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1.2.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE XIII

 



Se Anabela, pensara que com a morte do marido podia descansar estava muito enganada. Os sogros, que sempre tinham sido carinhosos com ela, trataram-na agora como se ela fosse a verdadeira culpada do vício do marido e a causadora da sua morte.

Pedira-lhes para a acompanharem ao apartamento em que vivera, porque pensou que eles poderiam querer ficar com alguma coisa, como recordação do filho.

Assim, depois de ter avisado o inspetor, que mandou um agente acompanhá-la e com Diogo, que se comprometera a ajudá-la na tarefa de encaixotar o que fosse preciso, dirigiu-se ao edifício que em tempos fora a sua casa, junto do qual já se encontravam os familiares do marido à sua espera.

Anabela, não pode evitar os tremores de medo, quando entrou na sala e viu os sofás completamente destruídos os bibelôs da estante partidos e os livros espalhados pelo chão.  No quarto, as gavetas da cómoda e as portas do guarda fatos abertas e completamente vazios, com as roupas espalhadas pelo chão, a cama desfeita com o colchão esventrado. 

Quem quer que fizesse aquele estrago não deixou nada por verificar até o armário da casa de banho e o autoclismo estavam abertos, e na cozinha desmontaram as placas do forno, além de terem esvaziado armários e gavetas deixando loiças e roupas espalhadas pela bancada e pelo chão.

Anabela ainda não tinha saído do choque, quando os sogros começaram a gritar com ela, dizendo que tudo aquilo era culpa sua, que se ela não tivesse abandonado o marido ele não se teria metido com aquela gente perigosa, que Óscar sempre fora um bom homem e que só enveredara por aquele caminho destruído pelo seu abandono e porque ela abortara por não querer ter, o filho dele.

Anabela ficou sem reação. Via os sogros quase a agredi-la e nem era capaz de se defender, de tal modo estava chocada. Felizmente que o agente de autoridade interveio, levando o casal para o quarto e pedindo-lhes que escolhessem o que queriam levar e se retirassem enquanto Diogo levava Anabela para a cozinha, a fazia sentar numa cadeira e lhe dava um copo de água.

Ela não conseguia compreender a atitude dos sogros. Eles sabiam, que fora precisamente a vida de vícios do marido, que originara a separação. Não podia crer que eles acreditassem que ela abortara de propósito. Apesar de não querer nada com o marido, amava aquele bebé desde que soubera que estava grávida e ficara tão destroçada com o aborto que ainda não se conseguira recompor totalmente.

 

9 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Quem destruiu procurava o que sempre se procura nestes dramas.
Sem dó nem piedade.

chica disse...

Que tristeza isso tudo! Pobre Anabela! beijos, chica

Tintinaine disse...

Coitada da Anabela!
Que mais lhe estará reservado?

Emília Pinto disse...

A dor por vezes tira a sensatez e foi isso o que aconteceu com os sogros de Anabela. Perder um filho é uma dor para a vida, mas eles vão mudar de atitude. Um beijinho. Elvira e espero que estejas melhor dos dentes
Emilia

Janita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Janita disse...

Depois de ler o anterior capítulo, li este e, confesso, não esperava por este tumulto todo. Enfim, há vidas que, quando pensamos ter terminado o mau-tempo, vemos que as tempestades maiores ainda estavam por vir.

Um abraço e as suas melhoras, Elvira.

PS- Eliminei o comentário anterior em virtude de conter uma gralha.

Cidália Ferreira disse...

Coitada da moça, depois de tudo ainda a culpam? Nunca mais recupera!
.
Coisas de uma Vida...
.
Beijos
Uma excelente tarde!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Que vida sofrida a de Anabela.
Que o futuro lhe seja risonho.
Beijinhos e saúde.
Ailime

teresadias disse...

Ainda dizem que «não há mal que sempre dure»...
Beijo