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24.1.20

OS SONHOS DE GIL GASPAR - PARTE XXX


- Já não chama. Ou ele desligou o telemóvel, ou ficou sem bateria – disse Marco.
- Nem uma coisa nem outra - disse Laura com voz trémula, esforçando-se para não chorar. - O Gil nunca faria isso. Ele mantinha-se sempre em contacto com a casa desde que a filha nasceu. Meu Deus deve ter tido algum acidente, esta maldita tempestade…
- Não nos precipitemos, o melhor que podemos fazer agora, é irmos à polícia - disse Alcides. Se ele teve algum acidente, eles têm o registo e podemos saber para que hospital foi levado. Posso ir sozinho, ou vamos todos.
- Vamos todos, claro – respondeu Marco.
- Esperem só dois minutos enquanto vou buscar um casaco e calçar uns sapatos – disse Laura dirigindo-se apressada para o quarto.
Meia hora depois estavam no posto de polícia onde um agente depois de os ter ouvido, verificava no computador, se havia algum registo de acidentes durante a noite na autoestrada do Norte.  A tempestade tinha fustigado a Península Ibérica, atingindo a maior intensidade entre a meia noite e as cinco da manhã desde a Galiza até Coimbra. Havia registos de muitas árvores arrancadas, casas destelhadas, rios que galgaram as margens inundando habitações ribeirinhas, mas não havia nenhum registo de acidente na estrada.
- Mas o meu irmão telefonou a dizer que vinha na autoestrada a caminho de casa e não chegou.
-Talvez se tenha apercebido que não podia continuar e tenha pernoitado em algum hotel, - disse o agente.
-Não há hotéis na autoestrada – insistiu Laura.
- Mas há saídas para as localidades.O mais natural é que tenha saído e esteja nalgum hotel, à espera de que passe a tempestade, que apesar de já ter tido, o seu pico máximo de intensidade, ainda está bastante forte lá para o Norte.
 Foi a vez de Marco afirmar:
-Teria telefonado.
-Se conseguisse. Há muitas localidades sem eletricidade, nem telefone. O telemóvel pode ter ficado sem bateria e não haver eletricidade para o carregar. De qualquer modo não posso ajudá-los mais. Aconselho-os a irem para casa e aguardarem, ele pode dar notícias a qualquer momento, - disse-lhes o polícia.
Alcides tirou da carteira um cartão e entregou-o ao agente dizendo:
- Por favor se chegar algum registo de acidente, telefone-me.
Saíram da esquadra e entraram no automóvel para regressarem a casa.
-Laura, porque não telefonas à Celeste? Pode ser que o Gil já tenha dado notícias – disse Alcides.
- Não acredito. A Celeste teria telefonado para mim, imediatamente. Sabe que fiquei muito preocupada.
- De qualquer modo não se perde nada em tentar - disse Marco ao mesmo tempo que marcava o número da casa do irmão
Ao terceiro toque Celeste atendeu:
- Residência do senhor Gil Gaspar, bom dia.
- Bom dia, Celeste, fala o Marco. O meu irmão já deu notícias?
- Não senhor. Não disse nada desde ontem à noite. Estamos todas muito preocupadas.
- Estivemos na polícia e não há registo de acidentes na autoestrada. O tempo está muito mau, talvez esteja à espera que melhore. Entretanto se ele telefonar ligue-nos logo.
-Fique descansado, senhor Marco.


13 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Onde é que o moço se meteu???
Kung Hei Fat Choi!

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Só não estamos preocupados , porque sabemos onde está , mas aquela familia está numa angustia que nem é bom pensar .

JAFR

Tintinaine disse...

Bom fim de semana, Elvira e espero que na segunda-feira possamos ter um capítulo mais compridito!

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história.

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

esteban lob disse...

¡Gran trama para un film de suspenso, amiga Elvira!
De esos que ponen los pelos de punta.

Cariño austral.

Janita disse...

A tempestade não derrubou só árvores e fez a água dos rios galgar as margens, provocou também muitos danos colaterais. Que venha o bom tempo!

Um abraço, Elvira.

PS- Estamos sempre a aprender. Sem que fizesse esforço, li a expressão castelhana do comentário anterior e adorei: "Poner los pelos de punta".
É mesmo assim que eu me sinto com esta novela. :)

Fá menor disse...

Seguindo sempre com bastante expectativa!

Bom fim-de-semana, amiga Elvira!

Beijinhos.

João Santana Pinto disse...

Continuamos atentos em duas frentes e, se de um lado, há a curiosidade no que vai acontecer entre o Gil e ela, por outro a questão do irmão.

Esta última questão levanta alguns problemas que existem na vida real e daí a sua grande importância. Por um lado, nem a polícia teria meios (devia) e por outro, a lei não obriga a que os órgãos de polícia criminal iniciem de imediato buscas... e o tempo que obriga a esperar... é demasiado se for um caso de vida ou de morte, e mesmo para as provas que se riscam perder.

Abraço e bom fim de semana

Edum@nes disse...

Não sabem do Gil nem onde o Gil está,
nem o motivo por que não dá noticias
do que aconteceu Gil não se lembrará
pessoas de sua família estão aflitas!

Bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Está tudo em alvoroço! Que aflição...

-
A alma despe a alegria
Beijo e um bom fim de semana!

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Muito angustiantes os momentos que a família está a passar.
Vamos ver como e quando terão notícias de Gil Gaspar.
Beijinhos,
Ailime

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Sem registros de acidentes, o homem desaparecido, família preocupada, enfim, capítulo cheio de suspense!
Beijos!

Ruthia disse...

Parece que perdi qualquer coisa da história, porque há leitores que sabem onde está o desaparecido... a tentar apanhar o fio à meada.
Beijinhos
Ruthia d' O Berço do Mundo