Nuno, subiu ao terceiro piso, e encontrou o colega, João Santos observando as fichas das crianças que tinham estado a ser operadas nesse dia, e que vinham chegando depois de passarem pelo recobro. Cumprimentaram-se, trocaram impressões sobre os casos mais graves e despediu-se.
Retirou a bata que guardou no seu armário, e saiu, no momento em que o último menino, que tinha deixado no recobro, dava entrada na enfermaria. Reparou numa mulher que a meio do corredor, falava com a enfermeira, e pensou que talvez fosse a mãe do garoto.
Ouviu que a enfermeira lhe dizia que tinha de sair, a hora das visitas já terminara há dez minutos. Dirigiu-se ao elevador, e premiu o botão de chamada, no momento em que a mulher se despedia da enfermeira e se aproximava. Havia qualquer coisa de familiar naquela mulher que o sobressaltou. As pesadas portas do elevador abriram-se. Nuno deu passagem à mulher, e entrou de seguida.
Sentiu que ela o fitava com surpresa, e devolveu o olhar. Um calafrio percorreu-lhe o corpo, ao fitar os maravilhosos olhos azuis, os mesmos que o perseguiam há muitos anos. Ela levantou a mão para afastar do rosto uma madeixa rebelde que lhe caía para os olhos, e aquele movimento desencadeou nele uma verdadeira revolução
- Luísa Guerreiro? – perguntou
-Nuno Albuquerque! Tinha a certeza que eras tu.
Não se cumprimentaram como é habitual entre duas pessoas conhecidas que se reencontram.
O elevador parou no rés do chão e os dois apressaram-se a sair. O médico perguntou então:
-Que fazes aqui? Tens alguém hospitalizado?
- Vários alunos. E uma colega.
- Então, eras uma das professoras que seguiam no autocarro que sofreu o acidente?
-Sim. E tu és um dos médicos deste hospital? Julgava-te em África. Ou na Ásia. A última vez que soube de ti, estavas no Bangladesh .
- Isso foi há mais de dez anos. Depois disso fui para África, onde em dez anos trabalhei em alguns dos países mais pobres do mundo. E agora aqui estou.
- De passagem? – perguntou Luísa enquanto saiam do hospital.
- Não. Estou de volta. – respondeu ele com uma certa rudeza
- Desculpa, está ali um táxi, e o meu carro está no parque da escola. Despeço-me aqui.
Estendeu-lhe a mão tremente. Ele apertou-a com a mesma cordialidade que teria apertado a mão de alguém que acabasse de conhecer. Aparentemente a presença da mulher, não lhe causou qualquer emoção. A ela pelo contrário, apesar dos dezasseis anos que se tinham passado desde a última vez que se despediram, a emoção apertava-lhe o peito e punha-lhe as pernas bambas.
13 comentários:
Começam a desenhar-se no horizonte, as armadilhas do destino.
Gosto do Dr. Nuno Albuquerque, parece-me ser um homem decente e um profissional competente.
Abraço, boa noite e saúde.
Ui o que aí vem!!!
Bfds
A passar por cá para acompanhar a história.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Gostei de ler este capitulo, vou acompanhar.
Um abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Olá! O passado volta a atacar!
Gosto desses enredos!
Bom fim de semana!!!
Essesencontreo que a Elvira arruma...Lindo! Vamos lendo! bjs, chica
Ui,ui, caminhamos para o enredo que tão bem sabe tecer.
Bom dia, Elvira
A vida é sempre uma sequência de encontros e desencontros...
Forte abraço, amiga!
Gostando de acompanhar e com algumas questões na cabeça!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Ora aí estão as armadilhas. Vamos lá ver o que vai acontecer a estes dois.
Bjs
Boa noite Elvira,
A história está a tomar um rumo bem interessante.
Um beijinho,
Ailime
Despois de uma longa ausência, retoma a leitura da história.
Abraços fraternos!
E é isto que eu gosto na escrita…
Tenho de dizer que gostei muito da “madeixa” foi um belo pormenor.
E estava eu a dizer que gosto dos momentos em que a autora escolhe “apanhar” o leitor que neste momento tudo o que quer é saber mais… dele e dela, o que é que motivou as reações, o que é que motivou a diferença de sentir na despedida…
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