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21.10.22

LENDAS DE PORTUGAL - O TESOURO DE ORTIGANA



O tesouro de Ortigana

Iselda era o nome da bela moura que dominava os campos e as gentes que viviam em Ortigana, no tempo em que, na Península Ibérica os árabes estavam a ser expulsos.

Ainda se vivia em sossego naquelas bandas, nada fazendo prever o despontar da horda cristã que em breve atacaria o ameno sítio de Ortigana, quando a velha Taibuz, segurando com a mão esquelética uma sumarenta laranja, diz a Iselda:

— Vês? Vou abri-la e se for vermelha por dentro... é o presságio maldito.

Taibuz abre a laranja e logo a polpa surge sangrenta, salpicada de inúmeros pontos vermelhos. Então, a velha dá um salto e em grande aflição exclama:

— É a profecia! É o castigo de nunca teres ido a Meca, viagem que todo o crente tem de fazer uma vez na vida, como diz o Profeta.

Não importa! Agora urge verter sangue e, como nos teus campos tens prisioneiros cristãos, manda-os esquartejar e talvez haja alguma salvação.

Horrorizada, Iselda diz:

— Cala-te, velha bruxa! Que mal nos fizeram esses homens para os punir com tal horror?


Entre pragas e esconjuros, a velha Taibuz regressa à sua cabana.

Iselda, preocupada e com trágicos pensamentos, observa do seu terraço o esplendor do poente, que tinge de fogo o céu, e preocupada com a profecia de Taibuz, não dorme nessa noite, presa duma angústia sem fim e dum medo desconhecido que lhe crava no coração uma garra fria e dolorosa.

Então, ao romper da aurora, Iselda ordena que escondam as alfaias de ouro, as joias e os diamantes num grande cofre de ferro e o escondam por debaixo do enorme penedo do Outeiro da Mina.

Quando os últimos servos de Iselda se retiram do local, ouve-se o ressoar da trompa cristã, presságio de chacina e crueldade. E, duas horas depois, está consumada a matança dos indefesos mouros de Iselda, a bela moura de Ortigana.

A matança termina e o bispo dos templários reza missa, exatamente no local onde se encontra enterrado o tesouro de Iselda.

Hoje, na Ortiga, ninguém suspeitará daquilo que sucedeu tão dramaticamente no tempo da doce Iselda e da velha Taibuz, e ninguém saberá dizer onde se encontra o seu tesouro que continua enterrado algures, tal como acusa uma velha lista mourisca de tesouros escondidos, encontrada em Granada.

FONTE:

ORTIGA CONCELHO DE MAÇÃO NO TEMPO E NO ESPAÇO, Leonel Raimundo Mourato, pag. 184



Não sei se aconteceu convosco, mas ontem o blogger não me deixou comentar quase ninguém. Vamos ver se tenho melhor sorte hoje.

6 comentários:

Tintinaine disse...

Vou telefonar ao meu amigo Júlio que mora na Ortiga para dar uma volta pelas redondezas a ver se encontra a pista do cofre! Se os sinais forem positivos, ainda vou até lá e, pelo menos, levo-lhe um abraço de saudades dos velhos tempos. Isso vale mais que o ouro mourisco!

Tintinaine disse...

Hoje vim até ao meu blog do Wordpress e daqui lhe mando um recado. Na minha lista de blogs o Sexta Feira não actualiza as publicações pelo que pensei que estava doente ou coisa semelhante. Depois fui à procura e encontrei as publicações que não tinha visto. Estou a ficar farto de Blogger, cada vez funciona mais mal!!!

chica disse...

Gostei da lenda! Desejo sorte com os blogs pois há dias que fica bem atrapalhada a coisa! beijos, lindo dia! chica

Isa Sá disse...

Não conhecia. Obrigada por partilhar!
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Maria João Brito de Sousa disse...

Gostei muito desta lenda, embora outros tesouros - que não ouro e jóias - tenha procurado/encontrado durante toda a minha vida :)

Um grande abraço, Elvira!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Ora aqui continuo toda orgulhosa de conhecer mais uma lenda da terra onde nasci.
Só continuo a achar estranho de em tempos idos nunca ter ouvido contar nenhuma lenda nem ao meu avô que já tinha alguma instrução.
Beijinhos e obrigada.
Boa saúde.
(Não tenho tido problemas com o blogger).
Ailime