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15.2.22

POESIA ÀS TERÇAS - JUAN GÉLMAN -




MI BUENOS AIRES QUERIDO


Sentado na borda de uma cadeira sem tampo,
enjoado, doente, vivo por pouco,
escrevo versos previamente chorados
pela cidade onde nasci.
Tenho de segurá-los, também aqui
nasceram doces filhos meus
que me adoçam belamente no meio de tanto castigo.
É preciso aprender a resistir.

Não a partir nem a ficar,
mas a resistir,
embora seja seguro
que hão-de vir mais penas e olvido.



 Juan Gélman



EPITÁFIO


Um pássaro vivia em mim.
Uma flor viajou no meu sangue.
Meu coração era um violino.

Eu queria ou não queria. Mas às vezes
eles me amavam. Eles também me fizeram
feliz: primavera,
mãos juntas, felicidade.

Eu digo que o homem deve ser!

Aqui jaz um pássaro.
Uma flor.
um violino



 Juan Gélman



biografia
AQUI

6 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Pérolas que só aqui descubro.

Fatyly disse...

Não conhecia os poemas e ambos deixou-me uma bela mensagem. Obrigada pela partilha.
Beijocas e um bom dia

Tintinaine disse...

A Poesia é uma coisa engraçada, enche o coração dos infelizes!
Só vejo os poetas a chorar misérias, é pior que o FADO português!
Deus me salve com a PROSA!

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Belos poemas.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Fê blue bird disse...

Ambos os poemas são dolorosamente belos e profundamente comoventes.

Obrigada por mais esta brilhante partilha Elvira.

Um abraço e muita saúde.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Dois poemas muito belos de um Poeta que não conhecia.
Obrigada por partilhar.
Beijinhos e saúde.
Ailime