Seguidores

5.5.23

CICATRIZES DA ALMA, PARTE XLIII

 


- É simpático da parte dele, tanto mais que o tempo que anda de casa em casa é tempo que rouba à família, - disse Anabela

-O Ricardo não tem família, foi criado num orfanato, - respondeu Diogo. É um ótimo rapaz e gosta de ver a alegria das crianças ao receberem as prendas. E na empresa todos gostamos muito dele. Vive num quarto, que o Pedro lhe cedeu gratuitamente a troco de ele lhe tomar conta da casa, quando tem de se ausentar. E nesta época, como o Pedro vai para a terra passar o Natal com os pais, nós combinamos fazer um sorteio e todos os anos o  Ricardo passa o Natal com um de nós.

A minha casa era a última da lista. Agora vai mudar de roupa e vai para a casa do Elísio, com cuja família passará o Natal este ano. É um rapaz atinado, põe de parte todo o dinheiro que pode, a fim de poder alugar uma casa. Qualquer dia arranja uma namorada e casa-se, pois segundo diz o maior sonho dele é ter uma família.

Olhem a Patrícia- disse mudando de conversa e chamando a atenção para a filha que no chão, no meio de vários brinquedos e papeis rasgados enfrentava uma luta entre o sono que lhe ia fechando os olhitos e a vontade de continuar a brincar.

-Não está acostumada a deitar-se tarde, - disse Paula levantando-se. Vou deitá-la. Vens comigo?

-Claro, - respondeu Anabela, levantando-se também.

Paula pegou na filha ao colo e seguiu para o quarto dela, seguida da amiga.

Mais tarde, depois de terem deitado a pequena Patrícia, e se terem juntado a Diogo na sala, Paula disse à amiga:

-Então conta-nos lá, como vai a tua luta com o doutor casmurro.

-Não há muito que contar. Depois de algumas batalhas verbais, a nossa relação doente-cuidadora entrou nos eixos.

- E como é ele como pessoa? Não me refiro ao moral, que um homem que tem saído do seu conforto para cuidar dos desvalidos da sorte, tem por força que ser boa pessoa. Refiro-me ao físico. É bonito, feio, ou …

-Não estou lá para lhe admirar a beleza, ou a falta dela, mas para ajudá-lo a andar de novo…

-Sabemos disso! Mas tens olhos na cara, não acredito que tenhas perdido a capacidade de admirar um homem.

-Depois do que sofri com o Óscar, tenho pouca vontade de admirar a beleza masculina. E quando cheguei, ele estava tão magro, tão magro que fazia aflição e no rosto a barba grande não dava para ver grande coisa, além de uns olhos, que apenas mostravam dor, desespero e vontade de desistir da vida.

 Com pouca vontade de continuar a falar sobre o doente, Anabela levantou-se dizendo:

-Estou cansada. Vamos trocar as prendas, e se não se importam vou dormir.

-Mas, se ainda não tocaste nas filhoses nem em qualquer outro doce! – protestou a amiga.

-Fica para amanhã. Não me apetece nada a não ser um chá, - disse encaminhando-se para a árvore a fim de recolher os presentes que trouxera, para dar ao casal.

6 comentários:

Pedro Coimbra disse...

A conversa estava a incomodar...
Bfds

chica disse...

Perguntas insistentes que ela não queria responder...
Lindo fds!
beijos, chica

Janita disse...

Se eu já simpatizei com o Ricardo, quando ainda nem o nome dele sabia, agora fiquei a gostar mesmo. Só tenho pena de não ser jovem e ele não ser verdadeiro...acho que faríamos um casal feliz.

Gostei do capítulo de hoje.

Um abraço, Elvira.

Tintinaine disse...

Não estava muito expansiva a nossa Anabela!
Talvez comece a sentir algo que nem a si própria quer confessar!

teresadias disse...

Ricardo...
O que sente a Anabela? Saudades do Tiago? Hum!!!!
Beijo, feliz fim-de-semana.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Anabela não estava a gostar da conversa...Porque será;)?
Beijinhos e feliz dia da Mãe.
Ailime