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14.6.19

UM PRESENTE INESPERADO - PARTE XXIII



-O que a Natália pensa disto? – perguntou Isabel no dia seguinte à vizinha e amiga depois de lhe ter contado a conversa tida com Ricardo, no dia anterior
-É uma situação complicada, minha filha. Mas tem mesmo a certeza de que ele não é o pai da Matilde?
-Ele sempre o negou e o teste de ADN confirma as suas palavras. Na prática ambos somos tios dela, mas por causa do registo de nascimento, oficialmente ele é o pai da Matilde. Se ele quiser a menina, e for para tribunal, não tenho meios para contratar um bom advogado, e provavelmente ficarei sem ela, pois entre um pai com condições para lhe dar uma boa vida e educação, e uma tia que vive de um ordenado, não vejo que juiz decidiria a meu favor. Se casar com ele está tudo resolvido, mas como posso casar com um homem que mal conheço?
-Às vezes, Deus escreve direito por linhas tortas. A Isabel fez trinta e três anos em Janeiro. O único namorado que lhe conheci durou três meses. Segundo me disse, quando a sua mãe morreu, ele queria que entregasse a sua irmã à Segurança Social, porque não ia avançar para uma relação séria com a responsabilidade de ter de a criar. Depois disso teve dois pretendentes, que fugiram quando foram confrontados com o problema. Não preciso de lhe repetir que gosto de si como de uma filha. E é como tal que lhe digo, que talvez seja a única hipótese que a Isabel tem, de viver as emoções de uma vida a dois. Claro pode sempre arranjar um amante e viver a sua vida de liberdade, mas como a conheço bem, sei que isso está fora de questão. O homem é atraente, educado, (pelo menos foi o que me pareceu quando falei com ele). O amor pode acontecer com o tempo e a convivência.
- E se não acontecer? Como vou dormir com um homem sem amor?
- Para dormir com um homem não é preciso amor. Quase sempre o que leva um casal para a cama é a atração física, o desejo, ou como os jovens dizem agora, a química. Isso é que nos põe o sangue em ebulição, e faz o nosso corpo desejar experimentar novas emoções. E contrariamente ao que nós sonhamos, essa sensação, nem sempre está associado ao amor. Se a atração física é muito forte, pode nascer um grande amor. Mas não há amor que resista à falta de desejo, ao desinteresse pelo corpo do outro, pelas suas carícias. Não sei se me estou a fazer entender, já estou quase a fazer sessenta anos, e a juventude agora tem outras formas de se expressar que não havia no meu tempo.
A Isabel tem que pensar bem, nos prós e contras daquilo que vai decidir. O que acabo de lhe dizer não deve influenciá-la de modo algum. Limitei-me a dizer-lhe o que eu penso do assunto, porque me pediu a opinião. Pense bem, consulte o seu coração, e tenha a certeza, que seja qual for a sua decisão, eu vou estar aqui para a apoiar, moral ou financeiramente, como faria se fosse minha filha.
-Agradeço-lhe de todo o coração, mas como já lhe disse em outras ocasiões, não quero que gaste o seu dinheiro comigo. Nunca se sabe o dia de amanhã, minha amiga.
- Mãim!!
Isabel levantou-se de um salto e encaminhou-se para o quarto, seguida pela amiga.
- Pronto, meu amor, a mãe já aqui está – disse dirigindo-se à janela e levantando a persiana.