- É simpático da parte dele, tanto mais que o tempo que anda de casa em
casa é tempo que rouba à família, - disse Anabela
-O Ricardo não tem família, foi criado num orfanato, - respondeu Diogo. É
um ótimo rapaz e gosta de ver a alegria das crianças ao receberem as prendas. E
na empresa todos gostamos muito dele. Vive num quarto, que o Pedro lhe cedeu
gratuitamente a troco de ele lhe tomar conta da casa, quando tem de se ausentar. E
nesta época, como o Pedro vai para a terra passar o Natal com os pais, nós
combinamos fazer um sorteio e todos os anos o Ricardo passa o Natal com um de nós.
A minha casa era a última da lista. Agora vai mudar de roupa e vai para a
casa do Elísio, com cuja família passará o Natal este ano. É um rapaz atinado,
põe de parte todo o dinheiro que pode, a fim de poder alugar uma casa. Qualquer
dia arranja uma namorada e casa-se, pois segundo diz o maior sonho dele é ter
uma família.
Olhem a Patrícia- disse mudando de conversa e chamando a atenção para a
filha que no chão, no meio de vários brinquedos e papeis rasgados enfrentava
uma luta entre o sono que lhe ia fechando os olhitos e a vontade de continuar a
brincar.
-Não está acostumada a deitar-se tarde, - disse Paula levantando-se. Vou
deitá-la. Vens comigo?
-Claro, - respondeu Anabela, levantando-se também.
Paula pegou na filha ao colo e seguiu para o quarto dela, seguida da amiga.
Mais tarde, depois de terem deitado a pequena Patrícia, e se terem juntado
a Diogo na sala, Paula disse à amiga:
-Então conta-nos lá, como vai a tua luta com o doutor casmurro.
-Não há muito que contar. Depois de algumas batalhas verbais, a nossa
relação doente-cuidadora entrou nos eixos.
- E como é ele como pessoa? Não me refiro ao moral, que um homem que tem
saído do seu conforto para cuidar dos desvalidos da sorte, tem por força que
ser boa pessoa. Refiro-me ao físico. É bonito, feio, ou …
-Não estou lá para lhe admirar a beleza, ou a falta dela, mas para ajudá-lo
a andar de novo…
-Sabemos disso! Mas tens olhos na cara, não acredito que tenhas perdido a
capacidade de admirar um homem.
-Depois do que sofri com o Óscar, tenho pouca vontade de admirar a beleza
masculina. E quando cheguei, ele estava tão magro, tão magro que fazia
aflição e no rosto a barba grande não dava para ver grande coisa, além de uns
olhos, que apenas mostravam dor, desespero e vontade de desistir da vida.
Com pouca vontade de continuar a
falar sobre o doente, Anabela levantou-se dizendo:
-Estou cansada. Vamos trocar as prendas, e se não se importam vou dormir.
-Mas, se ainda não tocaste nas filhoses nem em qualquer outro doce! –
protestou a amiga.
-Fica para amanhã. Não me apetece nada a não ser um chá, - disse
encaminhando-se para a árvore a fim de recolher os presentes que trouxera, para
dar ao casal.
6 comentários:
A conversa estava a incomodar...
Bfds
Perguntas insistentes que ela não queria responder...
Lindo fds!
beijos, chica
Se eu já simpatizei com o Ricardo, quando ainda nem o nome dele sabia, agora fiquei a gostar mesmo. Só tenho pena de não ser jovem e ele não ser verdadeiro...acho que faríamos um casal feliz.
Gostei do capítulo de hoje.
Um abraço, Elvira.
Não estava muito expansiva a nossa Anabela!
Talvez comece a sentir algo que nem a si própria quer confessar!
Ricardo...
O que sente a Anabela? Saudades do Tiago? Hum!!!!
Beijo, feliz fim-de-semana.
Boa noite Elvira,
Anabela não estava a gostar da conversa...Porque será;)?
Beijinhos e feliz dia da Mãe.
Ailime
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