Eles continuaram o passeio, mas a alegria que Sofia sentira até aí, já não era a mesma. Era como se uma sombra negra pairasse entre eles.
Decorridos uns minutos, ela perguntou suavemente:
-Dói muito?
Ele olhou-a surpreendido. Encolheu os ombros e respondeu.
- Já foi pior.
A resposta deixou-a cheia de esperança.
Talvez ela ainda tivesse hipótese de conquistar o marido.
Na sua aldeia, as pessoas não tinham presente, viviam presas ao passado, buscando nele, a conformação para os seus problemas diários. Diziam que apesar das dificuldades, que passavam, não se podiam queixar, porque os seus pais tinham vivido muito pior. Não fora o medo da guerra, ou da prisão, e a escassez de trabalho, talvez nem houvesse tanta gente a procurar na emigração a solução para as suas vidas.
Em França, as pessoas viviam o presente, pensando no futuro. Não queriam pensar no passado, nem encontrar nele, desculpas para não lutarem por aquilo que desejavam. Talvez fosse influência da guerra recente. Excetuando os mais jovens, os outros tinham-na ainda bem presente. Ou talvez consequências do movimento grevista, iniciado em Maio do ano anterior. Os salários tinham aumentado consideravelmente, havia mais gente a estudar, e as minorias ganhavam novas regalias.
Num dos seus passeios no dia de folga, foram até à gare de Austerlitz, e Sofia ficou espantada com a quantidade de portugueses que chegavam de comboio. Sabia que era grande o afluxo de conterrâneos, mas nunca imaginou que fossem tantos. Segundo Quim, havia três fatores importantes, que levavam a que a França fosse o país de eleição dos emigrantes portugueses.
Primeiro, o país aceitava a emigração clandestina, segundo facilitava a legalização e terceiro, não exigia qualificação na mão-de-obra.
Entretanto o frio chegara. Aproximava-se o Inverno, a neve caía com frequência.
Em casa tudo estava na mesma. O "casal" falava de tudo, menos de si próprios.
Quim era gentil, preocupava-se com o seu bem-estar, mas não demonstrava outro sentimento que não fosse atribuído a uma boa amizade. Ele era um homem vivido, já tinha tido namoradas, talvez amantes. Sofia, era uma menina ingénua que desde que terminara o curso aos quinze anos, praticamente vivera enclausurada em casa.
Notícia
Como a carta do Hospital de Santa Maria nunca mais chega, para ir tirar os pontos que deveria ter tirado a 17/2 e que foi cancelada, na segunda feira mandei um email para saber quando seria a consulta. A resposta foi esta "Exma. senhora dona Elvira Carvalho, o pedido de consulta encontra-se registado a aguardar vagas de marcação, assim que a médica agendar a consulta vai receber a marcação por correio."
E pronto! O remédio é aguentar.
9 comentários:
A vida e as suas lutas.
Boa noite, Elvira
Essa resposta é irritante.
Mais ou menos como dizer Deus é bom pai.
A passar por cá para acompanhar a história!
Estas são da nova coleção Melissa! Podem ver mais no link a seguir:
https://bit.ly/3cTmRdo
O Pedro disse, Deus é bom pai.
Os muçulmanos gritam, Alá é grande!
E entretanto nós é que nos lixamos, à espera que nos acudam.
Eu tenho algumas consultas pendentes e ontem recebi a remarcação de uma delas, a que menos me interessa, a da «Dor Crónica». Ao fim de tantos anos já aprendi a suportar a dor e nem analgésicos tomo. Limito-me a gemer e já está!!!
PIOREI MUITO, ONTEM. NÃO CONSIGO LER O TEXTO INTEIRO, MAS VOLTAREI. ESPERO QUE ESTE AGRAVAMENTO SEJA PASSAGEIRO.~~FORTE ABTAÇO, ELVIRA.
A vida do casal da história não está fácil. Veremos.
Nada bons são esses adiamentos que não fazem nada bem à saúde.
O problema da covid tem de ser resolvido, mas às vezes parece ser entendido como único.
Oxalá dê boas notícias em breve, Elvira.
Um beijinho
Mais um belo capitulo!
Quanto à sua consulta, tem de ter paciência, né?!
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Deixei flutuar meu pensamento...
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Beijos e um excelente dia!
De mais um capítulo precioso gostei.
Da resposta que recebeu, não gostei, não. Tristes tempos estes!!!
Beijo, senhora cronista.
Boa noite Elvira,
Gostei muito deste episódio.
O que será que o futuro reserva ao casal?
Sobre a resposta que lhe enviaram é realmente enervante e a Elvira lá terá que continuar a ter muita paciência.
Beijinhos e saúde.
Ailime
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