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21.2.22

ARMADILHAS DO DESTINO - PARTE XV

 





A tarde desse dia passou-a no hospital com os seus alunos, mas também com a outra professora, e os alunos dela.
Soube que a colega teria alta no dia seguinte, se até lá continuasse a não haver sinais do traumatismo craniano. Algumas das crianças, com ferimentos menos graves, que tinham ficado internadas por precaução estavam a ter alta nessa tarde, e em princípio ficariam só aquelas que foram submetidas a cirurgia. Seis ao todo, sendo cinco meninos da sua turma e uma menina da turma da colega.

No fim-de-semana, Luísa passou as tardes no hospital, principalmente junto de uma das crianças que tinha os pais emigrados, e vivia com os avós. Ela sabia das saudades que o pequeno tinha dos pais. Os avós adoravam-no, mas já eram idosos,  o avô tinha problemas de saúde e a avó não podia estar muito tempo no hospital, pelo que Luísa tomou a seu cargo a criança, como se fora um familiar.

Adorava crianças. Fora isso que a levara a escolher a profissão que tinha, pois depois da sua experiência matrimonial, não acreditava possível voltar a confiar num homem ao ponto de pensar em casar e em ter as suas próprias crianças. Há uns quatro anos ainda pensara em recorrer a um banco de esperma. Mas depois pensou que uma criança precisava de pai e mãe para se sentir completa. Ela fora criada apenas pelo pai, e sabia bem o que isso era. Então decidiu que não traria um filho ao mundo para viver a vida só pela metade.

Tinha um carinho especial pelos seus alunos. E talvez por isso, as crianças gostavam dela e se esforçavam para cumprir os objetivos impostos para cada ano.
Na segunda-feira, retomou as aulas, com as crianças ainda inquietas pelo susto que tinham passado e pela falta dos colegas ainda internados. Como Beatriz, a colega acidentada, ainda estava de baixa, apesar de já ter tido alta hospitalar, e como havia apenas duas turmas do terceiro ano, Luísa teve que ficar nesse dia com todas as crianças, o que lhe tornou o dia muito desgastante. Ainda assim, quando às dezasseis horas terminaram as aulas, foi direta para o hospital.

Não tinha voltado a encontrar o doutor Nuno Albuquerque, embora soubesse pelos miúdos que os ia ver todos os dias. Inicialmente tinha receio de voltar a encontrá-lo. Porém depois percebeu que ele estava ou nas urgências ou no bloco operatório, ou nas consultas externas. Só ia à enfermaria para a visita diária, e isso era sempre de manhã, fora de horas de visita.
Não percebia o que se passava com ela. Se por um lado receava encontrá-lo por outro desejava-o. Gostaria de poder falar com ele, saber como vivia, se tinha casado, se tinha filhos. Afinal, ele fora a pessoa que ela mais amara na vida, mesmo que ele pensasse o contrário. Sentir-se-ia melhor, se soubesse que não lhe guardara rancor, e era feliz.







12 comentários:

Pedro Coimbra disse...

A curiosidade matou o gato.
Aqui vai conduzir a outro destino.
Boa semana

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Um belo episódio que gostei de ler.
Vamos ver como reagirão Luisa e Nuno quando voltarem a encontrar-se.
Beijinhos e boa semana.
Ailime

Tintinaine disse...

Bom dia e boa semana!
E haja saúde que sem ela é um terror!!!

chica disse...

Torcendo por esse reencontro...Lindo te ler! beijos, chica

Jaime Portela disse...

Os capítulos sucedem-se e a sua narrativa continua muito boa. A Elvira é uma contadora de histórias que sabe o que faz. Na verdade é uma romancista.
Boa semana, amiga Elvira.
Beijo.

Cidália Ferreira disse...

Muito bem adorei :))
-
Balancei-me, esquecendo certas agruras

Votos de uma excelente semana. Beijo.

Paula Saraiva disse...

Muito interessante.

Boa noite

Daniela Silva disse...

Um episódio fabuloso. Gostei de ler minha querida, beijinho grande

eudaniela28.blogspot.com

Maria João Brito de Sousa disse...

Foi aqui que comecei a falhar; é aqui que agora retomo a leitura :)

Abraço!

teresadias disse...

Seguindo...
Bjs

João Santana Pinto disse...

Engraçado, pensei que a Elvira não iria resistir a os voltar a “marcar” encontro no regresso às visitas no hospital (sorrisos) mas resistiu e está a fazer-nos sofrer por aquele momento…

Gostei muito, em particular daquele último parágrafo, os textos valem pela soma do seu todo, pelos sentimentos que transmitem, pela qualidade da escrita, pelos toques de requinte e artifícios que enriquecem um texto ou o enredo e este último paragrafo, tem tudo isso e ainda contém os trunfos para um grande romance.
Abraço,

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Mais um capítulo agradável de se ler!
Beijos!