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30.5.16
MANEL DA LENHA - PARTE LXXX
Estamos em 1978. Dez anos antes, os donos da Seca, herdeiros do Sr Vasco Bensaúde, ofereceram o lugre bacalhoeiro Hortense, um belo barco de 3 mastros, para um museu da pesca, nesse ano já não foi à campanha. O local escolhido para ancoradouro do navio museu, foi no porto de Lisboa, junto à Escola Profissional de Pesca. O museu acabou por não ser criado e em Maio de 1971, num violento temporal, o lugre foi atirado para um baixio em frente às instalações Companhia União fabril. Ali encalhado, e sem que o estado, actual detentor do navio fizesse algo para o recuperar, o navio passou a ser abrigo de pescadores ocasionais, que ali cozinhavam as suas refeições. Em Dezembro desse mesmo ano, talvez por um descuido de algum pescador, deflagrou um incêndio incontrolável a bordo que destruiu o belo navio.
Em 1969 depois da safra, o Gazela não se preparou para a campanha. O belo lugre, talvez o mais belo barco que participou nas campanhas, estava obsoleto para continuar na pesca à linha. Assim é vendido ao Museu Marítimo de Filadélfia, que, entretanto, procurava um veleiro histórico. Partirá em 1971 para o referido museu onde será parte integrante do museu durante muitos anos, até que dificuldades financeiras do mesmo o vendem à associação Ship Preservation Guild, que tudo tem feito para o preservar e manter em excelentes condições apesar dos seus quase 180 anos. Com uma tripulação voluntária, efectua, no Verão, pequenos cruzeiros e visitas a vários portos, figurando nas mais diversas festividades.Depois no Inverno arreiam-se os mastros, o navio é coberto com uma tenda plástica, e procede-se às reparações necessárias para que volte a estar impecável no ano seguinte.
A seca ficou então, desde 69 com apenas 3 navios. O Creoula, o mítico Argus, e o Neptuno. No ano seguinte, foi a última campanha do Argus. E em 1974 com a proibição da pesca à linha, ficou só o Neptuno, um navio motor de aço, construído nos Estaleiros Navais de S. Jacinto, em 1957, tendo feito a primeira campanha em 1958, por ter sido em 1972 transformado para a pesca com redes de emalhar com 6 lanchas, e assim poder continuar a ir à pesca.
Como a família Bensaúde, proprietária da Seca, nunca se interessou por navios arrastões adivinhava-se que o trabalho na Seca, nunca mais seria o mesmo.
Ora se anteriormente eram 5 navios e o trabalho todo manual, agora com máquinas de lavar peixe, abolidos os carrinhos de mão, e substituídos pelos grandes grandes, puxados por tractor, e apenas com um navio, a safra se fazia em pouquíssimo tempo, e com poucos trabalhadores.
Agora, o Neptuno vai ser de novo transformado. Desta vez para navio congelador. Vai ser um ano sem pesca, a seca vai receber bacalhau de outros armadores.
O Gazela em Filadélfia.Imagem do Google
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18 comentários:
Os veleiros não tinham condições de trabalho mas eram muito belos como demonstra a ultima fotografia.
Um abraço e boa semana.
Texto ótimo eu não conhecia amei as imagens, blog maravilhoso
sucesso seguindo tenha uma semana abençoada.
Blog:http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/
Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM
Uma construtiva lição,
vivendo e aprendendo
a história da navegação.
A terra é que tudo cria
o fogo é tudo consome
no rosto não há alegria
quem vive no mundo com fome!
Tenha um bom dia, amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Elvira...uma vida nada fácil...bj
Elvira...uma vida nada fácil...bj
As coisas estavam mudando, mas o navio novo, lindo! bjs, ótima semana! chica
Tão lindos de se apreciar. Sou fascinada por embarcações náuticas.
bjokas =)
Uma nova revolução industrial, agora com as máquinas a tomarem progressivamente o lugar das pessoas.
Acompanhando a história.
Tenha uma ótima semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Novos tempos e as coisas se modernizando à beça...
Mais praticidade...
Bjs
E a vida do Manuel se foi ajeitando, com os filhos criados e portando com uma qualidade de vida muito melhor, O progresso é muito bom e necessário, mas vai substituindo o ser humano que vai ficando sem emprego. Elvira, obrigada por nos dares a conhecer tantos pormenores da história daquele tempos. Muita coisadesconhecia por completo. Um beijinho e fica bem, amiga. Emilia
Em Portugal o conservar não é mtº. habitual.
Deixar que se destrua sim.
Uma lástima.
Bjs.amiga
Irene Alves
Adoro cada pormenor da história! Estou por aqui, já deitada, a deliciar-me no seu cantinho.
Beijinhos
elisaumarapariganormal.blogspot.pt
Amiga Elvira, obrigada pelo seu carinho lá no meu canto. Tenho andado a remar contra a maré e pode ser que consiga sair a salvo. Não tenho publicado e nem tenho vontade para tal. A vida(ou as pessoas) é demasiado complicada. Estive a pôr a leitura em dia e gostei muito. Mais uma vez muito obrigada pelo seu carinho. Beijos com o meu carinho
É-me particularmente agradável saber destas curiosidades.
Bjinho, Elvira :)
Los veleros, los barcos en general apreciada Elvira, me reaparecen en gloria y majestad en tus historias. Siempre desde la época del colegio las he identificado con el alma misma de Portugal.
Abrazo austral.
Oi Elvira
Uma desgraça nunca vem sozinha
É assim a vida
Beijos
Minicontista2
Eu sinto tristeza.
Parece que, com a revolução chegou também a miséria - um outro tipo de miséria: a escassez de trabalho que a mecanização deve ter imposto ao remover tantos postos de trabalho.
Ainda hoje isso assusta-me.
E o navio oferecido ao Estado... deixado ao abandono.
O angariado por um estado estrangeiro.... conservado até hoje.
Nada muda, ou assim parece.
Muda-se a roupa, talvez.
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