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21.9.07

O REENCONTRO DE UMA AMIZADE

Hoje eu vou falar de uma amizade, dos desencontros e reencontros da vida. e a estória conta-se assim.

Nos anos 70 eu gostava como hoje de escrever. E andava embriagada com a possibilidade de escrever o que me ia na alma, sem o perigo de vir a ser presa, pela polícia política. E então desatei a escrever textos a que pretenciosamente naquela altura eu chamava poemas. Textos que enviava para jornais e revistas. Devo dizer que alguns foram publicados. Ora como eu havia outros jovens a escrever para essas mesmas publicações. Entre outros havia uma jovem que escrevia muito bem e com quem desenvolvi uma relação de amizade. Chamava-se, e chama-se São Banza. Nome de guerra claro.

Nos inícios dos anos 80 dois factos completamente antagónicos mudaram a minha vida. Primeiro o meu filho, que nasceu em 1980, e foi uma grande alegria e uma felicidade, de á muito sonhada. Pouco tempo depois minha mãe sofreu o primeiro de três AVCs que a deixaram paraplégica até hoje. A minha vida deu uma volta de 360º. Deixei de escrever, deixei de ler, passei a viver em função destas duas pessoas. A mãe e o filho. Até o marido ficou um pouco descurado. Após 3 anos, eu estava completamente de rastos, e resolvemos contratar uma pessoa para cuidar da minha mãe a tempo inteiro. Meus irmãos estiveram de acordo, e durante alguns anos ficou assim. Eu não fui mais a mesma, em relação á vida anterior. Mais tarde a minha mãe ganhou um pouco de autonomia, passou a comer por mão dela, a dar uns passinhos arrastando a perna esquerda, e como a vida estava difícil, ficámos com empregada só duas manhãs por semana para as limpezas maiores, e voltei a tratar dos meus pais, mantendo-se este programa até hoje.

De vez em quando tinha saudades da São. Não sabia se era viva ou morta, se tinha continuado a escrever ou se como eu tinha deixado de o fazer.

Há uns dias andava a limpar o móvel da sala, e eis que me cai no chão um poema da São. E pensei: E se eu fizesse uma pesquisa na net? será que a encontraria?

Fiz a pesquisa. E encontrei a minha amiga, que precisamente nesse dia tinha iniciado um blog.

Através dele entrei em contacto com ela. Soube que continua a escrever, e que até já publicou um livro que se chama "Ouro Velho"

Estou muito feliz, porque reencontrei uma amiga.

E vou deixá-los com um pequeno poema dela para que possam conhecê-la melhor.





NÃO PENDURES O CORAÇÃO



Não pendures

O coração

No interior

Dos espelhos:

Trás para a rua

O rio que te magoa

Acima dos animais

--Ainda que o sabor

A sal sepulte

A música

Nos cabelos

Dos desterrados



São Banza

28 comentários:

Anónimo disse...

tudo de bom são reencontros, elvira querida.

hoje vou reencontrar um amigo queridissimo.

beijo

Pitanga Doce disse...

Oh Elvira! E não dizes o endereço do blog da São? Pelo poema já se vê que vale a pena ir lá.

beijinhos e logo mais há post novo.

fj disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
fj disse...

Muita sorte!! lindo encontro Vira;)
Eu tamb�m gostava de encontrar um algu�m, que por uma causa ou outra n�o tenho a certeza de qualquer certeza, que esse algu�m ainda exista..
Com Uma d�vida ficarei at� um dia, teria sido eu uma das ultimas pessoas a dialogar com essa pessoa?
Mas n�o desisto de um dia qualquer, poder dizer aqui ou noutro lugar, O mesmo...ENCONTReiii esse algu�m!!!

Elvira, Visteszzz (ops..VIU) a minha resposta, a um dos seus comments?
;)

Isamar disse...

E sempre que encontramos um amigo ou reencontramos é motivo para festejar. Estou feliz por ti mas estou, sobretudo, feliz por te ter conhecido. Gosto de ler os teus posts, gosto dos teus blogues e já gosto muito de ti. As palavras que deixas registadas nos comentários trazem um bocadinho da pessoa bonita que és. Sem artifícios,muito natural, muito simples.Já por algumas vezes deixaste referências ao que tem sido a tua vida.Semeias afecto, Elvira! É muito bom estar aqui contigo.
Obrigada. Continua, amiga!E, por favor, trata-me por tu. Temos muito em comum, já to havia dito. A forma como falas dos teus pais é de uma grande dedicação. Gosto de pessoas dedicadas. Gosto de colher aquilo que tu tão bem sabes semear.
Beijinhos mil

Geo Schumacher disse...

Querida Elvira! As vezes as pessoas não se dão conta de como tocam o nosso coração, as vezes não dizemos a essas pessoas o quanto são queridas e importantes, fico feliz que tenha uma recordação tão boa da sua amiga São, fico feliz também por tê-la reencontrado.

Reencontrar é reencontrar-se com suas lembranças, com a vantagem de poder renová-las ou resolvê-las.

Eu tive uma amiga, de infância, da qual guardava doces lembranças, nos separamos ainda pequenas e depois nunca mais a vi, sempre lembrava das cantigas que cantávamos e dela com muito carinho...mas, quando tive a oportunidade de saber dela, ela já estava em outro plano, triste fiquei, mas o presente de sua amizade ficou guardado em mim...assim como os poemas da sua São.

Um beijo pra vc e um lindo fim de semana!! Geo

Luna disse...

Nada acontece ao acaso
No dia que fizeste a pesquisa na net
Tinha aberto um blog a tua amiga
A amizade é algo lindo que não se percam nunca mais
Bj
luna

mismilesimas disse...

Que bueno!! que te hayas reencontrado con tu amiga. La forma del reencuentro fue muy mágica.
Pasanos la dirección de su blog, si quieres.
Besos, buen fin de semana.

Anónimo disse...

o que sempre me impressiona é o verdadeiro amor...aquele não dos livros...mas da própria vida...porque amor é isso lavar a merda de um filho ou de uma mãe paraplégica...com lágrimas nos olhos...ainda que muitas vezes sem vontade...sem paciência...amar é estar lá, quando mais ninguém está....sem outra recompensa senão saber que deixamos um pouco melhor o "objecto" do nosso amor... está enganada Elvira se pensa que pasou ao lado da felicidade de oportunidades incriveis...nada há de melhor que poder amar...
Um Beijo e admiração
Vicente

Unknown disse...

Gostei muito do texto a vida às vezes prega-nos partidas, ao ler o teu texto deu-me forças para tentar reecontrar umas pessoas que nunca mais soube nada,já lá vão quase 20 anos....
Deixo sempre para amanhã
um abraço
brisa de palavras

JuanMa disse...

Como decimos en España: el mundo es un pañuelo. Me alegro de su reencuentro. Saludos.

MANIA disse...

Passo por aqui com alguma frequência,pois comentas blogues comuns,mas creio ainda não ter tido oportunidade de deixar algo.
Hoje particularmente teria que o fazer!e dizer-te o quanto te compreendo e admiro!
O poema não caiu por acaso... pensaste com força na tua amiga, e como gostarias de saber dela....o resto aconteceu!
Sucedeu-me o mesmo hoje dia 21...
Sonhei com uma certa e importante pessoa na minha adolescência, e que nunca mais vi nem ouvi falar.Durante todo o dia não me saiu do pensamento.
Quando por volta das 18h estava a sair do hospital onde trabalho, cruzei-me com uma mulher triste e enlutada,cujo rosto me pareceu já ter visto.
Abordei-a,conversamos durante imenso tempo,pois efectivamente tínhamos sido colegas de colégio.
Soube então,que o marido dela "no meu sonho e pensamentos"tinha falecido há 12 dias neste hospital.
Alegra-te e dá graças á vida.
Um grande beijinho

Juℓi Ribeiro disse...

Querida amiga Elvira:

Me sinto muito feliz por estar
aqui e fazer parte do teu grupo
de amigos
Linda poesia!
Que bom que você reencontrou
sua amiga!
"As amizades verdadeiras continuam a crescer e não morrem apesar de longas distâncias..."
Obrigada pelo carinho.
Um abraço carinhoso.

Isamar disse...

Venho deixar-te um abraço apertadinho, grande, como a amizade que os teus posts encerram.
A feira de Azeitão? Conta como e quando era.
Gosto destas recordações.

Deixo-te beijinhos, mil, e desejo-te um bom fim de semana.

António Inglês disse...

Elvira

Estou sem palavras.
Creio que já lhe tinha chamado a atenção para o facto de trilhar-mos caminhos muito parecidos. Quer os locais, quer mesmo em muitas situações que a vida nos vai apresentando.
Sabe que tive uns amigos de apelido Banza que viviam e penso ainda vivem na margem sul, Barreiro? não faço ideia por onde andarão, mas alentejanos de cepa, bons companheiros e que nunca mais vi.
É assim a vida. Encontros e desencontros como dizia o saudoso Henrique Mendes que tinha o condão de me deixar de rastos com aquele seu programa...
Nada acontece por acaso minha amiga.. esse poema...
Comigo dá-se uma coisa espantosa. Tenho muitos sonhos e pressentimentos... a minha mulher costuma dizer-me que fica arrepiada quando lhe falo em alguém com quem sonhei... é que passado pouco tempo a pessoa aparece-me...
Um bom fim de semana e que a vida lhe vá retribuindo a bondade, o amor e o carinho que a Elvira põem no que escreve.
Quem sabe se não terei algures mesmo uma irmã???
Um abraço
José Gonçalves

Pena disse...

Simpática e doce Amiga:
Sabe, tem um coração do tamanho do Mundo inteiro.
Pela beleza expressa neste belo texto prefiro silenciar-me, não dizer uma única palavra. Fiquei deslumbrado e comovido.Com é doce e tem tão belos sentimentos!
Não leva a mal, é: SIMPLESMENTE TERNA E ADORÁVEL!
Um bem-Haja pelo talento.
Beijos amigos de muita consideração e respeito.
pena

Alexan disse...

Os reencontros con persoas queridas, sempre son moi satisfactorios.
Unha historia conmovedora. É vostede unha escritora fabulosa, que enternece os corazons. Gustoume moito o poema da sua amiga.
Unha aperta

Anónimo disse...

La vida está llena de encuentros y desencuentros. Debemos alegrarnos, como te pasa a ti Elvira, cuando se producen los primeros.

Un abrazo.

Anónimo disse...

Acabei de ler!
Estou sem palavras!
Do fundo do coração, toda a minha amizade e gratidão!
Além do mais, continua escrevendo fabulosamente bem!
Mas gostaria que passasse pelo ourocru, se não se importa. Terá também uma surpresa!
Grande, grande abraço da São B.

Jorge P. Guedes disse...

O mundo é mesmo uma pequena esfera achatada nos polos!

Que feliz reencontro, Elvira!

Um abraço.

paideleo disse...

Fermosa historia mistura da vida real e a virtual.
Alédome polas dúas.

|Renata_Emy| disse...

Msg encaminhada p/ tds os meus indicados...
(Renatinha está com pressa!!!) =P

Favor pasar em meu blog p/ receber seu prêmio!!!

Beijos

Osc@r Luiz disse...

Esses reencontros ajudam a superar as dificuldades da vida.
Fico feliz por você e estimo as melhoras de sua mãezinha.
Quanto ao seu filho, hoje com 27 anos, como na sua história não mais se referiu a ele, suponho estar bem e desejo que assim permaneça.
Quanto a você e à sua amiga, desejo que tenham muita saúde para jamais parar de escrever.
Um beijo, minha amiga e um domingo iluminado.

Unknown disse...

A amizade é algo que perdura pela vida inteira, tratando-se dos anos 60/70, é sem duvida uma amizade marcante. A canga pesava muito,o trabalho de sol a sol,os parcos ordenados, a exploração infantil, a repressão policial, a guerra e por aí fora.Por parte de quem tinha poder tudo era válido, por vezes até arrancar olhos.Por isso tiro o chapéu a todos os jovens que nessa época, já tinham horizontes mais latos e, a ousadia do desafio... parabéns pelo reencontro.
Quanto aos acontecimentos familiares, por um lado o nascimento do filho e a explosão de alegria... Quanto ao grave problema que atingiu a tua mãe, aqui só posso dedicar-te esta simples frase.
Filho és e pai serás,conforme fizeres assim encontrarás... Face ao que fizeste e ao que actualmente fazes, mereces um futuro dourado. Força para continuares a praticar esse bem tão necessário...

Paulinha disse...

Os reencontros são bem bons. O mundo é pequeno e a cada virar de esquina encontramos alguem conhecido! beijos

Anónimo disse...

A vida dá muitas voltas e por isso muitas vezes mesmo as grandes amizades se perdem nessas voltas.
Cada um segue um rumo diferente e nunca mais se encontram.
Porém, há casos assim, em que as pessoas se reencontram passados tantos anos que, se se encontrassem casualmente na rua, provavelmente nem se reconheciam!

Azul disse...

é engraçado: quase ao mesmo tempo que tu reencontraste esta amiga, eu reencontrei, também através da internet, um velho emuito querido amigo meu.
Acabámos por combinar encontra-nos e , no final, chegámos á conclusão de que o tempo não passou sobre nós.
Isto foi tão bom, que me deixou, de certa forma nostálgica.
Tenho medo que o tempo e o dia-a-dia nos voltem a separar e gosto tanto dele que não queria que isso acontecesse.
Daí , se calhar, e tal como tu escreveste no meu canto, o meu sol ter ficado um pouco enublado.No entanto, não há nada como a feelicidade que sentimos ao encontrar velhos amigos e constatar que eles também não se esqueceram de nós, não é????...
Boa, minha querida, não deixes essa amiga fugir outra vez!

Azul disse...

mais: não foi quase ao mesmo tempo : foi no memso dia!
21 de Setembro!