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20.4.22

MEDO DE AMAR - PARTE II

 



Enquanto esta decorria, Laura, recordava a cerimónia do seu próprio casamento e não pode evitar ficar com o olhar turvo pelas lágrimas. Mordeu os lábios tentando evitar que elas se soltassem e lhe descessem pelas faces. Fernando, o padrinho do noivo, que desde o primeiro momento se manteve mais atento a ela, do que à cerimónia em que estava a participar, estendeu-lhe um pequeno lenço, imaculadamente branco, que ela aceitou e disfarçadamente levou aos olhos tentando não borrar a maquilhagem.

Enquanto isso, a cerimónia decorria, os noivos faziam as suas promessas, trocavam as alianças e o padre declarava-os casados dizendo ao noivo que podia beijar a noiva, enquanto todos os convidados se levantavam para aguardar a bênção final.

Terminada a cerimónia que Fernando quase não viu, preocupado com a mulher que estava a seu lado e com o evidente sofrimento dela, que lhe apertava o coração e lhe punha um nó na garganta, o padre cumprimentou o novo casal desejando-lhes uma vida muito feliz e retirou-se enquanto familiares e amigos se aproximavam do altar para lhes dar um abraço e desejar felicidades na nova vida.

Depois das fotos, o cortejo seguiu para o restaurante  onde após o lauto almoço a festa prosseguiu animada. Depois da valsa dos noivos, Rita e Inácio, padrinhos da noiva, dirigiram-se para a pista. Apesar do seu avantajado ventre de sete meses Rita mostrava-se alegre e feliz, não só porque depois de um primeiro casamento infeliz, tinha encontrado em Inácio o seu atual marido, um homem bom, trabalhador e amoroso, mas também por aquele casamento que culminara uma longa etapa de sofrimento da sua amiga.

Enquanto isso, Fernando observava Laura a chamar a atenção do seu filho Miguel, que com os seus trinta e dois meses era um bebé cheio de energia. Queria dançar com ela, mas a jovem parecia estar atenta apenas aos filhos, talvez para evitar socializar com ele ou qualquer outro convidado masculino.

Naquele momento, a música acabou, e Rita e o marido voltaram à mesa:

-Meu Deus, devia ser proibido por lei alguém se casar quando as amigas se encontram com um barrigão assim. Doem-me os rins quase não posso com as pernas, tenho os pés inchadíssimos, - lamentou-se. E a Sofia coitada, que nem consegue levantar-se. Está quase no fim do tempo ainda tem a criança no copo de água da cunhada.

Virou-se para Laura e Fernando e perguntou:

-Vocês não vão dançar?

-Tenho que estar atenta ao Miguel – respondeu ela.

-Não seja por isso, nós olhamos por ele, não é verdade amor?

- Claro. Aproveitem, que vir para um casamento e não dançar até devia ser proibido, - respondeu Inácio

Fernando levantou-se e estendeu a mão a Laura convidando-a para a pista de dança. Ela levantou-se e seguiu-o um tanto acanhada.

Conhecia-o desde criança, já que eram vizinhos e os separava apenas três anos, mas principalmente porque ele e o seu irmão mais pareciam irmãos gémeos, do que vizinhos, pois estavam sempre juntos, ora na casa de um, ora na casa de outro. Os dois foram desde logo os seus companheiros de brincadeira, mal cresceu o suficiente para que as suas pernas conseguissem  acompanhá-los. 

Continuaram juntos pela infância e adolescência, frequentaram as mesmas escolas, apesar de eles estarem três anos adiantados, e sempre se preocuparam em protege-la de outros alunos mais velhos e das suas partidas.

Ela não se lembrava de uma festa, ou de uma ida a uma discoteca em que os dois não a acompanhassem. E isso durou até que ela entrou na Universidade, pois aí ela conheceu Joaquim logo no primeiro ano e nunca mais se despegaram até ao casamento.

 

10 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Tantas "desgraças" se seguiram a inocentes danças :))

Tintinaine disse...

A novela começa um tanto triste, mas acredito que com a continuação virão episódios mais alegres.
Bom dia!

- R y k @ r d o - disse...

Por vezes existe mesmo esse medo. Mas no amor algum cuidado precisa-se. Existem muitos amores que acabam em desamores. Acredito que seja uma Estória de amor muito interessante.
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Uma quarta-feira feliz … cumprimentos cordiais.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Janita disse...

Lendo e relendo,- para ver se consigo acompanhar e destrinçar quem é quem - cá vou seguindo a nova novela, sem medo de amar e sempre acreditando na força do Amor.

Um abraço e muita saúde, Elvira.

noname disse...

Vamos ver o que isto dá :)

Bom dia, Elvira

Maria João Brito de Sousa disse...

Tive de recuar porque o primeiro capítulo calhou num dia em que tive várias consultas e não consegui passar pelo Sexta-Feira.

Muita força para mais um belo conto, querida amiga!

Saúde, Paz e um forte abraço!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Uma história que decerto vai ter bastante enredo, a avaliar pelos casais envolvidos.
Estou a gostar.
Beijinhos e saúde.
Ailime

chica disse...

Muito bom e vamos acompanhando tua inspiração sempre maravilhosa! beijos, chica

Cidália Ferreira disse...

Durante a cerimónia/copo de água dum casamento acontecem muitas coisas. O que é normal. Revivem-se momentos muito interessantes porque é quando se juntam os familiares e amigos. Espero que a Helena e o Gonçalo sejam felizes. :)

Sussurros à lua...
Beijos e uma excelente semana

João Santana Pinto disse...

Um enredo que coloca já algumas questões no ar, com diálogos vivos, mas para entender melhor tenho de recuperar a leitura e ver o que aconteceu na primeira fase da história, por forma a estar um pouco dentro do que aconteceu anteriormente.
Abraço, saúde, espero que esteja bem, deixo os votos de bom início de semana