem não é mesmo?
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Depois de uma leitura dos episódios que fui perdendo lá cheguei ao final feliz desta trama. O estilo continua e te-se apurado.
Abraço
Casamento por procuração e sem se conhecer o noivo é mesmo um tiro no escuro, mas este acabou bem, eu diria mais - muito bem - e isso é que é fantástico.
Fico a aguardar o próximo.
Bjs.
Muito bonito Elvira. Valeu a pena ver de novo.
Abraços,
Furtado
Enviar um comentário