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18.2.22

ARMADILHAS DO DESTINO - PARTE XIV

 




- Queres contar-me o que se passa? Ou preferes ir logo ao consultório?- perguntou Fátima depois de terem sido atendidas e já prestes a degustar o seu bife. – Se calhar devíamos ter escolhido um local, menos barulhento.
Fátima era pouco mais velha do que Luísa. De estatura média, muito morena, de olhos escuros e cabelos castanhos. Tinha um olhar que inspirava confiança, um sorriso simpático, e uma figura um pouco cheia.

-Tive um pesadelo aterrador esta noite, - disse Luísa sem levantar a voz, mas inclinando-se para a frente
- Com o falecido?
-Sim.
- Há muito que não tinhas esses pesadelos, pensei que era uma fase ultrapassada. Vejamos, terá sido pelo acidente do autocarro? Lembraste-te do teu acidente? Ou aconteceu alguma coisa especial que possa ter despoletado no teu subconsciente uma emoção relacionada com o passado?

- Encontrei o Nuno?
- Quem?
- Nuno Albuquerque.
-O teu primeiro amor?
Assentiu com a cabeça.

-Bom, o Nuno nunca foi violento contigo, verdade?
- Claro que não. Foi o homem mais amoroso que conheci em toda a minha vida.
- Isso não é difícil pois não? Se bem me lembro, conheceste três. O teu pai, o teu marido, e o Nuno Albuquerque.

Calou-se, enquanto saboreava um naco do bife.

- E então? Encontraste o Nuno. Como e onde?
- No hospital. Pelo que percebi, foi um dos médicos que tratou os miúdos. O que não admira pois pediatria é a sua especialidade. Descemos juntos no elevador. Pensei que não me reconheceria, mas não tive essa sorte. Deverias ver a indiferença com que me tratou. Foi como se nunca me tivesse conhecido antes.
- E isso doeu-te. Estou a ver. Tens noção de que ao vê-lo, o teu subconsciente trouxe à superfície o passado?
- Sim, creio que sim. Até porque no pesadelo eu era perseguida pelo Nuno que à medida que se aproximava se transformava no Álvaro. Penso que o meu subconsciente se sentiu ameaçado. Ele sabe que o Nuno é provavelmente o único homem no mundo capaz de acabar com a minha tranquilidade.
- Tens medo do Nuno, ou dos sentimentos que ele te despertam? 
- Dos sentimentos claro. Julguei que tinha esquecido, e bastou vê-lo para transformar todas as minhas certezas em dúvidas.
- Então amiga, não precisas de psicóloga nenhuma. Tu sabes perfeitamente as causas e a solução.
Tinham acabado a refeição. Descartaram a sobremesa e pediram café para as duas. Depois Fátima retomou a conversa.
- Sabes se casou? – Perguntou Fátima
- Como vou saber? Mal falámos. Mas acredito que sim, talvez com alguma colega. Não faz sentido, que o não tenha feito.
- Há mais coisas que não fazem sentido nesta vida, do que o contrário. Ainda o amas. 
Não era uma pergunta, mas uma afirmação. Luísa desviou o olhar, mas não foi suficientemente rápida, para que conseguisse esconder da amiga, a dor que escureceu os seus belos olhos.
Trouxeram os cafés que elas beberam em silêncio.
Depois Luísa pagou a conta e saíram. Despediram-se junto ao carro de Fátima.
- Não precisas de ir ao consultório logo. Mas podemos sair à noite, ir até um bar, beber um copo, ouvir um pouco de música. Ou ao cinema se preferires. Precisas de te distraíres. Há anos que vais de casa para a escola e da escola para casa.
- Hoje não amiga. Talvez para a próxima. Obrigada por estares sempre pronta para me escutares. Mesmo sem bata.
- Não é para isso que servem as amigas? – disse Fátima abraçando-a e entrando em seguida no carro.
Luísa ficou a vê-la afastar-se até que o automóvel se perdeu na rua. Só então deu a volta e se dirigiu ao seu carro.



Amigos , ontem fui surpreendida pela publicação do jornal Rostos sobre o Renascer.
Para quem quiser ler por favor siga o link  AQUI


13 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Um destaque inteiramente merecido.
Bfds

Maria Dolores Garrido disse...

Às vezes, uma conversa amiga, com tempo e atenta vale mais do que uma ida ao consultório!
Um abraço, Elvira

chica disse...

Amigas fazem bem e desafabos ajudam!
Parabéns pelo destaque! Bela surpresa!!!
beijos, tudo de bom,chica

noname disse...

Bom dia, Elvira

Consegui ler. Bem merecido, sem dúvida.

Beijinho

Emília Pinto disse...

Não me deixaram ler tudo, mas vi o suficiente para me sentir feliz por ti. Parabéns, Amiga! Agora falta só que os teus probleminhas de saúde se vão resolvendo parz que te sintas muito, muito abençoada . Um beijinho muito especial e vai dando noticias sim?
Emilia 👏 🙏

Joaquim Rosario disse...

Boa tarde
Parabéns pelo sucesso que vai ser o seu livro

Jr

- R y k @ r d o - disse...

Acredito e desejo que o seu livro seja um sucesso.
.
Saudações poéticas…feliz fim-de-semana
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Paula Saraiva disse...

Parabéns pelo sucesso que vai ser o seu livro.

Beijinhos

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Um capítulo que apreciei bastante pela amizade que une Luísa e Fatima.
É excelente quando temos alguém que nos ouve
Parabéns pelo destaquw da sua obra Renascer. Palavras bem merecidas.
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime

teresadias disse...

Seguindo...
Li e aplaudi texto no jornal Rostos. Destaque merecido.
Bjs

João Santana Pinto disse...

Uma amizade para a vida e a confirmação de uma certeza que o leitor já conseguia começar a sentir… Ela ainda o ama e ele a ela, vamos lá ver como é que o enredo caminha…
Acredito que a visita ao hospital (que se deve estar a aproximar) vai voltar a alimentar a esperança.
Abraço o bom início de semana

Parabéns pelo merecido destaque, motivo de orgulho.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Ótimo capítulo e parabéns pelo destaque!
Abraços fraternos!