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23.5.16

MANEL DA LENHA - PARTE LXXV

                                   A rendição da PIDE-DGS. Foto de Alfredo Cunha

 Finalmente a Junta de Salvação Nacional foi aprovada, tendo como Presidente da República, o General Spínola. Esta decisão ia contra o que o MFA, tinha decidido anteriormente, pois quando delinearam o golpe, escolheram para Presidente o General Costa Gomes.
Perto da meia-noite, são aprovados, os primeiros decretos lei, embora só no dia seguinte perto das nove e meia, a Marinha, apoiada por uma força do Regimento de Cavalaria 3, tenha obtido a rendição de Silva Pais, o dirigente da PIDE-DGS.
Talvez tenha sido o dia mais longo, da história de Portugal, mas fora apesar disso um dia de extrema felicidade para o povo, pois a revolução tinha vencido o regime totalitário e repressivo que vigorava há quase 50 anos, sem deixar que os opositores se organizassem, e dividissem o país dando origem a uma guerra civil.   
Apesar dos quatro mortos na noite anterior pela sinistra polícia política, o povo estava em festa por todo o país. Exigia-se o fim das guerras nas colónias, embora ninguém soubesse muito bem como iria acabar.
Para o Movimento das Forças Armadas e Junta de Salvação Nacional ia começar agora um novo trabalho, por ventura mais árduo do que a preparação da revolução.
No dia seguinte Sexta-feira, Manuel foi chamado ao escritório, e foi-lhe comunicado que a filha ia telefonar dentro de minutos, por isso era para ele aguardar ali pelo telefonema. O pobre do Manuel ficou a tremer. Que se passaria para a filha telefonar de Luanda? Teria acontecido alguma coisa com o marido? Não teve muito tempo para conjecturas, pois logo de seguida a filha telefonou.
Disse que estavam bem, não podia estar muito tempo ao telefone, as chamadas eram muito caras, queria saber se estavam todos bem, e se a revolução era séria, se o regime tinha mesmo caído.
Ele confirmou e logo de seguida a filha despediu-se mandando um abraço para a família e desligou.
Quando ele saiu do escritório, já a mulher estava a chegar, esbaforida com medo de alguma má notícia. É que na Seca, sempre se utilizou o sistema de chamar o trabalhador ao escritório, por um altifalante. Faziam-no uma vez e repetiam-no mais duas vezes. De modo que todos os trabalhadores ouviam, e quase sempre quando tal acontecia, as notícias não eram boas.
O Manuel contou à mulher o que se passava, e ambos retomaram o seu trabalho.

16 comentários:

Isa Sá disse...

Passando para acompanhar a história e desejar uma ótima semana.



Isabel Sá
Brilhos da Moda

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Os primeiros passos da revolução com os problemas nas antigas colónias.
Um abraço e boa semana.

chica disse...

Tá muito bom de acompanhar e imagino o nervoso do casal, principalmente da mulher...beijos, chica, linda semana!

Anete disse...

Vida que segue esperançosamente...
Ainda bem que tudo está transcorrendo favoravelmente p família de Manuel...

Uma boa semana, Elvira. Bj

Tintinaine disse...

A História Contemporânea nunca me despertou grande interesse.

POESIAS SENSUAIS E CONTOS disse...

Lindo blog. Parabéns

Gaja Maria disse...

A viragem aconteceu e um novo foturo estava por vir. Beijinho Elvira

Blog da Gigi disse...

Abençoada semana!!!!!!!!!! Beijos

Zé Povinho disse...

Ninguém sabia o resultado da Revolução nas colónias...
Abraço do Zé

Edum@nes disse...

A história da revolução continua,aqui a ser contada como aconteceu, Os militares puseram fim à ditadura! Foi assim que da noite para o dia, no escuro a luz de esperança se acendeu!

Tenha uma boa noite, amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.



Elisa disse...

Tão bom estar já deitada e vir aqui ler esta história. Já não passo sem este momento :)
Beijinhos
elisaumarapariganormal.blogspot.pt

ONG ALERTA disse...

Interessante...,
Bjbj Lisette

Pedro Coimbra disse...

Para quem estava fora de Portugal acredito que tenha sido uma angústia estar sem notícias do que estava a acontecer.

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, é interessante recordar a dar conhecimento aqueles que não querem saber da revolução mas que beneficiam dela, certamente que a seguir vai escrever sobre as vitimas do estado novo que viviam nas colónias, convém esclarecer principalmente os refugiados verdadeiros motivos da guerra e o aproveitamento monetário que meia dúzia de famílias e empresas,estes usaram em seu proveito tiveram as pessoas que lá residiam e dos militares que eram obrigados a defender o regime podre do Salazar, já agora, não esqueça dos muito milhares militares deficientes, que estavam escondidos num anexo do hospital militar.
Resto de boa semana,
AG

O meu pensamento viaja disse...

Gosto destes flashes sobre o nosso passado recente!
beijo

Portuguesinha disse...

Eheeheh. Que susto!
Chamar assim claro que é por uma emergência e estas não costumam ser boas.
Imagino a aflição do imaginário...