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19.1.22

ARMADILHAS DO DESTINO - PARTE II

 




Trabalharam exaustivamente durante todo o dia. O autocarro transportava cinquenta crianças e duas professoras. Dez crianças tiveram que ser submetidas a cirurgia, uma por hemorragia interna, as outras por fraturas expostas. Outras trinta tinham, pequenos cortes e escoriações e as restantes embora tivessem saído ilesas do acidente, estavam em pânico. Uma das professoras, sofrera uma pancada na cabeça, e estava em observação por suspeita de traumatismo craniano, a outra saíra ilesa.
Nuno Albuquerque acabou de suturar a perna do menino, e encarou o ortopedista que tinha estado com ele. Dada a multiplicidade da fratura, a criança tivera que levar duas placas metálicas e alguns parafusos para manterem os ossos na posição correta que lhe permitisse a cura.
- Parece que terminámos, colega.
-Já não era sem tempo. Estou estoirado. Felizmente não há mortes a lamentar. Vamos ver como decorre o pós-operatório. Se não houver nenhuma complicação, em breve poderão voltar à sua vida normal – disse Ricardo Ferreira, o ortopedista.
O doutor Ricardo era um homem não muito alto, meio calvo, de olhos vivos e ar bonacheirão, daquelas pessoas, a quem parece que a vida está sempre a sorrir e nada há  que os abale. Tinha completado há pouco cinquenta anos, era casado e tinha três filhos, um dos quais acabara de se formar, e estagiava naquele mesmo hospital.
-Não sei se será assim tão fácil. Alguns terão que fazer terapia, ou ficarão com traumas para a vida inteira.
Encontravam-se na ante sala do bloco, onde retiravam as roupas anteriormente esterilizadas com que acabavam de trabalhar e voltavam às suas batas normais.
- Talvez, mas nestas idades, as crianças conseguem ultrapassar bem estas coisas. Diferente seria se algum deles tivesse morrido. Aí sim, ia ser mais problemático. Bom colega, terminei o meu turno, às quatro e são oito. Vou passar pela minha ala, falar com o colega que me substitui e vou até casa. Estou estoirado. O colega também terminou ou está de serviço?
- Também terminei às quatro. Vou fazer o mesmo. Até à próxima Ricardo. É sempre muito bom trabalhar consigo.
- Eu digo o mesmo Nuno. Até à próxima.
Seguiram cada um para a ala da sua especialidade, que na prática ficavam em direções opostas.

10 comentários:

Emília Pinto disse...

Mais uma história que promete, Elvira, Estou a seguir ! E a tua saúde, como vai? Espero que estejas a recuperar. Um beijinho e boa noite
Emilia

Pedro Coimbra disse...

Estes pormenores deixaram-me um bocado arrepiado, confesso.

Tintinaine disse...

Bota e vira!
E a vida continua!
Estou a gostar!

chica disse...

Adoro os detalhes e tramas que consegues trazer. Lindo capítulo! bjs, chica

noname disse...

Aqui de novo, já com a leitura em dia e que promete.

Bom dia, Elvira

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Acompanhando com muito interesse no desenrolar de uma história que promete grandes emoções, com certeza!
Abraços fraternos!

Maria João Brito de Sousa disse...

Li os dois primeiros capítulos e farei o possível por acompanhar a nova saga, embora me seja impossível garantir as minhas vindas diárias até ao Sexta Feira ou a qualquer outro blog amigo.

Fico, porém, muito contente por vê-la de novo inspirada, amiga!

Forte abraço!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Um conto que promete!
Ainda bem que ninguém morreu e que em breve as crianças ficarão bem.
Beijinhos e saúde.
Ailime

Cidália Ferreira disse...

Tudo o que meta crianças deixa-me sempre constrangida!
-
Se os meus lábios tu quisesses sentir

Beijos, boa tarde.

João Santana Pinto disse...

Os personagens começam a ser apresentados, a trama apela à sensibilidade do leitor e o facto de nos deixar sensibilizados e com receio do que possa acontecer, é o sinal de que a autora conseguiu chegar a quem a lê.

Vou passar ao seguinte (o tempo não tem sido muito)