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11.11.18

ESTRANHO CONTRATO - PARTE XVII

Não abriu a porta. Bateu com os nós dos dedos.
-Entre
Entrou e fechou a porta atrás de si, ficando na expectativa.
Afonso deu a volta à secretária e dirigiu-se para ela.
-Senta-te. – Disse indicando-lhe o sofá. Esperou que ela se sentasse e fez o mesmo. Continuou.
-Deves estar cansada, não é fácil cuidar de quatro crianças tão pequenas. Podias ter aceitado a ajuda da minha irmã.
-A Graça vai embora depois de amanhã. Tenho que me habituar. E depois tenho a ajuda de Simão, – respondeu.
-Reparei que ele não é como o irmão. Parece triste.
-Sempre foi uma criança mais comedida nos sentimentos. E soube há poucos dias, que o pai morreu. Tinha-lhes dito que andava em viagem, mas ele ouviu uma conversa da avó com uma vizinha e questionou-me.  Tive que lhe contar a verdade. É muito responsável e acredita que tem de cuidar de mim e do irmão.
- E eu? Sou um intruso que odeia?
-De modo algum. Mas não esperes que seja tão espontâneo como o irmão. Ele é cauteloso. Tem de sentir que o chão onde põe os pés, é firme. Mas se percebe que assim é e se entrega, é um menino amoroso.
- Bom, sendo assim espero ganhar a sua confiança em breve. A Ana e a Marta, aceitaram-te como se estivesses com elas desde que nasceram.
- É natural, eram tão pequenas quando a mãe morreu que nem devem recordar-se dela. O mesmo acontece com João que só conheceu o pai por fotografia. O Simão é mais velho,  lembra-se, amava o pai, e tinha por ele uma grande admiração.  
Falavam nas crianças, chamando-as pelos nomes. Nem um nem outro se atreviam a dizer “nossos filhos” o que pressupunha uma intimidade que não havia entre eles, mas também não diziam, os teus filhos, os meus filhos, para que o outro não pensasse que não cumpriam a sua parte no acordo. Francisca quebrou o silêncio que se instalara.
- A Graça disse que me querias falar. Passa-se alguma coisa?
- Amanhã, é o dia dos meus ex-sogros virem passar o dia com as netas.
Propositadamente não lhes falei de ti nem das minhas intenções de voltar a casar. 


reedição






7.11.16

ESTRANHO CONTRATO - PARTE XVII

Não abriu a porta. Bateu com os nós dos dedos.
-Entre
Entrou e fechou a porta atrás de si, ficando na expectativa.
Afonso deu a volta à secretária e dirigiu-se para ela.
-Senta-te. – Disse indicando-lhe o sofá. Esperou que ela se sentasse e fez o mesmo. Continuou.
-Deves estar cansada, não é fácil cuidar de quatro crianças tão pequenas. Podias ter aceitado a ajuda da minha irmã.
-A Graça vai embora depois de amanhã. Tenho que me habituar. E depois tenho a ajuda de Simão, – respondeu.
-Reparei que ele não é como o irmão. Parece triste.
-Sempre foi uma criança mais comedida nos sentimentos. E soube há poucos dias, que o pai morreu. Tinha-lhes dito que andava em viagem, mas ele ouviu uma conversa da avó com uma vizinha e questionou-me.  Tive que lhe contar a verdade. É muito responsável e acredita que tem de cuidar de mim e do irmão.
- E eu? Sou um intruso que odeia?
-De modo algum. Mas não esperes que seja tão espontâneo como o irmão. Ele é cauteloso. Tem de sentir que o chão onde põe os pés, é firme. Mas se percebe que assim é e se entrega, é um menino amoroso.
- Bom, sendo assim espero ganhar a sua confiança em breve. A Ana e a Marta, aceitaram-te como se estivesses com elas desde que nasceram.
- É natural, eram tão pequenas quando a mãe morreu que nem devem recordar-se dela. O mesmo acontece com João que só conheceu o pai por fotografia. O Simão é mais velho, conheceu e lembra-se do pai.
Falavam nas crianças, chamando-as pelos nomes. Nem um nem outro se atreviam a dizer “nossos filhos” o que pressupunha uma intimidade que não havia entre eles, mas também não diziam, os teus filhos, os meus filhos, para que o outro não pensasse que não cumpriam a sua parte no acordo. Francisca quebrou o silêncio que se instalara.
- A Graça disse que me querias falar. Passa-se alguma coisa?
- Amanhã, é o dia dos meus ex-sogros virem passar o dia com as netas.
Propositadamente não lhes falei de ti nem das minhas intenções de voltar a casar.