- Bom parece que está empenhada em mostrar serviço.
- Entusiasmei-me, nem dei pelas horas, - disse ao mesmo tempo que parava o gravador. Imprimiu a última folha, e fechou o computador. Teve vontade de lhe dizer que gostava da história, mas temeu que ele pudesse pensar que estava a intrometer-se.
- Deve estar cheia de fome. Vou pedir à Antónia que lhe faça um lanche.
- Não precisa. Daqui a pouco são horas de jantar. Bom, então até amanhã.
Ele não respondeu. Parecia perdido em qualquer mundo só dele.
Já na rua, a jovem respirou fundo. Tentava recuperar a calma, mas estava difícil. Tinha mais dez anos, era uma mulher adulta, mas no seu íntimo sentia-se como a adolescente de dezasseis anos.
Chegou a casa, tomou banho, mudou de roupa e foi para a cozinha, onde a avó se afadigava a fazer o jantar.
- Senta-te avó. Eu acabo de fazer o jantar. Desculpa, estive toda a tarde a redigir o novo livro do Hélder. Ainda não descobri o nome que usa como escritor, já que confirmei na Internet e não existe nenhum livro publicado por Hélder Figueiredo. Dizes que há dez anos não vinha cá?
-Mais ou menos. Lembro que há uns três anos, vi as janelas abertas, mas foi só um dia, não cheguei a vê-lo. Ou veio buscar alguma coisa e partiu de seguida, ou foi alguém a mando dele. Hoje admirei-me de o ver passar para o lado da serra, e fiquei a pensar o que é que fazias lá em casa, se ele não estava. Eu pensava que ias escrever o que ele te ditava.
- Não é preciso que esteja presente, avó. Quando ele tem ideias novas, dita-as para um gravador. Depois eu oiço e redijo. Isto quando se trate do livro. Haverá muitas outras tarefas que não a redação do livro, mas que fazem parte do trabalho de uma secretária.
- Bom, a falar verdade, eu continuo a achar esta ideia maluca. Penso que devias voltar para a cidade, e procurar dar um rumo à tua vida, esquecendo essa paixão de menina, que temo só te traga infelicidade.
- Pode ser avó. Mas tenho que tentar. Não tens ideia de quantas noites, passei sem dormir a pensar nele. Se não o esqueci, quando não sabia nada dele, como vou esquecê-lo agora, que o tenho aqui e sei que precisa de mim.
- Temo que confundas piedade com amor, filha.
- Não te preocupes. Sei a diferença. A comida está pronta. Vamos jantar?
18 comentários:
Concordo com os argumentos que Isabel contrapôe a opinião da avó. Eu faria o mesmo.
Vai no princípio esta história e já desperta enorme interesse.
Boa noite, Elvira.
Um abraço.
Pensei o mesmo que a avó - é amor ou piedade?
Boa semana
Vou tentar começar a ler este Sonho ao Luar desde o primeiro capítulo.
Ontem já li um pouquinho mais do Ciladas da Vida :)
Forte abraço, amiga!
Bom dia, Elvira!
Ganhou aquele em quem votou ou foi tiro na água?
Uma boa semana e cuide-se que o bicho anda bravo!
Mesmo na releitura.,as emoções existem...Lindo! Ótima semana! beijos, tudo de bom,chica
Veremos no que vai dar a "ideia maluca".
Abraço e saúde, Elvira.
Aguardando novos desfechos Elvira
Por enquanto, a menina é que está dando as cartas_ vamos esperar pelos resultados.
Boa semana ,querida
Muito bom. Adorei :))
-
Sou a alma da minha força.
.
Beijo e uma excelente semana.
Protejam-se!
Porque sonhar é preciso...
Abraço do Zé
Gosto da conversa entre as duas. Vesse que ha confiança. O que é cego é o amor. Abraço e boa semana. Ficarei atenta ao desenlace.
Continuo a gostar de acompanhar!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Um cego, apura muitíssimo todos os outros sentidos, vamos ver até onde Isabel consegue ir sem que ele a descubra. Na verdade, logo no primeiro dia o som da voz dela lhe pareceu familiar.
Boa noite, Elvira
Dizem que não há amor como o primeiro. Será esse amor que faz com que Isabel não se queira afastar de Hélder?
Tenha uma boa noite, com saúde, amiga Elvira. Um abraço.
Boa noite Elvira,
Uma história muito bonita que estou a gostar de reler.
Beijinhos,
Ailime
Terá a avó razão?
É amor o que sente a Isabel pelo misterioso Hélder? Ele já não é aquele por quem ela se perdeu de amores na adolescência...
Aguardemos!
Beijo, Elvira, estou gostando!!!!
O problema dos amores passados e jovens é o de se criar um mito que acaba por não corresponder/nem ser justo para com o outro, um mito de alguém que não existe e que até pode ter muitas qualidades mas que é imperfeito, como nós também o somos.
Não há apenas curiosidade, pela além da personagem principal ser alguém com dois palmos de testa, tem valores. Há, sim para mim, a paixoneta pela imagem que ela tinha dele e que poderá não corresponder à pessoa que ele hoje é, atendendo que ambos mudaram.
Enviar um comentário