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16.5.16

MANUEL DA LENHA - PARTE LXX

                           Foto de Alfredo Cunha


Quando o Manuel e a mulher chegaram ao trabalho, já na seca, se sabia que estava a decorrer um golpe de estado em Lisboa. Cabe aqui recordar que a seca, pertencia à família Bensaúde com sede em Lisboa, logo era normal a sede contactar o escritório da mesma, todas as manhãs. O gerente, comentou com o empregado, que por sua vez comentou com o encarregado, e em pouco tempo o pessoal já todo sabia, e torcia para que tudo desse certo, mas não se atreviam a manifestar-se, com receio de que as coisas dessem para o torto, e pudessem sofrer as consequências. 
Também o filho foi posto ao corrente logo que chegou ao trabalho, na CP.  Quem não sabia de nada era a filha, que embora de rádio ligado, não obtinha mais do que música e os tais apelos à calma, que de vez em quando eram transmitidos.
Naquele tempo, não se tinham ainda inventado os telemóveis, e em casa do Manuel nem sequer havia telefone. Se houvesse, talvez o namorado da rapariga, lhe contasse que estava no Terreiro do Paço e lhe dissesse o que se estava a pensar.
Às onze e meia, já com as forças do governo neutralizadas, e os ministros e chefes militares, refugiados no quartel do Carmo com Marcelo Caetano, ou em Lanceiros 2 , chega do comando de operações a ordem para sair, uma coluna para o Largo do Carmo, a fim de obter a rendição do Presidente do Conselho, e outra coluna irá sitiar o quartel general da Legião Portuguesa, mantendo-se o resto dos militares, em posição no Banco de Portugal e Rádio Marconi.  Um quarto de hora depois, Salgueiro Maia desloca-se com a coluna da Escola Prática de Cavalaria, para o Largo do Carmo. As restantes unidades, sob o comando de Jaime Neves, irão sitiar o quartel general da Legião Portuguesa, que se rende sem grande resistência.
Mais ou menos à mesma hora, o Rádio Clube Português, lê um comunicado em que se informa que o Movimento domina de norte a sul do país, e que em breve chegará a libertação.
Só então a filha do Manuel percebe o que se passa. E pensa que se não tivesse ficado em casa, talvez pudesse ver "in loco" o que se passava.
Às 13 horas, Salgueiro Maia está já no Largo do Carmo, quando o comando do regime dá ordens às forças que ainda se mantinham fiéis o cercarem. Assim a desfalcada Cavalaria 7, toma posições no Largo de Camões, forças da GNR ocupam o Largo da Misericórdia,e Rua Nova da Trindade. Uma força da polícia de choque ocupa o Largo do Chiado.   




Relembro que todos este factos, são objecto de pesquisa, de jornais da época, do arquivo da RTP, e sobretudo da base de dados históricos.

11 comentários:

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Neste dia tinha uma visita de estudo da escola a Coimbra que não se pôde realizar.
Um abraço e boa semana.

Os olhares da Gracinha! disse...

Soube a notícia...no Magistério e logo eu que nada queria com a política!!!
Bj

Os olhares da Gracinha! disse...

Soube a notícia...no Magistério e logo eu que nada queria com a política!!!
Bj

José Lopes disse...

Tempos conturbados num dia em que se consumou a queda do regime.
Cumps

Gaja Maria disse...

Eu tinha sete anos mas lembro-me bastante bem de tudo :)

Edum@nes disse...

Contra a força, não havia resistência,
de nada adiantava resistir à rendição
o melhor de tudo seria mesmo a paciência
porque de um outro rumo precisava a Nação!

Tenha uma boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Rogério G.V. Pereira disse...

Não importa os recursos que usamos
para que se não apague a memória

Rosemildo Sales Furtado disse...

Olá Elvira! Trabalho de pesquisa muito bem elaborado e, pelo visto, fielmente narrado. E assim, vamos conhecendo um pouco da história de Portugal.

Abraços,

Furtado.

Pedro Coimbra disse...

Sem violência, sem grandes tumultos, o Poder foi entregue e a História mudou.
Boa semana

Isa Sá disse...

Acompanhando a história!


Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

Elisa disse...

Agora sim, voltando ao que há de melhor :))
Beijinhos
elisaumarapariganormal.blogspot.pt