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10.6.07

REQUIEM

No silêncio desta tarde cinzenta
deste dia de Portugal
senti em mim uma enorme tristeza.
Como pensamento esquecido a oração subiu aos lábios,
e como palavra proibída aí ficou calada.
Era um sonho, um pouco quase nada
que um rei no passado foi alargando
e que um Infante levou até aos confins da terra.
Hoje não passa dum sonho morto
um comboio de carnes putrefactas
na agonia estridente do desemprego
na loucura das contas penhoradas
na fome e na doença que alastra todos os dias.
Sob uma máscara fascinante de belas praias
radioso sol, céu sem nuvens, mulheres de helénica formosura,
mares calmos, véus de espuma.
serras de onde brota água limpída e fresca
( que contudo não mata a sede de justiça ),
brisa quente como fruta madura, vibrante de cor e desejo
repousa o país real, o verdadeiro Portugal.
E não há lágrimas nos olhos hipócritas
daqueles que o ajudaram a enterrar.
No folclore das paradas e discursos
seguidos de lautos almoços bem regados
se celebra o funeral - perdão o dia.

4 comentários:

Anónimo disse...

Bem observado.
Mas a esperança nunca morre e nós continuamos à espera que as coisas um dia deem uma volta!

Anónimo disse...

Antigamente a minha avó dizia que por cima tudo são rendas, por baixo nem fraldas têem. Portugal está assim. A viver de aparencias.

elvira disse...

É Lula o nosso avô morreu na esperança de que as coisa iam melhorar. Espero que os nossos netos não morram á espera do mesmo.
E o pior é que as aparências iludem.

Anónimo disse...

Gostei do poema, mas parece-me demasiado pessimista. De acordo isto não está nada bom. Mas pelo menos sempre temos as tais belas praias para bronzear o cabedal,e para "caçar" as miudas.