Por razões diferentes, mãe e filha quase não dormiram nessa noite. Matilde estava radiante com o facto de finalmente ter um pais como as suas amiguinhas. E um pai como o doutor Gonçalo, era algo de que nem todas se poderiam gabar.
Ela tinha ficado encantada com ele no hospital, quando ainda não sabia que era o seu pai. Ele era bonito e carinhoso. A mãe dissera que ele chegaria por volta das onze e ela queria estar junto do portão da quinta para o receber. Queria encontrá-lo sozinha, tinha a certeza de que ia chorar, quando o abraçasse e não queria virar motivo de gozo para os primos.
As preocupações de Lena eram bem diferentes. Ela sentia-se pressionada por toda a família para aceitar o pedido de casamento que Gonçalo lhe fizera.
Muito cedo, antes de se levantar, ouvindo os sons familiares da quinta; os pássaros que saudavam o nascer de um novo dia, a brisa suave que passava por entre as folhas das árvores, o cantar do galo, ela pensava na volta que a sua vida dera e no que ela iria fazer dali para a frente.
Sabia que Gonçalo tinha sido sincero, mas não era preciso ser psicóloga, para saber que devido aquele terrível acidente, e sobretudo à amnésia que se seguira, a descoberta atual de ser pai, vinha preencher a carência de afetos e de família a que voluntariamente se submetera ao longo dos últimos catorze anos.
E pelo que conhecera dele enquanto namorara e pelo que agora lhe contara acerca da proteção à sua irmã viúva e aos seus sobrinhos, Gonçalo era um homem de família.
Debatia-se num mar de dúvidas. Era verdade que apesar de desiludida pelo seu abandono e pensar que não passara de brinquedo de verão para ele, o su coração nunca o esquecera. Afinal fora o seu primeiro e único amor. Também sabia que se não fosse com ele nunca se casaria, pois não queria dar um padrasto à sua filha.
Mas embora soubesse tudo isso, a razão continuava a dizer-lhe que não podia ceder. Ele não se recordava dela. Conhecera-a há uma semana, e desde esse dia, apenas na véspera estivera com ele várias horas. É certo que havia uma enorme tensão sexual entre os dois, quando estavam juntos, mas um casamento não se sustenta de sexo. O desejo, quando não é parte do amor, morre quando é satisfeito.
Ela não sabia que fazer e não podia aconselhar-se com ninguém, porque toda a família a empurrava para o casamento. E se telefonasse à Rita. É verdade que tinha pensado contar-lhe pessoalmente, mas se ela só vinha na Sexta à tarde, provavelmente só a veria no sábado e nessa altura com Gonçalo presente não havia lugar para essas conversas. Não, o melhor seria falar com ela logo pela manhã antes que ele chegasse.
E se bem o pensou, logo o pôs em prática. Logo depois do pequeno--almoço, desculpou-se perante a família, afirmando precisar de fazer uma chamada e recolheu-se no quarto a fim de ligar à amiga.
Assim que Rita atendeu, Helena contou o mais resumidamente possível os últimos acontecimentos, mas ficou dececionada ao perceber que a amiga não entendia as suas dúvidas e entrava no grupo de apoio ao casamento.
13 comentários:
Quando se começa a ter dúvidas no amor é muito mau sinal...
Bfds
Cara amiga blogueira,
sigo você faz muito tempo e estou convidando para que no meu blog HUMOR EM TEXTO, diga com toda a franqueza se você está ou não está também!!!
Sua opinião é imprescindível.
Um abração carioca.
Bom dia Elvira,
Magnífico episódio cheio de suspense como só a Elvira consegue.
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime
Eh, eh, eh, eu também alinho com a Rita, sou a favor do casamento. Tem mil razões para aceitar e apenas uma para dizer não. Eu sei que no fim tudo vai dar certo!
Bom fim de semana!!!
Gostei bastante!! :)
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Beijo, e um excelente fim de semana..
Alegria de Matilde por ter um pai, dúvidas em Helena., Ainda bem tinha Rita com quem falar e confidenciar... Lindo capíotulo! beijos, ótimo fds! chica
Também eu sou do grupo de apoio ao casamento...
Elvira, que bem retratou a alegria da Matilde, radiante à espera do pai.
Beijo, um bom fim-de-semana, em segurança.
Quantos casamentos empurrados deram para o torto? Eu penso que ela está a pensar bem. Um namoro, quanto a mim, era o que se deveria iniciar, não um casamento mas... estou em pulgas para ver o a Elvira decidiu :)
Bom dia
Nem sempre os outros compreendem as nossas dúvidas. Como nós, tantas vezes, não compreendemos bem as dúvidas dos outros. Oxalá não sobrem, embora as haja sempre.
Um abraço, Elvira.
Imagino como a Lena se deve sentir desamparada.
Se a Elvira a vir diga-lhe que eu a compreendo!!
Entendo perfeitamente essa sua vontade de casar, sim, mas sentindo-se desejada e amada, - por si - e não por noção de obrigação e dever, por parte do pai da filha.
Essa dúvida iria ensombrar o seu casamento para sempre.
Namorem lá, que o casar não é açorda...para ser comida à pressa. ( não sei onde fui buscar isto...:) )
Um abraço e bom fim-de-semana.
Imaginava mais entusiasmo com o pedido de casamento _ precisa conversar mais e sanar as dúvidas e abrir esse coração empedernido pelo tempo rs
Grande fim de semana Elvira com saúde em dia
beijinhos
Bem, a Helena está num verdadeiro dilema que nem a amiga percebeu.
Mas estou confiante que assim que os dois se encontrarem, tudo se esclarece, as barreiras se quebram e há um final feliz ! :)
Beijinhos e muita saúde !
Espero que venham a casar e que vivam felizes como quando se conheceram.
Bom domingo.
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