Outubro aproximava-se do fim. Apesar disso o céu sem nuvens e o sol, que embora não apresentasse um calor abrasador, como no verão, estava luminoso e lançava sobre a terra um calor muito agradável. Conduzia numa estrada deserta, de volta ao lar de meus pais, depois de alguns anos de ausência.
Ao olhar a paisagem tive consciência, de que me enganara na estrada, mas segui em frente, pensando que afinal aquela estrada, iria ter a algum lugar, donde poderia retomar o caminho de casa. Porém a estrada terminou um pouco mais à frente. Parei o carro e saí para olhar à minha volta.
À minha frente uma floresta, exibia os maravilhosos tons de outono. Curiosa avancei uns cem metros e deparei-me um enorme lago, cujas águas tão serenas, mais pareciam um enorme espelho, sobre o qual as narcisistas árvores da margem se miravam vaidosas. Quedei-me extasiante perante tão bela imagem que me sugeriu a natureza em paz consigo mesmo .
Pensei que era um lugar onde o homem ainda não chegou, mas então vi mais à frente duas cadeiras lado a lado, num pequeno pontão, como que a dizer-me que estava enganada. Duas cadeiras vazias que sugerem momentos de contemplação e amor.
Contemplação pela natureza, mas também amor pela pessoa que se senta ao lado, e com quem se quer partilhar um lugar tão paradísico. Olhei à volta e não vi cabana, ou caravana, que me mostrasse que ali vivia alguém. As cadeiras estão vazias, e a paz do lugar, apenas tem por companhia a solidão, o que me leva a pensar no que terá acontecido a quem nelas se sentava.
Enquanto me perdia em conjeturas, anoitecera e de súbito desatei a correr assustada com medo de não conseguir encontrar o carro. Então a luz do sol bateu-me no rosto, e abrindo os olhos vi que a minha mãe tinha acabado de abrir a persiana, fazendo com que a luz me acordasse.