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8.2.21

SONHO AO LUAR - PARTE XIV


Na manhã seguinte, quando Isabel chegou para o seu dia de trabalho, foi recebida por Antónia, que a informou que Hélder viajara na noite anterior. Informou-a também que o patrão antes de partir, lhe dissera para lhe comunicar que tinha deixado uma mensagem gravada para ela. 

Agradeceu o recado e dirigiu-se ao escritório para ouvir a mensagem. Ligou o gravador, e a voz grave fez com que as lágrimas voltassem a deslizar pelo seu rosto pálido.
" Bom dia, Isabel. Deves estar surpresa com a minha súbita partida, mas aconteceu algo que não posso adiar. Não sei quanto tempo vou estar ausente, espero que não seja muito. Até lá, estás de férias." 

Que podia ter acontecido para que tivesse de partir tão repentinamente? Algum problema com a editora e a publicação do livro? Mas se era isso, porque não o dizia? De qualquer modo, que lhe importava agora? Não tinha decidido ir-se embora? Pois ali estava uma boa oportunidade. 

Quando ele voltasse, já estaria longe. Tinha pena de se afastar da avó, tinha quase oitenta anos, não viveria muitos mais e ela sonhava estabelecer-se ali e ficar junto dela, o tempo que o destino lhe reservasse. Mas o melhor que fazia era voltar para o escritório na cidade. O seu lugar não podia ser ali, ao lado do homem que amava e simultaneamente tão longe dele.

Pensou deixar-lhe uma mensagem gravada. Mas desistiu. Que podia dizer-lhe? Que os dois eram vítimas de uma brincadeira do destino? Não. Levantou-se, desligou e guardou o gravador, abriu o computador e rapidamente redigiu e imprimiu a carta de demissão.
Desligou o portátil e a impressora, meteu a carta num envelope, que deixou em cima da secretária. Chamou Antónia, a quem disse que a ordem deixada era para ir de férias até à volta do patrão. Despediu-se e voltou para casa. Foi para o seu quarto, pôs a mala em cima da cama, guardou as suas roupas, e quando fechou a mala, viu a avó parada na porta do quarto.

A avó abriu os braços e ela correu para eles. Choraram juntas. Depois, mais calma a avó disse:
-Tenho medo de não voltar a ver-te, filha.
- Não digas isso, avó. Tinha, decido viver  contigo. Agora, não me sinto com coragem para isso. Mas prometo que venho ver-te muitas vezes. Um fim de semana, um feriado. O tempo suficiente para estar contigo, e não ter encontros dolorosos. O melhor mesmo era ires viver comigo, mas já sei que ninguém te arranca daqui.

Acariciando-lhe os cabelos, a avó perguntou com lágrimas na voz:
- Vais-te embora já?
- Não. Só depois do almoço.
- Então vem. Vamos tratar dele agora.

14 comentários:

Janita disse...

Que pena me deu esta súbita decisão de Isabel abandonar o seu sonho e também a avó, logo numa altura em que tanto precisam uma da outra.

Melhores dias virão, que a esperança é um sentimento universal. :-)

Um abraço e uma boa noite, Elvira.

Pedro Coimbra disse...

Um bom almoço ainda a faz mudar de ideias...
Boa semana

Tintinaine disse...

Bom dia e uma boa semana ao lado do marido que deve estar radiante com o percurso do Sporting nesta época. A mim só me dói que seja um benfiquista como o Rubem a dar este desgosto aos seus pares.

noname disse...

Esta moça é de repentes, ora decide uma coisa, ora decide outra. Tenho cá para mim, que volta mais depressa do que foi.

Beijinhos, Elvira

Maria João Brito de Sousa disse...

Não é assim tão simples fechar as portas a uma grande paixão, sobretudo antes de essa paixão se ter revelado...

Será que a Isabel ainda muda de ideias?

Forte abraço, amiga!

Beatriz Pin disse...

Cara Elvira,
Ja lí o conto. Gostei muito da historia. Lin-a en duas vezes. Asim é como gosto de ler porque por capítulos, sempre me esquezo de algum e nao tenho pacencia.
Ja lhe disse uma vez que os seus contos lembram-e muito os de Camilo Castelo Branco, pero os seus sao dos nosos tempos. Son historias de hoje em día.
Confesso que me fiz chorar a historia. Emocionoume.
Co seu permiso, gostaría de comparti-la cuma amiga.
Obrigada.
Abraço

Edum@nes disse...

As coisas que uma paixão obriga a fazer. Em vez de unir separa. Pode ser que essa separação seja o princípio do caminho para a união?

Tenha um bom dia, com sa~ude, amiga Elvira. Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Mais um maravilhoso episodio! :))
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Parece um parto feito em plena natureza
-
Beijos e uma excelente semana.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Um episódio muito bonito e emotivo. Gostei muito.
Vamos aguardar o que o futuro ditará.
Beijinhos e boa semana, com saúde.
Ailime

Toninho disse...

Emoção a flor da pele Elvira.
Um almoço e muita conversa muitas vezes mudam situações,
que até então pareciam complexas.
Belo capitulo amiga.
Feliz semana.
Carinhoso abraço.

Alexandra disse...

Continuo esperando os seus novos desenvolvimentos, Elvira.

Um abraço e saúde.

teresadias disse...

Oh!!!
E agora, Isabel vai embora? É uma partida do Hélder?
Ok Elvira, eu espero até amanhã.
Beijo, boa semana.

João Santana Pinto disse...

Tenho uma suspeita do que terá provocado esta saída inesperada (atendendo à informação dos textos anteriores) Será que a alteração à nova vivência psicológica do personagem terá surtido efeito a nível de ligeiras melhorias na visão?

Não acredito que ela acabe por partir... vamos ver

João Santana Pinto disse...

Espero que esteja bem. Vim verificar onde é que fiquei e prometo voltar com um pouco mais de tempo.

Quero aproveitar para deixar um abraço e que o fim de semana seja inspirado