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26.12.19

CONTOS DE NATAL- O PÁSSARO DE NATAL




Era um inverno frio e nevoso. A mãe de Katia punha a mesa para o jantar. Havia leite e pão acabado de sair do forno.
— Hoje, quando fui levar ovos ao estalajadeiro, vi uns forasteiros na aldeia — disse Katia.
— Ele contou-me que está a deixá-los dormir no estábulo. Porque já não tem lugar dentro de casa — respondeu o pai. — Ao menos ali, junto da palha e dos animais, estão aquecidos.
— Gostava de saber quem são — disse a mãe. — Porque é que andarão de viagem com este tempo?
Quando Katia foi para o quarto, ouviu passos fora de casa e sentiu logo depois o pai abrir a porta. Esgueirou-se até às escadas e ficou à escuta.
— Onde é que vão? — ouviu o pai perguntar.
— Estás a ver além aquela estrela brilhante? — respondeu alguém. — Um anjo falou-nos e disse que, se seguíssemos a estrela, encontraríamos o recém-nascido. Queremos ver o novo rei e levar-lhe estes cordeiros.
Katia correu à janela. Efetivamente, no céu estava uma estrela brilhante que ela nunca tinha visto, exatamente por cima do estábulo do estalajadeiro. De todos os lados afluíam pessoas que seguiam a luz.
Katia demorou a adormecer, pensando no que acabara de ouvir. Acordou com os primeiros raios de sol.
— Hoje vou ver o pequeno rei — disse ao seu gato. — Mas o que hei de levar-lhe?
Não tinha muitos brinquedos, mas tinha algo muito especial: um pássaro de madeira pintado que assobiava quando se lhe soprava.
— Vou oferecer-lho — pensou. — E também vou levar o gato para o aquecer.
Katia desceu à cozinha.
— Quero ir ver o pequeno rei — disse à mãe. — Posso levar-lhe algum pão?
A mãe deu-lhe um pão, dizendo:
— Calça as botas quentes. Está muito frio lá fora.
Katia saiu de casa apertando contra si o gato, o pão e o pássaro de madeira, e atravessou a aldeia, feliz. Ao chegar às últimas casas, o gato soltou-se dos braços, pulou para o chão e correu para casa. Katia ficou um pouco triste.
— Bem, ainda tenho duas prendas para o rei — disse, atravessando a ponte sobre o ribeiro gelado. Depois, subiu a custo o caminho, pois estava coberto de neve. Um veado aproximou-se. Estaria com fome? “Será que tem fome? O pão é grande”, pensou Katia, “porque não hei de dividi- lo com ele?” Enquanto o veado mastigava, satisfeito, também ela foi comendo do pão. De repente, o pão acabou. Katia ficou com remorsos.
— Ainda tenho o pássaro para oferecer ao pequeno rei — disse para si mesma. — E é a prenda mais bonita.
Começou a nevar. O frio mordia-lhe nos dedos dos pés e das mãos. De repente, tropeçou e o pássaro caiu-lhe das mãos. Katia procurou e cavou na neve, as lágrimas queimavam-lhe a cara. Katia saltitava para se aquecer e depois continuava. Finalmente, os dedos bateram em algo duro. Era o pássaro de madeira! Pegou nele e soprou, mas não saiu som algum. Voltou a soprar mas o pássaro continuava mudo.
— Agora já não tenho nada para oferecer ao pequeno rei. O melhor é voltar para casa.
Nesse momento, viu um clarão doirado. Da porta do estábulo saía uma luz, um caminho que Katia se apressou a subir. Dentro do estábulo encontravam-se muitas pessoas e animais reunidos em volta do colchão de palha. A senhora olhou com ternura para Katia e o menino sorriu. Katia aproximou-se timidamente, pois o gato tinha fugido, o pão desaparecera e o pássaro estava estragado. Mas, ao ajoelhar-se em frente ao novo rei, sentiu dentro de si uma alegria enorme. O pequeno rei fechou as mãos em volta do pássaro e, em seguida, abriu-as. E das suas mãos voou o passarinho!
Quando Katia deixou o estábulo, o pássaro acompanhou-a, voando por cima dela a cantar maravilhosamente.
Ao regressar a casa pela neve bem funda, levava com ela o calor do estábulo e uma felicidade que nunca antes sentira.


Bernadette
Der Weinhachatsvogel
Lüneburg, Findling Buchverlag
(Tradução e adaptação)

9 comentários:

Minas cap disse...

Olá , estou acompanhando este site e estou adorando seus artigos são muito bons mesmo parabéns.
Rio de premios

Pedro Coimbra disse...

Boas Festas!

chica disse...

Mais um lindo! beijos, tudo de bom,chica

Maria João Brito de Sousa disse...

Tudo de bom!

Abraço, Elvira!

Fatyly disse...

Mais um conto excelente e desejo que tudo esteja a correr pelo melhor contigo e com os teus.

Beijos e um bom dia

Rogério G.V. Pereira disse...

Há pássaros de madeira
assim
Eu tinha um
e voou também
Sempre que temos em mente
uma determinação persistente
há sempre um pássaro
de madeira
voando à nossa frente
e se perdendo na linha do horizonte

Mar Arável disse...

Cá estarei par me deliciar com os belos textos
Bom ano Bj

lis disse...

Oi Elvira
Um delicia de conto_ generosidade é uma qualidade muito apropriada nesse mes de dezembro_pena que nem sempre perdura durante o ano seguinte.Vamos crer que assim será.
Que continue nos oferecendo seus contos que são como 'pássaros' esvoaçando sobre nós, estimulando nossa imaginação e fantasia.
Obrigada, amiga pela companhia até aqui e prossigamos juntas acalentando uma a outra, seja com boas historias, seja com a presença gratuita que criamos nesses espaços nossos.
Uma grande virada de Ano com saúde e muito amor.

Ana Freire disse...

Mais um conto encantador e comovente! Uma maravilhosa selecção de Natal, Elvira!
Um beijinho grande!
Ana