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15.2.21

SONHO AO LUAR - PARTE XVII



Isabel, tivera um dia complicado no escritório. O telefonema de Hélder, no fim da manhã, contribuíra para uma desconcentração na parte da tarde, que a obrigara a um esforço extra para fazer alguma coisa de útil. Felizmente que no dia seguinte era sábado, podia descansar um pouco. Cansada, tomou um relaxante banho, espalhou sobre o corpo um creme hidratante, enfiou uma curta camisa de dormir, o robe de seda, e sem ânimo para fazer jantar, pensou em fazer um chá e duas tostas.

 Acabara de pôr a chaleira ao lume com a água para o chá, quando a campainha tocou. Espreitou pelo ralo, e ficou sem cor ao reconhecer o escritor. Olhou para si mesma, para a roupa inapropriada para receber visitas, que vestia, mas acalmou-se ao pensar que ele não podia vê-la. Mas seria mesmo ele? porque iria ele procurá-la, se nunca o fez em dez anos? E além disso ele nem sabia onde ela morava. Devia estar enganada. Nesse momento a campainha voltou a tocar de forma impaciente. Voltou a espreitar. Não havia dúvida. Era ele. Abriu a porta, quando ele se aprestava para tocar pela terceira vez.

- O que estás aqui a fazer? Como soubeste onde morava?
- Se me convidares a entrar, posso responder a isso e a muito mais.
- Mas estás sozinho? E o Rex?
Ele sorriu. Sem se dar conta, perguntando pelo cão guia, ela tinha-se denunciado.

- Já não preciso dele, - disse tirando os óculos e deixando-a mirar-se nos belos olhos escuros. Mas vamos ficar a conversar aqui ao pé da porta? Não me deixas entrar?
- Sim, claro, desculpa. Vem para a sala. Senta-te. Vou só apagar o lume, ia fazer um chá.

Regressou logo a seguir. Ele estava de pé, com uma foto dos dois na mão. Tinha sido tirada pouco antes de se separarem dez anos antes, e a lembrança do que tinha acontecido na época tingiu de carmim, as faces da jovem.

- Senta-te. Suponho que convenceste a minha avó a dar-te a minha morada, - disse sentando-se no sofá em frente dele. Só não entendo para quê? Dez anos é muito tempo, para ainda te lembrares de mim.
- Dez anos Isabel? Pensas mesmo que não te reconheci? Que não sei que eras tu que estiveste a meu lado estes dois meses?

Ela perdeu a cor. Balbuciou.
- Como o soubeste? E desde quando?
- Senti-o no primeiro momento na praia, quando me saudaste. Não quis acreditar, pensei que estava a ficar maluco, e por isso não te respondi. Depois, procuraste-me para te ofereceres como secretária, e fiquei meio convencido que realmente eras tu, mas a certeza, só a tive quando leste para mim. Lembrava-me bem quantas vezes, tínhamos lido um para o outro há dez anos. Quando falaste do teu amigo, senti vontade de te abraçar e te dizer que não podias esconder-te. Estavas dentro de mim, achar-te-ia sempre, mas depois pensei que devias ter uma razão para te esconderes, quem sabe tinhas um namorado, noivo, sei lá. 

Dez anos, é muito tempo, não sabia nada de ti, podias até ter casado. Esperei que fosses tu a falar. Além disso que podia eu oferecer-te, na situação em que me encontrava?  Mas logo depois, começou a acontecer algo, com que eu já não sonhava. Começava a distinguir formas e movimentos. Então assim que acabámos o livro,  fiz a mala e parti para Barcelona, pois tinha sido lá que tinha tentado todos os tratamentos para recuperar a visão, quando tive alta depois do acidente.    



E HOJE TAMBÉM ESTOU NO BLOGUE DA NOSSA AMIGA GRACITA.
AQUI   SE PUDEREM VÃO ATÉ LÁ

13 comentários:

Janita disse...

Aqui vai ficar Hélder a explicar-se e eu sem ouvir nada até quarta-feira. Isto de ler contos a conta-contas é um bocado frustrante. É o que há, não é Elvira?

Boa noite e um abraço.

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

Maria João Brito de Sousa disse...

Continua de vento em popa; a ver vamos como reagirá a protagonista...

Forte abraço, Elvira!

chica disse...

Que capítulo importante esse...Revelações...Gostando muito! beijos, chica e ótima semana!

noname disse...

E o que tem de ser, acontece.
Bom dia, Elvira, vou a casa da Gracita, até mais logo :)

silvioafonso disse...

Agora só quarta, é isso, Elvira?
Poxa...
Então, tá, né?
Beijos e até lá.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei deste capitulo.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

João Santana Pinto disse...

Isto está a avançar bem mais rápido do que imaginara possível... Fico quase a pensar "E agora?" "Que dificuldades é que vão surgir?" (sorrisos)

A autora já me habituo às suas "voltas" no enredo...

Um abraço e boa semana

Cidália Ferreira disse...

A estória continua empolgante!:)
-
Vagueiam sonhos da minha ilusão
-
Beijo e uma excelente semana!

teresadias disse...

Lindo este capítulo!!!
E agora Isabel?
Beijo Elvira, boa semana.

Teresa Isabel Silva disse...

Continuo a gostar de acompanhar!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

Duarte disse...

Amiga, sei que é uma reiteração, mas estamos encantados com aquilo que escreves.
Na tradução da Aula tivemos, outra vez, que interromper, agora até o dia um de Março. De seguir assim vamos continuar com a leitura no grupo de WhatsApp da Turma. Já te contarei.
Um grande abraço nosso e da malta.

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Um capítulo lindo, em que os, sentimentos falaram mais alto.
Adorei.
Beijinhos e ótimo dia com saúde.
Ailime