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15.5.16

MANEL DA LENHA - PARTE LXIX

                              Foto de Alfredo Cunha


Pelas seis da manhã, uma coluna de carros de combate e transporte de tropas da Escola Prática de Cavalaria comandada pelo capitão Salgueiro Maia instala-se no Terreiro do Paço. Corta os acessos aos ministérios, Banco de Portugal, Marconi, Câmara Municipal de Lisboa e 1.ª Divisão da PSP. Marcelo Caetano, líder do Governo, refugia-se no Comando-Geral da GNR, no largo do Carmo. Lisboa sempre foi o grande centro de emprego para as gentes da margem sul, que todas as manhãs desembarcavam no Terreiro do Paço, vindo do Barreiro, Seixal, Almada ou Montijo, rumo aos seus empregos. Mas naquela manhã, os primeiros a desembarcar, vindos da margem sul, verificaram que os tanques estavam na rua e foram aconselhados pelos militares, a regressarem a suas casas. Coisa que poucos fizeram, pois o povo, esperava à demasiado tempo por uma mudança.
Pelas nove horas, a fragata "Almirante Gago Coutinho" toma posição no Tejo, frente às forças de Salgueiro Maia, instaladas na Praça do Comércio. 
Pouco depois das nove e meia, chega ao Terreiro do Paço uma força liderada pelo Brigadeiro Junqueira dos Reis, 2.º comandante da Região Militar de Lisboa, constituída por quatro carros de combate M47, uma companhia de atiradores do Regimento de Infantaria 1 e alguns pelotões de Polícia Militar.
Dois dos carros de combate, comandados pelo major Pato Anselmo, colocam-se na Ribeira das Naus, os outros dois, comandados pelo coronel Romeiras Júnior, posicionam-se na Rua do Arsenal em frente das forças de Salgueiro Maia. Na Avenida Ribeira das Naus apela-se às forças do regime para aderirem à revolta. Seguem-se momentos de grande tensão. Se as forças do regime, abrirem fogo, e a Fragata apoiar, será uma carnificina, e o fim da revolução. Salgueiro Maia toma a decisão de tentar convencer as forças do regime a desistirem e a passarem-se para o seu lado, coisa que consegue, pois cerca das dez e meia, o major Pato Anselmo rende-se e os dois carros de combate, bem como as tropas que os acompanham, passam para o lado do MFA, ficando sob o comando de Salgueiro Maia.
Na rua do Arsenal continua o comandante Junqueira Reis com os outros dois carros de combate. Ele não se rende, e apesar de várias tentativas de negociações, está disposto a abrir fogo sobre os revoltosos, mas depois de ter por várias vezes dado essa ordem, os seus homens não lhe obedeceram. Incapaz de os obrigar, resolveu ficar no local, não se unindo aos revoltosos. 
Para quem em casa ligava o rádio, não havia mais nada que breves comunicados apelando à calma e à manutenção em casa, seguidos de música militar, ou revolucionária.




Relembro que todos este factos, são objecto de pesquisa, de jornais da época, do arquivo da RTP, e sobretudo da base de dados históricos.

12 comentários:

Tintinaine disse...

Passando para por a leitura em dia.
Bom fim de semana!

Isa Sá disse...

A passar par acompanhar a história e desejar um bom fim de semana...

Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

chica disse...

Momentos fortes esses vividos por lá! Acompanhando e esperando mais! (achei que tinha perdido, mas não!) bjs, lindo fds! chica

Anete disse...

Momentos de tensões e de esperas de novos tempos...
Vamos adiante...

Um bom sábado... Bjs

Existe Sempre Um Lugar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, recordar os heróis militares que deitaram com um regime que impunha ignorância e pobreza ao povo em beneficio de umas poucas família e empresas, é bom que o povo não esqueça, principalmente as novas gerações que são o futuro.
Bom fim de semana,
AG

aluap disse...

Embora seja um tema que se aborda em muitos livros e as escolas desenvolvem o tema nos seus currículos, os textos da Elvira são muito importantes para quem, como eu não tem memórias destes acontecimentos, nem viveu estes dias.

Bom domingo e um grande abraço.

Silenciosamente ouvindo... disse...

Seguindo o seu desenrolar da história e recordar a história.
É muito bom amiga toda a informação que vai deixando da
n/história recente.
Desejo que se encontre bem.
Bjs.
Irene Alves

Ane disse...

Oi Elvira! Nossa,deve ter sido um período de muita ansiedade e incerteza com o futuro,mesmo com o apoio do povo aos militares.Quero muito ler a continuação da história portuguesa que não conheço,junto com a história de sua família. Um abraço!

Zé Povinho disse...

Presente e com a leitura em dia.
Abraço do Zé

lourdes disse...

Finalmente acabei de pôr a leitura em dia. A história da vida do Manel da lenha e da nossa vida,bem como parte da história do país.
Não me lembrava de muitas coisas que relembrei ao ler.
Bjs

Elisa disse...

Boa Noite querida Elvira...passei por aqui para me pôr mais um bocadinho a par.