Trabalharam exaustivamente durante todo o dia. O autocarro transportava cinquenta crianças e duas professoras. Dez crianças tiveram que ser submetidas a cirurgia, uma por hemorragia interna, as outras por fraturas expostas. Outras trinta tinham, pequenos cortes e escoriações e as restantes embora tivessem saído ilesas do acidente, estavam em pânico. Uma das professoras, sofrera uma pancada na cabeça, e estava em observação por suspeita de traumatismo craniano, a outra saíra ilesa.
Nuno Albuquerque acabou de suturar a perna do menino, e encarou o ortopedista que tinha estado com ele. Dada a multiplicidade da fratura, a criança tivera que levar duas placas metálicas e alguns parafusos para manterem os ossos na posição correta que lhe permitisse a cura.
- Parece que terminámos, colega.
-Já não era sem tempo. Estou estoirado. Felizmente não há mortes a lamentar. Vamos ver como decorre o pós-operatório. Se não houver nenhuma complicação, em breve poderão voltar à sua vida normal – disse Ricardo Ferreira, o ortopedista.
O doutor Ricardo era um homem não muito alto, meio calvo, de olhos vivos e ar bonacheirão, daquelas pessoas, a quem parece que a vida está sempre a sorrir e nada há que os abale. Tinha completado há pouco cinquenta anos, era casado e tinha três filhos, um dos quais acabara de se formar, e estagiava naquele mesmo hospital.
-Não sei se será assim tão fácil. Alguns terão que fazer terapia, ou ficarão com traumas para a vida inteira.
Encontravam-se na ante sala do bloco, onde retiravam as roupas anteriormente esterilizadas com que acabavam de trabalhar e voltavam às suas batas normais.
- Talvez, mas nestas idades, as crianças conseguem ultrapassar bem estas coisas. Diferente seria se algum deles tivesse morrido. Aí sim, ia ser mais problemático. Bom colega, terminei o meu turno, às quatro e são oito. Vou passar pela minha ala, falar com o colega que me substitui e vou até casa. Estou estoirado. O colega também terminou ou está de serviço?
- Também terminei às quatro. Vou fazer o mesmo. Até à próxima Ricardo. É sempre muito bom trabalhar consigo.
- Eu digo o mesmo Nuno. Até à próxima.
Seguiram cada um para a ala da sua especialidade, que na prática ficavam em direções opostas.
10 comentários:
Mais uma história que promete, Elvira, Estou a seguir ! E a tua saúde, como vai? Espero que estejas a recuperar. Um beijinho e boa noite
Emilia
Estes pormenores deixaram-me um bocado arrepiado, confesso.
Bota e vira!
E a vida continua!
Estou a gostar!
Adoro os detalhes e tramas que consegues trazer. Lindo capítulo! bjs, chica
Aqui de novo, já com a leitura em dia e que promete.
Bom dia, Elvira
Acompanhando com muito interesse no desenrolar de uma história que promete grandes emoções, com certeza!
Abraços fraternos!
Li os dois primeiros capítulos e farei o possível por acompanhar a nova saga, embora me seja impossível garantir as minhas vindas diárias até ao Sexta Feira ou a qualquer outro blog amigo.
Fico, porém, muito contente por vê-la de novo inspirada, amiga!
Forte abraço!
Boa tarde Elvira,
Um conto que promete!
Ainda bem que ninguém morreu e que em breve as crianças ficarão bem.
Beijinhos e saúde.
Ailime
Tudo o que meta crianças deixa-me sempre constrangida!
-
Se os meus lábios tu quisesses sentir
Beijos, boa tarde.
Os personagens começam a ser apresentados, a trama apela à sensibilidade do leitor e o facto de nos deixar sensibilizados e com receio do que possa acontecer, é o sinal de que a autora conseguiu chegar a quem a lê.
Vou passar ao seguinte (o tempo não tem sido muito)
Enviar um comentário