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24.5.16
MANEL DA LENHA - PARTE LXXVI
1º de Maio de 1974. Imagem de arquivo da RTP
Enquanto em Portugal se vivem tempos de euforia, e também de alguns excessos que sempre acontecem nos processos revolucionários, a filha e o genro do Manel, têm um outro problema. É que o jovem como atrás se disse tinha metido um requerimento à Marinha para sair após a comissão, e na actual conjuntura política, a Marinha era o emprego certo que tinha e a saída era uma incógnita que talvez se transformasse num grande erro a prejudicar todo o futuro do casal. Analisados todos os prós e contras, o jovem faz novo requerimento à Marinha a solicitar, a continuação. Informa, que anteriormente requisitara a saída por não estar de acordo com a política do governo vigente, mas dado que a revolução tinha deposto o mesmo, tinha desaparecido o motivo que lhe fizera pedira a baixa, e pedia por isso que essa petição fosse anulada.
Posto isto, só lhe restava rezar, para que o pedido fosse aceite. Ele sabia, que em democracia, Portugal não podia continuar a colonizar outros povos. E com a independência, decerto a maioria do povo a viver em África regressaria ao "puto", (era assim que em África designavam Portugal).
O país não ia ter emprego para tanta gente. E ele teria 32 anos, 11 dos quais na Marinha.
Isto mesmo, contava a filha, numa carta que o Manel recebeu no último dia do mês de Abril.
No dia seguinte, era o 1º de Maio. O primeiro depois da queda do Governo. Milhões de Portugueses vieram para as ruas por todo o país. Ninguém queria ficar em casa, nesse dia tão importante para os trabalhadores, o primeiro que se vivia em Liberdade. Ao som do grito de guerra, "O povo unido, jamais será vencido" empunhando a bandeira nacional, bandeiras partidárias ou slogans políticos, o povo desfilou pelas ruas de Norte a Sul do País. Mas não só. Também nas colónias o 1º de Maio foi festejado, com a exigência da libertação dos presos políticos.
Na verdade, a ordem de libertação dos presos políticos, uma das primeiras medidas da Junta, foi apenas para a Metrópole. Só no 1º de Maio, com a substituição do governador de Cabo Verde pelo Comandante-Chefe Comodoro Pedro Fragoso Matos, nomeado Encarregado do Governo, foram libertados os presos políticos do Tarrafal
Etiquetas:
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14 comentários:
Continuo por aqui a acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Datas que marcaram o meu regresso a Portugal!
Bj
O Manel tomou a atitude mais sensata de continuar na marinha.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Deu pra sentir a emoção do povo alegre nesse 1º de maio, já da liberdade! bjs, chica
Já cá vim por-me a par...:) Um beijinho e boa 3ºfeira;)
Alegria imensa, hein, sendo vivida!
Um abraço
(Tentei deixar um comentário no Imagens, mas não consegui!?)
Boa tarde de 3a feira, Elvira...
Existem dias e passagens capazes de marcarem para sempre as nossas vidas.
Cadinho RoCo
Tantas grandes esperanças depositadas nesse primeiro 1º de maio e bastou um ano, para que elas começassem a cair por terra !
Lembro que no segundo 1º de maio já não havia qualquer tipo de solidariedade democrática e que o próprio Mário Soares (de então) fosse proibido de o festejar, sendo-lhe vedada a entrada no Estádio onde se festejava esse segundo 1º de maio ! ... Um sinal muito forte de que as coisas não poderiam caminhar bem daí em diante ! :(
Um abraço, Elvira :)
Elvirinha, o texto continua fluindo muito bem. Sua narrativa está perfeita, o que nos mostra sua maestria em contar histórias.
Deu até pra perceber um pouco de emoção sua nesse capitulo.
Muito bom! Adoro ler suas escritas.
Uma clarificação histórica que fez muito bem relembrar - a libertação dos presos políticos do Tarrafal, o nosso Guantanamo.
Olá, Elvira.
Datas de alegria genuína guardadas nas memórias de todo um povo.
bj amg
Vim agradecer as amáveis palavras que deixou no meu Rochedo e dizer que já respondi aos seus comentários.
Entretanto, aproveitei para ler alguns posts e gostei do que li. Por isso, embora seja parco nos comentários, conte comigo por aqui mais vezes.
Bem Haja
Memórias... nem sempre das melhores e que não se esquecem.
Tudo de bom.
Tenho ainda bem presentes os registos da libertação dos presos políticos. Uma emoção!
E o primeiro de Maio em liberdade foi algo de muito marcante!
Bjo
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