UM HOMEM E O SEU CARNAVAL
“Deus me abandonouno meio da orgia
entre uma baiana e uma egípcia.
Estou perdido.
Sem olhos, sem boca
sem dimensão.
As fitas, as cores, os barulhos
passam por mim de raspão.
Pobre poesia.
O pandeiro bate
É dentro do peito
mas ninguém percebe.
Estou lívido, gago.
Eternas namoradas
riem para mim
demonstrando os corpos,
os dentes.
Impossível perdoá-las,
sequer esquecê-las.
Deus me abandonou
no meio do rio.
Estou me afogando
peixes sulfúreos
ondas de éter
curvas curvas curvas
bandeiras de préstitos
pneus silenciosos
grandes abraços largos espaços
eternamente.”
" Um Homem e o seu Carnaval”, de Carlos Drummond de Andrade (do livro Brejo das Almas, 1934)
13 comentários:
Feliz Carnaval e dia da poesia, querida Elvira.
Um grande beijinho
Vi ontem as imagens no Brasil e fiquei revoltado.
Está tudo doido???
Bom dia de descanso, querida amiga Elvira!
Ainda bem que Deus não nos abandona.
Tenha dias abençoados e feliz dia da poesia!
Beijinhos com carinho de gratidão e estima
Nunca gostei do carnaval e só alinhei quando as filhas e os netos eram pequenos. Mas gostei imenso do poema.
Beijocas e um bom dia
Bonito poema.
Este poema é uma alucinação carnavalesca!
Excelente escolha para honrar o Dia da Poesia, este poema de Carlos Drummond de Andrade, Elvira.
Um grande abraço, minha amiga!
Gostei.
Um abraço e bom Carnaval.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Gostei bastante.
Beijinhos
Boa Tarde
Neste ambiente festivo que precede a quaresma tudo era permitido!
Excelente poema.
Abraço e votos de um dia de carnaval bem passado.
Gostei bastante!
Começo a odiar o carnaval...
-
A janela que me acolhe...
Beijos. Uma excelente semana.
Gostei muito do poema!
Aproveito para desejar um bom carnaval!
Bjxxx
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Boa noite Elvira,
Gostei imenso do poema.
Um beijinho e saúde.
Ailime
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