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3.5.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE XLII


Eram quase sete horas quando Anabela chegou a casa de Paula carregada de embrulhos, quase tudo roupas e brinquedos para a sua afilhada, que entregou a Diogo quando ele abriu a porta dizendo:

- Tenho de voltar ao carro buscar a mala e o resto dos embrulhos.

-Entra. Está muito frio na rua. A Paula está a dar banho à Patrícia e eu vou só pôr isto debaixo da árvore e já vou buscar o que te falta.

A jovem aguardou que ele pousasse os embrulhos e entregou-lhe as chaves do carro dizendo-lhe:

-Vou ter com as meninas.

- No quarto da afilhada, Paula acabara de vestir a menina com um bonito pijama vermelho, que exibia um barbudo Pai Natal na parte de cima e dezenas de renas, nas calças.

-Olha, mãe a madrinha chegou, - disse a criança saindo a correr para os braços de Anabela que a ergueu do chão e lhe cobriu a carinha mimosa de beijos, perante o ar sorridente da mãe.

- Meu Deus, Paula como ela cresceu durante este mês! E já diz madrinha corretamente.

- É verdade! As crianças nestas idades surpreendem-nos todos os dias. E tu como estás?

Anabela pousou a criança no chão e abraçou a amiga. Só depois respondeu:

-Vai-se vivendo.

-Anda, o jantar está pronto, vamos jantar. Depois de deitar a Patrícia temos a noite toda para pôr a conversa em dia. Tens sido uma amiga má. Os teus emails só pedem notícias e dizes que estás bem, mas nunca falas do doente, nem de como ele tem evoluído.

Enquanto as duas se dirigiam à cozinha para levar o jantar para a mesa, na sala, Diogo impedia a filha de começar a rasgar os embrulhos que estavam debaixo da iluminada árvore. Pouco depois Anabela dava a sopa à afilhada, seguida de um puré de batata e cenoura com pequenas lascas de bacalhau a que foram cuidadosamente retiradas todas espinhas. Só depois da pequenita ter comido, os adultos iniciaram a refeição que decorreu em ambiente de sã amizade e camaradagem.

Depois do jantar, as duas amigas levaram a loiça suja para a cozinha, e voltaram a pôr a mesa com diversos pratos de iguarias tradicionais, entre as quais o famoso bolo-rei, o arroz-doce, os sonhos e filhoses, bem como os frutos secos, figos, nozes, amêndoas e outros.

Tinham acabado de pôr a mesa, quando a campainha tocou.

- Quem será? – perguntou Anabela, enquanto Diogo pegava a filha ao colo e se dirigia para a porta.

-É o Pai Natal, - respondeu a amiga rindo.

E na verdade, Diogo regressava com a figura do simpático velhinho, perante o olhar admirado de Anabela.

- Ô-Ô-Ô. Que linda menina temos aqui. Sabes quem eu sou? Eu sou o Pai Natal. Vim trazer um presente que me esqueci de deixar a noite passada debaixo da árvore e dizer que assim que eu sair já podes abrir os eus presentes, - disse estendendo-lhe uma caixa que a criança aceitou os olhos brilhando de alegria.

O Pai Natal despediu-se em seguida dizendo que ainda tinha muitos presentes para entregar, e Diogo acompanhou-o à porta, despedindo-se dele com um abraço de agradecimento. Logo voltou para a sala, separando os presentes para a filha e colocando na sua frente para que ela abrisse.

Na cozinha, Anabela perguntou:

-Quem era?

-Um colega do Diogo. Veio entregar o presente da firma. Como é solteiro é o encarregado de manter vivo a figura do Pai Natal para os mais pequenitos. Já o fez o ano passado, mas na altura estiveste de serviço no hospital.

9 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Quem é o Pai Natal?????

Tintinaine disse...

Com o sol a brilhar, lá fora, parece estranha esta aparição do Pai Natal!
Mais um capítulo, venha o próximo!

chica disse...

Linda noite, conversa de amigas e até o Papai Noel chegou!
Lindo! beijos, chica

Maria João Brito de Sousa disse...

Foi engraçada e inesperada, esta visita do Pai Natal :)

Um grande braço, Elvira!

Cidália Ferreira disse...

Muito bem. Adorei :))

.
Beijos e uma boa tarde.

Teresa Isabel Silva disse...

Agora estou curiosa!

Bjxxx
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Janita disse...

Neste momento há uma dúvida, atroz, diria, que me passou pela mente, Elvira.
A Anabela foi passar a Consoada com os compadres e a afilhada.
O Dr. Tiago teve os pais para lhe fazer companhia e, talvez, o tio.

Com quem terá ido passar a noite de Natal esse tal colega do Diogo, que anda de casa em casa a representar a figura de Pai Natal para alegrar a criançada? - sendo solteiro está mais disponível do que os colegas? Mas também deve ter família... Coitado, nem teve direito a ter um nome próprio nem nada.

Abraço e uma boa noite, Elvira.

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Uma noite de Natal muito alegre!
Gostei e as crianças ficam sempre maravilhadas.
Um beijinho e saúde.
Ailime

teresadias disse...

Valeu a pena esperar por este belo capítulo...
Voltarei para saber quem se vestiu de Pai Natal.
Beijo.