Luísa saiu do banho e envolveu-se numa toalha. Retirou do armário o hidratante e espalhou um pouco na palma da mão direita. Sentou-se num banco e deixou que a toalha escorregasse deixando o seu corpo nu e livre. Começou a espalhar o creme de forma automática. O seu espírito estava lá no passado. No curto noivado, e no casamento com o vizinho, que o pai lhe impusera. Luísa não gostava de Álvaro, embora ele fizesse todos os possíveis para ser simpático e delicado com ela. A farsa foi intensa, devia ter sido bem estudada. Mas a ela, sempre lhe parecera falso. Com trinta e sete anos, tinha quase vinte anos mais do que ela.
E depois a primeira esposa suicidara-se. Diziam que fora vítima de uma grave depressão. E que o marido sofrera um grande desgosto. Mas Luísa não conseguia sentir compaixão por ele. Antes pelo contrário, de algum modo desenvolvera uma estranha aversão e um medo, cujas causas não sabia definir.
Na época, a lei vigente no país só dava a maioridade ao individuo aos vinte e um anos. E ela fizera dezoito. Fora criada pelo pai, um homem rude, com muitas ideias retrógradas em relação ao papel da mulher na sociedade. Não havia como fugir da imposição paterna.
O casamento foi combinado entre os dois homens, para o terceiro domingo de Abril. Nessa noite Luísa chorara tanto que de manhã tinha os olhos inchados. Chorara por ela, por Nuno, pelo seu amor perdido. Se ao menos, ele não tivesse ido para África. Quem sabe, de algum modo, ele pudesse protegê-la.
Porém tudo o que chorou nessa noite, não foi sequer, uma ínfima parte do que choraria nas quatrocentas e vinte e sete noite seguintes. Mil anos que vivesse não esqueceria a sua noite de núpcias. A vergonha que sentiu, quando o marido lhe rasgara a camisa de dormir, e a deixara nua e exposta, sem qualquer ato de carinho ou compreensão com a sua pouca idade. E o medo que sentiu, quando ele tirou da gaveta umas tiras pretas e começou a amarrá-la à cama.
Mordeu os lábios afogando o soluço de terror. Como é que ela podia saber que era principalmente o choro dela, o terror, que o marido queria? Era quase uma menina.
Quando ele a penetrou de forma violenta enquanto lhe batia e lhe chamava nomes ofensivos, ela dorida, magoada, humilhada, e ingénua ainda teve um pensamento de culpa. Pensou, que homem experiente, ele tinha descoberto que já não era virgem e se sentia enganado. E como ela também não se sentia de bem com a sua consciência por ter ocultado esse facto, tentou perdoar. Cedo porem viria a perceber que não se tratava disso. Na verdade nunca chegou a saber se ele se apercebeu desse facto, já que nunca em todo o tempo de casada fez alguma referência ao caso. O marido, era um doente, que só satisfazia as suas necessidades sexuais, através do sofrimento e da humilhação que lhe infringia. Passaram-se alguns meses, até ela perceber, que quanto maior era o sofrimento dela, maior era a satisfação dele.
Quando ele a penetrou de forma violenta enquanto lhe batia e lhe chamava nomes ofensivos, ela dorida, magoada, humilhada, e ingénua ainda teve um pensamento de culpa. Pensou, que homem experiente, ele tinha descoberto que já não era virgem e se sentia enganado. E como ela também não se sentia de bem com a sua consciência por ter ocultado esse facto, tentou perdoar. Cedo porem viria a perceber que não se tratava disso. Na verdade nunca chegou a saber se ele se apercebeu desse facto, já que nunca em todo o tempo de casada fez alguma referência ao caso. O marido, era um doente, que só satisfazia as suas necessidades sexuais, através do sofrimento e da humilhação que lhe infringia. Passaram-se alguns meses, até ela perceber, que quanto maior era o sofrimento dela, maior era a satisfação dele.
Se ao menos engravidasse. Um filho podia ser um bálsamo para a sua dor. Mas ele assegurava-se de que isso não aconteceria. Ele mesmo lhe dava a pílula desde o primeiro dia para que a tomasse na sua frente e só deixara de usar o preservativo, um mês depois dela tomar a pílula. Claro se ela ficasse grávida, não poderia ser a escrava sexual que ele fizera dela.
Peço desculpa pela violência deste e do próximo capítulo. Vão perceber pelas memórias da protagonista, que embora ela nada soubesse sobre o assunto, casou com um homem que sofria de um transtorno que dá pelo nome de sadismo sexual.
Peço desculpa pela violência deste e do próximo capítulo. Vão perceber pelas memórias da protagonista, que embora ela nada soubesse sobre o assunto, casou com um homem que sofria de um transtorno que dá pelo nome de sadismo sexual.
9 comentários:
Neste dia pós-eleitoral é a Catarina Martins que se sente assim violentada!
Uma boa semana e cara alegre que chorar não cura doença nenhuma!
Bem real, infelizmente.
Os sádicos, em vários graus, ainda existem.
Boa semana
Forte capítulo e que nojo pensar que existem homens assim. Nem de animais podem ser chamados, pois animais são bons! beijos, chica
E que senhor transtorno, esse! :(
Forte abraço, Elvira!
Vem aí algum tarado sexual?
Gostei do capitulo!! :)
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Recordar...é viver na saudade 💖
Beijos, e uma excelente semana!
Custa ler, mas custa mais saber que casos destes acontecem de verdade.
Amiga Elvira, parabéns pela escrita sem filtros.
Beijo, saúde, Fevereiro feliz.
Boa noite Elvira,
Realmente muito forte este capitulo.
E saber que na vida real há tanto sofrimento semelhante ou pior o que é inimaginável.
Um beijinho e saúde.
Alime
Muita violência, mas é a realidade! Infelizmente, pelo mundo afora existem homens e mulheres sádicos.
Abraços fraternos!
A autora desde que a conheço que tem o hábito de retratar temas sensíveis, mas que devem ser tratados.
Eu não sei se este é um conto novo ou uma recuperação (esta ausência da blogosfera tem as suas desatenções).
A nível de escrita há apontamentos que muito me agradam, aqueles pormenores que a Elvira sabe que tanto gosto.
Pela própria preocupação da autora, nas notas finais, fico a pensar que será um conto “pesado”, mas neste ponto, há ainda a esperança de um final feliz.
Vou tentar ir recuperando a leitura. Bom fim de semana
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