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27.5.16
MANEL DA LENHA - PARTE LXXIX
Jardim Constantino, um espaço verde entre a casa e o trabalho do casal
Abandonado, o casarão junto ao rio, onde o Manuel passara uma boa parte da sua vida, e onde vira nascer dois dos seus filhos, foi demolido. O gerente, temia, que os arames farpados que separavam a seca, da azinhaga fossem cortados e o casarão ocupado.
Depois, o portão junto ao casarão estava selado, o pessoal na seca, que já não chegava aos cem trabalhadores, (antes da mecanização, chegaram a ultrapassar os quatrocentos) era quase só o que vinha do norte, e os poucos trabalhadores dos arredores, entravam pelo outro portão, do qual a Gravelina era a porteira.
Para o Manuel, foi como se lhe arrancassem um pedaço da alma. Há quase nove anos que lá não vivia. Mas ele continuava a cultivar o terreno, e o casarão com todas as suas memórias era sua companhia diária, enquanto cavava, regava ou sachava.
A vida do Manuel era agora muito diferente. Tinha os filhos "arrumados" ( o rapaz continuava solteiro, mas alugara uma casa ali pertinho e vivia independente) fazia o seu vinho todos os anos, com a ajuda dos cunhados que ajudara a criar, e dos genros, na pisa da uva, e até fazia uns passeios de vez em quando, de comboio, que o filho como empregado da CP, tinha direito a umas quantas viagens por ano.
Um ano depois, a filha do meio arranjou casa em Lisboa, na Alexandre Braga, ali mesmo ao pé do emprego, já que o casal trabalhava na Pascoal de Melo.
Era muito bom para eles, que assim deixavam de ter que madrugar e de pagar transportes, uma economia de tempo e dinheiro, de relevo.
Para o Manuel e mulher, foi uma tristeza, pois era o afastamento da neta, que agora estava numa fase de gracinhas que os trazia enfeitiçados.
Para a mais velha também foi muito doloroso. A rapariga, que apesar de tudo o que já tinha feito, continuava estéril, dedicara-se à sobrinha, como se fosse sua filha. Porém a vida é mesmo assim, a família tinha que se concentrar no que era melhor para eles, e conformar-se. Depois Lisboa, não é o fim do mundo, fica ali logo do outro lado do rio.
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11 comentários:
Uma vida repleta de emoções...bj
Acompanhando a história...tenha um ótimo dia!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
A vida e os seus contratempos :)
Abraço
Seguindo e acompanhando! beijos, lindo dia! chica
E assim se vai desenrolando o novelo das vidas! parece um filme e vemos, através das suas palavras, desenvolver-se a trama. Beijinhos. (As cerejas são do quintal da minha sogra, são as primeiras do ano! Barcelona, como sempre, estava bela! Fomos visitar a nossa filha que lá vive há quase 10 anos. Outros tempos, outras vidas, ou como os ciclos se vão repetindo, ora mais perto, ora mais longe!)
Estou a gostar destas emoções.
Um abraço e bom fim de semana.
Continuo seguindo com grande interesse.
Bom fim de semana.
É sempre doloroso vermos o derrube de casarões antigos que estamos habituados a ver durante uma vida !
Não me tinha apercebido ainda que o Manuel tivesse um filho solteiro (embora já independente) mais novo que as duas irmãs.
Calculo que a ilha mais velha tenha sentido muito o afastamento da irmã, até pela miúda ! :(
Abraço, Elvira
Passando para acompanhar a história.
Um bom fim de semana!
Um jardim, um cravo e uma rosa,
entre o trabalho e a casa do casal
nesse tempo a vida era mais penosa
divido à ditadura em Portugal!
Bom fim de semana, amiga Elvira,um abraço,
Eduardo.
Continuando por aqui querida Elvira!
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