Encontravam-se sentados num banco de jardim num dos locais
menos frequentados do parque, longe da zona onde estavam os baloiços e os
escorregas, que faziam as crianças encher o ar de risos e gritos. Depois de
alguma troca de mensagens, Lena aceitara encontrar-se com Gonçalo naquele
local, já que não podia convidá-lo para sua casa, e um restaurante ou café, cheio
de turistas nas férias da Páscoa, não lhe pareciam ser um bom local por recear
exaltar-se com Gonçalo.
Ela não entendia porque ele procedia como se não a
conhecesse e insistisse que tinham de falar. Quase lhe disse que não queria
qualquer conversa com ele, mas então lembrou-se do enorme desejo que a filha
tinha em saber quem era o pai, e conteve-se.
Dias antes, quando se preparava para levar a filha do
hospital para casa, perguntara ao médico, se a filha poderia viajar para a
aldeia e como ele não vira inconveniente, desde que tomasse os cuidados por ele
recomendados, no dia seguinte viajaram para a aldeia, onde Matilde tinha todos
os cuidados e mimos da mãe e avós.
E até os primos, já de férias com os avós, embora sem a
presença dos pais, que por razões profissionais, só chegariam no fim de semana,
respeitaram as limitações dela, limitando-se a fazer-lhe companhia em casa, ou
a acompanha-la nos curtos passeios, sem as brincadeiras do costume.
Nesse mesmo domingo, depois do almoço, enquanto a filha
descansava na cama, Helena mandara a primeira mensagem a Gonçalo. Nela lhe
agradecia o livro que oferecera à filha, o cuidado que tivera com a menina.
Não telefonara, porque receava o desabar dos seus
sentimentos e a raiva que sentia por ele fingir que não a conhecia.
Ele respondera. Pedira mais uma vez para falar com ela, era
muito importante.
Ela não respondera e Gonçalo enviara outra mensagem.
Decidido a resolver o problema que o atormentava há tantos anos, ele suplicara-lhe,
pelo amor que ela tinha à filha.
Era uma chantagem sentimental, ela percebeu, mas também
decidida a acabar com aquela história, tanto mais que agora sabia que em
qualquer lugar ou a qualquer hora se podiam cruzar, ela aceitara.
Ele respondera agradecendo e informando que nessa semana estava
no hospital das oito da manhã às quatro da tarde, pelo que só se poderiam
encontrar depois dessa hora. Mais mensagens foram trocadas até que o dia, o
local, e a hora foram combinados.
Assim ali estavam os dois naquela Quinta feira Santa,
sentados num local público, mas suficientemente isolados para poderem
conversar.
-Boa tarde - saudou Gonçalo ao chegar ao local indicado
estendendo-lhe a mão num cumprimento social, acrescentando em seguida.
Obrigado.
- Penso que antes de mais me deve uma explicação para esta
quase perseguição para que o escute, - disse nervosa, o corpo tremendo com aquele
aperto de mão.
Sentaram-se. Por motivos diferentes ambos estavam tensos,
sem saber bem o que um podia esperar do outro ligados por um passado comum que
apenas um recordavam. Então depois de uns segundos de silêncio, que a Helena
pareceram intermináveis ele começou.
Para que perceba a minha insistência e o meu desespero
tenho que lhe dizer que há quase 14 anos tive um terrível acidente de moto. Sobrevivi
por milagre depois de mês e meio em coma no hospital…
13 comentários:
Agora, ela vai entender e com certeza haverá um " começar de novo " nesta história muito interessante. Elvira, espero que o problema dos teus olhos esteja a ser resolvido a contento e que o virus não cerque a tua casa. Os números estão a aumentar e todos os cuidados são poucos. Beijinhos e boa noite
Emilia
Alinhava-se o futuro :)
Boa noite, Elvira
Tive um cliente assim enquanto advogado.
Esteve anos em coma depois de ter sido dado como morto num acidente ao pé de Leiria e de perceberem que ele não estava morto na...morgue.
Boa semana
Bom dia, Elvira.
Vejamos então se o jardim ajuda a desvendar o que o acidente apagou.
A propósito do tema, conheço uma pessoa que está em coma há uns 25 anos. Após um período no hospital, veio para casa, onde é tratado.
Um dia calmo e feliz, Elvira.
Vou ficar à espera até quarta-feira, pois não tenho outro remédio. Acho que não vão cair nos braços um do outro, mas ... nunca se sabe!
Uma boa semana de verão!
Belos acontecimentos nos esperam , ou melhor, os esperam, creio! Lindo VERÃO! beijos, chica
CÁ ESTÁ A ORIGEM DA AMNÉSIA LACUNAR...
ELVIRA, ESPERO QUE CONTINUE A MELHORAR DOS SEUS OLHOS... EU CONTINUO À ESPERA DA CONVOCATÓRIA. CREIO QUE VOU TER ESPERAR SENTADA, JÁ QUE OS HOSPITAIS DA LVT SE ENCONTRAM DE PREVENÇÃO POR CAUSA DE UMA HIPOTÉTICA QUARTA VAGA...
FORTE ABRAÇO E MUITA SAÚDE!
Boa tarde Elvira,
Começa a ver-se a luz ao fundo do túnel!
Lena decerto ficará emocionada com a revelação.
Um beijinho e uma boa semana.
Ailime
Acompanhando a estória.
Cumprimentos
A conversa continua no próximo capítulo. Tenho que voltar aqui para ficar sabendo como correu o diálogo entre ambos!
Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.
O Gonçalo fez a abordagem do assunto da melhor forma.
Apanhada de surpresa por esta revelação inesperada, a Lena não terá como escapar a uma conversa loooooonga.
Cá vamos ficar a roer as unhas até ao sabugo mas o que tem de ser tem muita força.
Na quarta haverá mais!!
Um abraço, Elvira.
Estou expectante para ver a reacção da Lena, quando souber o que se passou com o Gonçalo.
Vamos ver se chegam a entendimento.
Um abraço ,Elvira.
Muita saúde!
E no melhor... a Elvira acabou mais um capítulo.
Eu volto!!
Beijo, fique bem.
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